A 36ª Reunião da Comissão Política Nacional passou em revista o movimento deflagrado pelo 11º Congresso em todo o país, e dirige à militância do Partido um chamamento a fortalecer a mobilização nestas semanas que precedem a realização das conferências municipais nas maiores cidades do país, bem como na participação ativa nos debates por intermédio da Tribuna de Debates.

Constata-se que foi realizado um amplo e produtivo esforço de lançamento dos Projetos de Resolução nos meses de julho e agosto. Milhares de quadros e militantes prepararam-se para a sustentação dos debates a ser levado às bases. Essa mobilização registrou um moral elevado por parte dos comunistas, com forte coesão política, ciosos de seu posicionamento político justo para o momento de intensa ofensiva das forças conservadoras. Os fóruns de debate político do Partido têm sido, inclusive, um esteio para forças mais amplas de esquerda perante a crise política em curso, e inúmeras lideranças políticas ingressam nas fileiras partidárias.

Entretanto, o desdobramento desse movimento para as assembléias de base vem revelando insuficiências. Elas se relacionam com o quadro político vivido – e seu impacto sobre o povo – e com o trabalho propriamente de mobilização a partir das direções partidárias.

O tempo está marcado por verdadeira usina de fabricação diária de crise, visando encurralar o governo Lula, fazer o linchamento do PT e abater o ânimo do conjunto das forças de esquerda. A militância comunista não está alheia a esse estado de coisas que afeta o conjunto do movimento social. Nessas condições, de um quadro modificado com respeito ao período em que convocamos o Congresso, a mobilização partidária para o Congresso adquire um sentido político mais agudo de debate, de congregação de forças com lucidez para estabelecer uma linha de resistência, situar os campos em confronto nesta radicalizada luta política em curso. Uma mobilização mais ampla da militância pela base é parte do combate político, e tem a ver com as respostas dos comunistas perante a situação do país.

Ao lado desse debate, é imperativo também tratar o tema do Estatuto como um ponto de pauta formal nas conferências partidárias. Trata-se da lei maior do Partido, que não pode ser secundarizada, e em torno da qual precisamos forjar maior assimilação e coesão da linha política de estruturação partidária. Além disso, trata-se de um tema que também tem forte inserção na realidade, sobre a natureza e caráter dos partidos políticos de esquerda, submetidos a forte pressão para nivelá-los por baixo, visando sua desmoralização.

Mobilizar os filiados e militantes com espírito de campanha

Por isso, a mobilização mais extensa para as assembléias de base, sobretudo nos grandes municípios e nos maiores comitês estaduais, é o desafio premente, do qual não se pode descurar. É necessário instituir um maior espírito de campanha por parte das direções partidárias. Num contexto de prazos exíguos e recursos escassos, é preciso concentrar o esforço dos principais quadros do Partido no sentido de comandar uma rede coesa de quadros intermediários dirigentes, com tarefas bem definidas, para multiplicar a mobilização para o debate nas bases. A experiência partidária de campanhas eleitorais é clara nesse sentido: concentração de esforços e foco bem definido para ir em busca dos objetivos traçados.

A mobilização congressual precisa assumir, assim, centralidade absoluta nestas semanas, sobrepondo-se às atividades do dia-a-dia partidário, rompendo com rotinas instituídas. E precisa dirigir-se sobretudo aos grandes municípios do país, onde é mais forte a presença partidária e mais mobilizado o movimento social.

Quando se impuser o caso de redimensionar metas, é importante fixar as balizas para um novo termo em torno do qual tensionar o trabalho de mobilização, sem o que se pode cair no espontaneísmo ou conformismo. Todo esforço precisa ser feito no sentido de se aproximar o máximo possível das metas propostas pelo respectivo comitê estadual. O mesmo precisa ser examinado, judiciosamente, quanto à modificação de prazos para realização das conferências municipais.

Um 11º Congresso forte e vitorioso será parte da resposta da esquerda à ofensiva conservadora. É o melhor que podem fazer os comunistas nesta hora grave, que exige lucidez e determinação na luta política. Não é indiferente à situação política do país o grau de mobilização que podemos alcançar, bem como a qualificação dos debates realizados sobre os Projetos de Resolução apresentados.

Em suma, as direções partidárias precisam entrar em ritmo de campanha, pondo em movimento os principais quadros e a estrutura partidária para rapidamente intensificarmos a mobilização da militância. Os debates e a mobilização congressuais devem adquirir a centralidade absoluta na vida do Partido nas próximas semanas.

A CPN conclama o conjunto das organizações partidárias a fazer os ajustes necessários no esforço mobilizador para congregar amplas camadas da militância e filiados em torno dos debates do 11º Congresso.

A Comissão Política Nacional
29 de agosto de 2005