Já está em marcha acelerada o segundo turno da sucessão presidencial. Embora se realize sob novas circunstâncias, ele parte de um resultado sobre o qual a oposição faz tudo para ocultar. Dilma Rousseff venceu o primeiro turno, com quase 47% do total dos sufrágios válidos, mais de 14 milhões de votos à frente do 2º colocado. A aliança liderada por Dilma e pelo presidente Lula conquistou perto de 70% das 513 cadeiras da Câmara dos Deputados e a maioria no Senado Federal. A aliança também elegeu importante elenco de governadores que poderá ser ainda ampliado no segundo turno nos estados. Dilma e os candidatos de sua Coligação venceram o primeiro turno e conquistaram mandatos sob a bandeira da continuidade do legado vitorioso do presidente Lula e do compromisso de realizações ainda maiores no futuro governo. Esta mensagem política foi a grande responsável pela boa colheita que tivemos.

Segundo turno: “guerra política” acirrada

O segundo turno derivou de vários fatores, mas o principal foi a campanha sórdida de mentiras, preconceito e ódio movida pela oposição e grandes veículos da mídia contra Dilma e o presidente Lula. Esta verdadeira “guerra política” que marcou a primeira fase da disputa tende, agora, a se acirrar por um motivo muito simples. A oposição sem bandeiras, sem projeto – uma vez que neoliberalismo é sinônimo de fracasso –, e diante do cheiro de derrota no ar, parte para a conduta antidemocrática do vale-tudo. Tenta obstruir o debate dos grandes temas realizando uma campanha rasteira na qual manipula valores que são caros ao nosso povo.

Afoito com a realização do segundo turno, o campo conservador e neoliberal prosseguirá com o uso de expedientes espúrios. Em vez de um debate democrático em torno de projetos e de ideias, provavelmente repetirá a campanha vazia e dúbia de conteúdos e poluída com promessas demagógicas na sua versão oficial e a outra cheia de baixarias realizada pelo seu braço midiático e pela Internet.

Explicitar o antagonismo dos projetos em disputa

Esta realidade corresponde ao cenário já desenhado no início do ano. A sucessão presidencial se materializa sob a égide de um confronto político duro e difícil que marcará, também, este segundo turno, mas cujo resultado poderá ser, sim, uma terceira vitória do povo, com a eleição de Dilma Rousseff. A vitória está ao alcance da Nação, mas o povo precisa ser alertado e mobilizado para o duro combate que temos pela frente.

Há que se melhorar a campanha e adequá-la aos desafios do segundo turno. Será preciso explicitar com nitidez o significado dos dois projetos em disputa. Duas candidaturas, dois caminhos diferentes e opostos. Ou o Brasil segue trilhando e avançando no caminho vitorioso aberto pelo presidente Lula, com a eleição de Dilma, ou volta ao passado, à rota de fracasso do governo FHC do qual a candidatura Serra é filha e herdeira. Será preciso mais debate e confronto político de projetos para o Brasil. O nosso projeto, como resumiu Dilma, é aquele no qual o Brasil encontrou seu lugar de Nação respeitada no mundo e voltou aos trilhos do desenvolvimento e o seu povo, com a forte política de distribuição de renda e geração de empregos, ganhou mobilidade social e ascensão em qualidade de vida e cidadania. O de Serra é a volta das privatizações, do desemprego, do autoritarismo, da subserviência do país às grandes potências e outros ingredientes da herança maldita do passado neoliberal. Em uma palavra: o confronto do Brasil da prosperidade versus o Brasil do atraso.

Alargar ainda mais a aliança e mobilizar povo e seus movimentos

Ampliar ainda mais a aliança. Buscar o apoio de Marina Silva e de segmentos que a apoiaram. De outras legendas e lideranças de diversos âmbitos da sociedade. Dilma não é candidata apenas de sua legenda, é a líder de ampla aliança partidária, da maioria dos movimentos e lideranças do povo, busca ser a expressão da união da maioria da Nação.

Realizar uma campanha vibrante que faça pulsar a alegria e usufrua da imensa energia do povo, do poder de ação da militância partidária e do diversificado e rico coletivo dos movimentos sociais. Angariar, também, o apoio de expressões e lideranças do mundo da arte, da cultura, da ciência, da intelectualidade, do esporte e das religiões.

Fortalecido pelas urnas, o PCdoB se empenhará pela vitória de Dilma

O PCdoB, reforçado com o resultado positivo que obteve no primeiro turno, participará com entusiasmo e garra pela vitória definitiva de Dilma Rousseff e de seus demais aliados no segundo turno. Agradece a seus eleitores, aliados, amigos e apoiadores, homenageia sua militância, seus candidatos e candidatas que – apesar de uma disputa desigual, do uso do poder do dinheiro – ampliaram a representação parlamentar e o peso eleitoral e político da histórica legenda dos comunistas.

PCdoB obteve boa colheita eleitoral

Desde 2002, o Partido alterou a tática eleitoral, a um só tempo se propôs crescer tanto nas disputas proporcionais à Câmara dos Deputados e demais Casas Legislativas quanto nas disputas majoritárias que regem as eleições ao Senado Federal, a prefeituras e governos estaduais.

Em relação às eleições de 2006 à Câmara dos Deputados cresceu a votação absoluta em 40,83%, somando 2.791.694. Atingiu a porcentagem de 2,85% do total de sufrágios já validados, índice que em 2002 fora de 2,25%. Houve um incremento proporcional em relação a 2006 de 37,08%. Ampliou a bancada de 13 para 15 cadeiras. Destacam-se, neste êxito, seis resultados. Com 6 deputadas eleitas, constituirá proporcionalmente a maior bancada feminina entre as legendas. Manuela D’Ávila reeleita com mais de 482 mil votos, foi a mais votada no Rio Grande do Sul e a campeã de votos entre as mulheres eleitas à Câmara dos Deputados.

Também no mesmo Rio Grande, elegemos Assis Melo, grande liderança sindical operária de Caxias do Sul. Luciana Santos, ex-prefeita de Olinda e vice-presidente nacional do PCdoB, conquistou por Pernambuco seu primeiro mandato federal. Aldo Rebelo, reeleito pela sexta vez consecutiva, é uma das mais respeitadas lideranças do Congresso Nacional. E, também, sublinha-se o resultado na Bahia, maior colégio eleitoral do Nordeste, onde conquistou três cadeiras à Câmara dos Deputados e três mandatos estaduais. Nas Assembleias Legislativas, aumentou de 12 para 18 representantes, podendo este número ainda crescer devido a pendências jurídicas.

Em razão do esforço de lançar maior número de candidatos inclusive com sete chapas próprias às Assembleias Legislativas o Partido conseguiu 2.376.886 votos o que corresponde a 2,43% do total, índice que em 2006 fora de 1,57%. Teve neste ano quase 1 milhão de votos a mais que em 2006.

Quarto lugar na votação ao Senado

Quanto ao Senado, em relação a 2002, agora em 2010, o Partido quase dobrou a votação com 12. 561.716 votos, o que corresponde a 7,37% do total, índice que em 2002 fora de 4%. Com este resultado significativo, o PCdoB, entre todas as legendas, foi a quarta mais votada nos votos dados ao Senado Federal. Assim, supera o seu rendimento de 2006 quando ficou em quinto lugar. Elegeu Vanessa Grazziotin, a primeira senadora do estado do Amazonas, o mais importante da Amazônia brasileira. Passou a contar, portanto, com duas cadeiras no Senado. Na jornada ao Senado outras candidaturas do PCdoB merecem reverência, mas destaca-se o grande feito de Netinho de Paula. Mesmo enfrentando uma campanha sórdida de preconceito social e até de racismo empolgou e encantou o povo alcançando 7 milhões e 773 mil votos em São Paulo, o maior colégio eleitoral do país.

Com Flávio Dino, candidato ao governo do Maranhão, o PCdoB inaugurou com brilhantismo sua primeira disputa nesta esfera. A candidatura de Flávio por muito pouco não foi para o segundo turno. Mas, politicamente, sagrou-se vitoriosa. Representa, hoje, naquele estado o novo, o progresso que teve a vitória apenas adiada, mas que em breve vencerá.

Ao final do segundo turno, os comunistas farão um balanço substancial do desempenho de sua legenda.

Este resultado positivo que o PCdoB anuncia com satisfação faz parte de um processo cumulativo que nas eleições seguintes e nas batalhas políticas que estão por vir irão lhe permitir participar com mais influência e possibilidades de maiores vitórias.

Dilma tem tudo para vencer

O PCdoB tem a convicção de que a vitória de Dilma virá. O povo está contente. Orgulha-se do presente e tem confiança no futuro. Não quer a tristeza à sua volta e nem que o passado de fracasso da era FHC volte. O PCdoB, apoiado nesta teimosia do povo brasileiro que insiste em querer ser feliz e alicerçado em seu resultado eleitoral positivo, estará com razão e coração engajado nesta dura “guerra política” que será o segundo turno, mas que o povo mais uma vez vencerá, elegendo Dilma, a primeira mulher presidente de nossa República! Eleita com a bandeira do desenvolvimento, da distribuição de renda e o necessário equilíbrio entre aumento da produção de riquezas e a proteção do meio ambiente, e respeitando os valores culturais e éticos dos trabalhadores e todo o povo.

São Paulo, 8 de outubro de 2010

Comissão Política Nacional do Partido Comunista do Brasil-PCdoB