O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) chega a seus 98 anos de atividades ininterruptas, que serão completados em 25 de março, em meio a mais uma conjuntura de ameaças à democracia, à soberania nacional e aos direitos do povo. Fortalecida com a incorporação do Partido Pátria Livre (PPL), a legenda comunista empreende resoluta oposição ao governo Bolsonaro para defender os interesses da nação e os direitos dos trabalhadores.

O Brasil vive uma situação em que as bases institucionais do regime democrático sofrem contínuo ataque e, se depender do projeto de poder do governo do presidente Jair Bolsonaro, podem ser destruídas.

Com a experiência de quem, ao longo de quase um século, enfrentou ditaduras e governos autoritários que infestaram a história de nossa República, o PCdoB comemora seu nonagésimo oitavo aniversário com o povo, seus eleitores, eleitoras, aliados e amigos, envidando esforços para unir um amplo leque de forças políticas, sociais, econômicas e culturais.

Estamos convictos de que essa frente ampla é condição indispensável para impedir o avanço da marcha insensata que pretende, mais uma vez, sufocar a democracia e eliminar as liberdades. Em situações assim, os próprios fundamentos da nação, a soberania da pátria, são minados.

O PCdoB compreende que a democracia é o alicerce no qual se ergue e se dinamiza o processo de luta pelo desenvolvimento soberano do país. É respirando o ar puro das liberdades que o povo e a classe trabalhadora melhor realizam as jornadas por seus direitos. E o bolsonarismo não deixa margens para dúvidas de que representa o histórico oligárquico que nunca aceitou a via da democracia como caminho para o desenvolvimento nacional, com independência e garantia de direitos sociais.

O PCdoB é longevo, jovem e, sobretudo, contemporâneo. Seu Programa, assentado na formação e história de nosso país, associa reformas e revolução, socialismo e democracia, soberania e desenvolvimento, produção de riqueza e garantia de direitos e vida digna para o povo.

O caminho que aponta é o fortalecimento da nação por meio da luta por um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento; o rumo é a transição do capitalismo ao socialismo. Esse Programa é a essência do itinerário que percorre desde 1922 e esteve presente em praticamente todos os embates da história da República. Nessa conjuntura do seu 98º aniversário, ele se revela, mais uma vez, essencial ao povo e ao país.

Logomarca do aniversário do PCdoB
O PCdoB traz consigo o legado de gerações de revolucionários que, com ideias, lutas e realizações, ajudaram a construir o Brasil. À frente delas estiveram lideranças da envergadura de Astrojildo Pereira, Luiz Carlos Prestes e João Amazonas. Na galeria de honra de nossa nação, fulgura a memória de centenas de heróis e heroínas de nosso Partido que tombaram, ao defenderem as grandes causas de nosso povo, vítimas de violências e torturas.

Hoje, temos o privilégio de usufruir do talento e da experiência de Renato Rabelo, ex-presidente de nossa legenda e hoje presidente da Fundação Maurício Grabois. O Partido se projeta na atualidade com lideranças que, em meio a tanto desalento, despertam esperança e confiança, alimentam o ânimo do povo. Entre elas, o governador Flávio Dino, Manuela d’Ávila e João Vicente Goulart, a deputada federal Jandira Feghali, Líder da Minoria, do campo da oposição, e demais integrantes de nossa aguerrida e respeitada bancada de deputados e deputadas federais. E, ainda, lideranças das entidades da classe trabalhadora, dos estudantes, da juventude, das mulheres e do conjunto de movimentos sociais.

Na atualidade, o desafio é a luta contra os efeitos do agravamento da crise do capitalismo. Ao mesmo tempo, o Partido busca interpretar os saltos que se operam com o avanço vertiginoso da tecnologia que, nesse sistema, exclui boa parte da humanidade de seus benefícios.

A voracidade predatória do lucro do rentismo, do capital especulativo, concentra riquezas, aumenta a exploração dos trabalhadores e destrói o meio ambiente. O povo e a classe trabalhadora em especial arcam com o ônus da crise, amargando desemprego em massa, baixos salários, trabalho em condições precárias e a violência que ceifa a vida, sobretudo de jovens, nas comunidades e periferias.

O combate a essas mazelas sociais tem sido um grande desafio que se agiganta com a opção de parte considerável das classes dominantes de empoderar a extrema-direita e impor governos autoritários.

Essa onda de neofascismo impõe uma verdadeira regressão civilizacional: insufla o racismo, o preconceito religioso, a homofobia, as discriminações contra as mulheres, o ódio e a intolerância no âmbito da sociedade.

Para o PCdoB, o combate a essa tendência reacionária e regressiva assume a condição de prioridade máxima. Como alternativa, reiteramos: em perspectiva, a saída é a luta pelo desenvolvimento soberano do país, projeto que assume a dimensão de caminho brasileiro para o socialismo.

Nestas circunstâncias, as eleições municipais de 2020 são um ponto importante para enfrentar as ameaças bolsonaristas. Com esse objetivo, o Partido apoia a plataforma Comuns e lançou o Movimento 65. Essas iniciativas visam a acolher lideranças de todas as esferas da vida social para ser candidatos e candidatas, por cidades democráticas, sustentáveis e seguras. Reforçamos nosso convite, nosso chamado: venha se candidatar, venha se eleger pelo Movimento 65.

Apesar das iniquidades que nos cercam, o PCdoB chega aos 98 anos de existência com plena convicção de que, a exemplo de outros graves momentos da história, as forças democráticas, populares e patrióticas derrotarão esse governo inimigo da democracia, carrasco do povo e traidor de nosso país.

A esperança, regada pela capacidade de luta e resistência de nossa gente, vai brotando e se espalhando pelos corações e mentes de um povo que “antes de tudo é um forte”, que não se rende e teima em ter uma vida digna e feliz.

Recife, 2 de março de 2020.

Luciana Santos
Presidenta Nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB)