A América Latina vive um período de esperanças. A democracia, a soberania nacional, o desenvolvimento e a qualidade de vida do povo avançam no continente pela ação de governos democráticos e pela força da luta popular e patriótica. A integração solidária dos países da América do Sul progride e passo a passo vai se tornando realidade. A recente Cúpula do Mercosul, realizada no Paraguai, é uma demonstração da vitalidade disso. A proposta estadunidense da Alca, de natureza neocolonial, foi desmascarada e por ora está inviabilizada.

Em face dessa realidade promissora para a soberania dos países da América Latina, o imperialismo estadunidense “planta” obstáculos e semeia intrigas com objetivo de sustar e de levar ao fracasso o processo de integração. Ambiciona restaurar a situação anterior na qual pela subserviência de governos antipatrióticos, a América Latina era tida e havida como um “quintal” dos Estados Unidos da América.

No âmbito de vários países irrompeu também essa reação. Por isso, presencia-se o conflito de duas grandes correntes políticas: uma, que apóia e empenha-se pelo êxito do processo de integração por entendê-lo como um componente indispensável ao desenvolvimento e a soberania; outra, que se opõe ferreamente à integração e luta pelo restauro do vínculo subalterno aos Estados Unidos da América.

No Brasil, nas últimas semanas eclodiu uma forte investida da direita e do monopólio da mídia contra o processo de integração. O Senado Federal aprovou requerimento, de um senador do PSDB, que contestou o fato de o governo Chávez não ter renovado a concessão de um canal de TV.

A ação da direita brasileira de ingerência sobre uma decisão soberana de um outro país deriva da política do imperialismo que a todo custo tenta isolar a Venezuela. A pátria de Bolívar é alvo do ódio e sanha do imperialismo e de setores servis das classes dominantes pelo caráter avançado do governo Chávez, pelo conteúdo anti-imperialista, democrático, patriótico e popular de sua gestão, pela sua determinação de construir o socialismo.

O Partido Comunista do Brasil adota o seguinte posicionamento:

1) Reafirma sua convicção de que a integração solidária da América do Sul é uma parte destacada e indispensável do projeto nacional de desenvolvimento e imprescindível ao progresso e à soberania dos países latino-americanos;

2) Manifesta-se contra qualquer política que afaste o Brasil da Venezuela, ou que tente isolar esse país amigo, pois tal política é nociva aos interesses nacionais à medida em que prejudica o processo de integração;

3) Para o bem da integração sul-americana, o princípio da soberania e da autodeterminação dos povos deve ser respeitado e cultivado. Não cabe a nenhum país julgar ou ingerir em assuntos internos de um estado soberano.

4) Defesa resoluta da aprovação pelo congresso Brasileiro da entrada da Venezuela no Mercosul, o que resultará no fortalecimento do Bloco e contribuirá para a sua consolidação.

5) Apoio decidido ao governo Lula no esforço para construir a integração e pelo seu empenho em preservar e cultivar relações solidárias e de amizade entre o Brasil e a Venezuela. Nesse sentido sublinhamos a necessidade de um imediato dialogo entre os dois chefes de Estado, Luiz Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez, na busca de um entendimento político elevado que supere os obstáculos existentes.

Finalmente, o PCdoB conclama as forças democráticas, patrióticas e populares à união de esforços e ações para respaldar o processo de integração e derrotar as maquinações antipatrióticas da direita.

São Paulo, 8 de julho de 2007

Comitê Central do Partido Comunista do Brasil