Balanço de direção e perfil do novo Comitê Central

PCdoB, imprescindível para o Brasil

Balanço 2017 a 2021

Os desafios que esta direção enfrentou.

A marca deste período é o imponderável, pois aconteceu com o Brasil o inimaginável.

Nosso Brasil é governado pelo ainda não destituído Bolsonaro.

Bolsonaro, além de bater continência para a bandeira dos Estados Unidos, tomou medidas que atingiram a nação e agrediram o povo brasileiro.

O rastro de destruição e dor está presente em muitas das ações deste governo dirigido por um miliciano: crianças órfãs de mães e pais atingidos pela Covid-19, além do número que ultrapassou há meses 130 mil, agora estão em desalento nas cidades e no sertão de todo o nosso Brasil. Uma tragédia atingiu o país e seu povo e atingiu nosso Partido.

Vários quadros do nosso Partido perderam a vida. Do Comitê Central aos comitês estaduais e municipais, perdemos Haroldo Lima que dá nome ao nosso Congresso.

Perdemos Júlio Salas, do Amazonas; Lúcia Rocha, na Paraíba; Michel, em Belém; Tizil, em São Paulo e tantos outros, como Wanderley, do Amapá, e Zezinho no Recife. Homens e mulheres, camaradas nossos, que nos fazem falta e pelos quais continuaremos a luta pelo socialismo.

O Brasil, sob o governo da extrema–direita, regrediu em todos os sentidos nos últimos três anos. A democracia e as instituições nunca foram tão ameaçadas. O desemprego e a inflação atingiram números recordes. A renda do brasileiro caiu ao menor patamar de dez anos. A desigualdade, a pobreza e a fome voltaram a bater à porta dos brasileiros, e o feijão e o arroz começaram a deixar de fazer parte do prato do povo.

O bolsonarismo é uma força retrógrada e autoritária que fincou bases reais na sociedade brasileira. Possui um poder real de mobilização, sistema de comunicação estruturado em redes sociais e segmentado em grupos específicos, como evangélicos, caminhoneiros, policiais e parte dos ruralistas.

Os tempos que vivemos são de defensiva estratégica e tática, principalmente para os comunistas.

Sobre o balanço da direção e o debate em torno da formação da nova direção

O debate sobre o trabalho de direção e a formação do novo núcleo é uma das tarefas mais importantes na vida do Partido. O debate do Congresso é, em si, o de balanço e perspectivas. No balanço, temos de afirmar em torno das questões fundamentais, delas extraindo lições e projetando perspectivas. Este é um aspecto da excepcionalidade deste congresso ordinário. Devido às circunstâncias da luta em torno da Federação, parte do debate se atrasou; o que nos leva a propor que o Congresso realize um balanço, faça um debate e aprove o Novo Conceito de Direção e eleja o novo Comitê Central. A formatação em si da nova direção e suas funções fica como matéria do próximo Comitê Central.

Quando fazemos o balanço de quatro anos, precisamos identificar de forma multilateral essa trajetória em que tivemos derrotas, dificuldades, insuficiências e vitórias, sobretudo luta e dedicação.

Derrotas

Sem temor, é preciso reconhecer o tamanho da derrota de 2018 quando foi eleito um governo de extrema-direita, com o qual assistimos a emergência e estruturação de uma corrente ideológica, o bolsonarismo. Outra derrota expressiva foi não termos superado a Cláusula de Barreira.

Dificuldades diante da legislação eleitoral em 2020

A nova legislação eleitoral nos impôs severas dificuldades para montar chapas próprias competitivas. Essas mesmas dificuldades nos impuseram uma Diáspora, com a saída de inúmeras lideranças parlamentares em 2020. E em 2021 o governador que elegemos com grande apoio da direção de nosso Comitê Central, Flávio Dino – diante das incertezas e sem esperar o resultado da luta pela Federação como havia combinado –, optou por um caminho individual.

Insuficiências

Já vínhamos com dificuldades de expressar nossa imagem política com a pequena difusão e pouco debate do nosso Programa Socialista. O Programa é o vértice de nossa luta ideológica, a referência a partir da qual construímos nossas formulações não apenas para interpretar a realidade, mas também para elaborar propostas para a sua transformação.

É preciso identificar os erros e as insuficiências para superá-las, com a clareza de que, em um país governado pela extrema-direita, não temos terreno propício para expansão. É na democracia que nossas ideias fluem com mais facilidade. E reconhecer que demoramos para elaborar políticas de estruturação consoantes a um ciclo de reversão, de resistência.

Nas últimas quatro eleições, tivemos de forma sequencial a perda de votos no Sul, no Sudeste e em grandes centros urbanos. ​​Essa curva descendente de votos reflete certo distanciamento das lutas do povo, insuficiente comunicação, rarefeita capacidade de mobilização e baixa capacidade de arrecadação. Nos últimos anos, diminuiu a proporção de jovens e de mulheres filiados, e nas eleições permaneceu o lançamento de poucas lideranças. Estamos dando relativamente pouco protagonismo aos quadros dirigentes.

Vida orgânica deficitária e às vezes inexistente.

Realizações, superação de obstáculos

O coletivo partidário produziu muitas realizações, nos estados e no âmbito nacional, das quais três se destacam nacionalmente:

– Integração PCdoB / PPL

– Frente Ampla

– Federação

Avanços na afirmação do nosso lugar político e da respeitabilidade do PCdoB no âmbito das forças políticas brasileiras. A nossa coerência e a nossa capacidade de luta, evidenciadas nos mais recentes momentos da vida política brasileira, conquistaram para o Partido o respeito das demais forças e do povo.

Merece registro também um conjunto de realizações importantes e estratégicas:

– Destacada importância tem a 3ª Conferência Nacional do PCdoB sobre a Emancipação das Mulheres, realizada vitoriosamente em março último.

– O Encontro Nacional Partido e Juventude, já realizado, elaborou as linhas orientadoras nessa perspectiva.

– Encontro nacional sobre Educação e o Encontro de Saúde contribuíram para coesionar nossa militância nestas frentes estratégicas.

Mobilização da militância

A militância do PCdoB, inserida nas organizações e articulações de lutas sociais – Frente Brasil Popular, Fora, Bolsonaro!, Fórum das centrais sindicais e outras –, está na linha de frente das mobilizações de rua e atua para ampliá-las. Destacam-se as mobilizações da juventude estudantil, lideradas pela União Nacional dos Estudantes (UNE), a União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES) e a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), com o apoio da União da Juventude Socialista (UJS) e da Juventude Pátria Livre (JPL).

Ressalta-se a unificação empreendida entre a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e a Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), que fortalecerá o protagonismo do sindicalismo unitário e de luta.

Também cumprem papel elevado a Confederação Nacional das Associações de Moradores (Conam), na batalha pelo despejo zero, e a luta por moradia; e a luta antirracista, da qual a União de Negras e Negros pela Igualdade (Unegro) participa com destaque. Sublinha-se igualmente: a luta contra a lgtfobia, a violência e as discriminações da população LGBTQIA+, na qual está inserida a União Nacional LGBT; a atuação de lideranças comunistas em entidades e movimentos que lutam em defesa dos direitos dos povos indígenas pela demarcação imediata de suas terras; e a participação crescente da militância em movimentos ecológicos na luta pela proteção do meio ambiente sob a bandeira do desenvolvimento sustentável. E ganha protagonismo a participação dos comunistas nos movimentos em defesa da vida, do SUS e de enfrentamento à pandemia, entre eles a Frente pela Vida.

A constituição de um sistema de acompanhamento dos Comitês Estaduais por meio de responsáveis em nome da CPN, do ponto de vista interno, descentralizou e fortaleceu o papel dirigente de quadros partidários no alargamento do Sistema de Direção.

Processo de incorporação PPL/PCdoB

O processo de integração do PPL ao PCdoB tem sua origem após o resultado das eleições de 2018, quando da eleição de Bolsonaro, buscando o fortalecimento de duas forças revolucionárias, em uma única agremiação mais robusta política e ideologicamente, para enfrentar o período sombrio que se avizinhava. Este processo de integração se deu no mais elevado nível político, percorrendo o conjunto de organismos partidários, frentes de massas e movimentos sociais.

O 15º Congresso coroou esse processo de integração, deixando o Partido ainda mais fortalecido para enfrentar os desafios de 2022, isolar e derrotar Bolsonaro e tirar o Brasil da crise.

Novas Tarefas na agenda:

Combate ao Racismo

O Partido realizará a 1ª Conferência Nacional de Combate ao Racismo, para a formulação política e teórica, definição de linhas do trabalho popular e partidário e envolvimento de grande contingente de militantes na luta contra a discriminação racial. Sua preparação prevê a realização de um Seminário Nacional, cujos trabalhos já foram abertos com a exitosa Plenária Nacional antirracista.

Centenário

O Centenário – sua agenda de comemorações, atividades, publicações – constitui-se em um trunfo relevante para emular o coletivo militante e sensibilizar os setores progressistas da sociedade quanto ao legado do PCdoB à Nação e à classe trabalhadora e à sua indispensabilidade à democracia e ao país.

 

2022 já “começou” com mudanças na legislação eleitoral:

A Federação Partidária é uma ferramenta política de dimensão tática e estratégica.

Como reelegeremos a nossa bancada, e como podemos ampliá-la? Esta é uma dimensão muito objetiva e estratégica. A Federação abre um novo caminho na democracia no país, permitindo institucionalizar a tradição frentista na esfera da luta eleitoral.

Os obstáculos eleitorais que tínhamos permanecem. Precisamos formar boas chapas, ampliar a interação e o revigoramento do Partido e sua relação com o povo. A Federação é um instrumento que auxilia na disputa eleitoral, mas os nossos desafios precisam ser superados, na eleição que será sem dúvidas a mais tensa e conturbada desde a redemocratização. Precisamos trabalhar para garantir o êxito eleitoral do PCdoB.

Revitalizar, relançar o Partido

Relançar um partido respeitado e que tem imensas contribuições ao país, pois, como afirma o lema do nosso Congresso, o PCdoB é imprescindível à democracia.

Intenso processo de revigoramento da vida partidária

A Federação é um momento de virada que, se soubermos aproveitar este instrumento, podemos abrir uma nova fase política de acumulação política para o Partido, em um vigoroso processo de revitalização e relançamento do PCdoB nas disputas eleitorais. Com perspectiva é possível esse revigoramento do Partido e, sem ela, é mais uma profissão de fé. Mas com um instrumento que gera perspectiva esse revigoramento ganha substância.

O dilema só apresenta perspectiva de solução com a reversão da atual situação de defensiva tática – que remete à perspectiva de construção de forças para a vitória nas eleições presidenciais de 2022 e de mudanças que poderão ser promovidas – e com a reversão da curva declinante de votos, a médio prazo mais exigente nas grandes cidades e nos estados do Sul e do Sudeste.

O dilema do PCdoB tem três partes: votos, votos e votos. Votos como expressão de nossa orientação tática, mas também de todo o fazer partidário, em todas as dimensões, elevando seu senso de representação de trabalhadores e do povo, constituindo bastiões eleitorais mais perenes e fidelizados. Isso implica, do mesmo modo, todo o fazer partidário, em particular seu lugar político (intimamente ligado à tática eleitoral), sua identidade junto ao povo (que demanda esforços novos de comunicação, inventividade e ousadia), e sobretudo um trabalho de massas persistente de base.

A maior conexão com os trabalhadores e o povo, em meio a profundas mudanças sociológicas no país, é a mãe de todas as batalhas. Sem fazer a “política justa” ser incorporada pelas massas, com toda a dimensão da luta política, social e de ideias, não se vence. Voto é expressão do nível de consciência da massa e fruto do trabalho militante. Por outro ângulo, é o mesmo que dizer ser preciso dar bases orgânicas ao nosso trabalho político.

De forma mais estratégica e prática, a formulação de que o PCdoB não está conseguindo integrar, ou completar, o ciclo entre uma justa e talentosa condução tática e sua capacidade de comunicação de suas ideias e imagem à sociedade, e o trabalho de base junto ao povo e a dimensão orgânica que isso implica na vida partidária. Estas questões estão assentadas na base das ideias programáticas do NPND, conteúdo expresso em todas, e cada uma, as suas ações e na disputa tática que precisa ser feita para torná-las predominantes.

Questões propositivas: refletir na luta social e política o que o Programa propõe; forjar nossas características próprias na luta social – bandeiras, estratégias, objetivos do movimento – sem copiar estratégias de outras forças; instituir nas nossas organizações sociais uma linha efetivamente de massas, de presença nas bases; elevar a compreensão dos objetivos da luta social e capacidade de fazer as disputas táticas; força maior às bases, repor o sentido de as bases “traduzirem” a orientação em plano concreto de intervenção em sua realidade, dinamizando seu trabalho em redes (entre seus integrantes e no meio em que atuam); envolver os principais dirigentes e quadros no estudo e formulação de caminhos para o trabalho de massas; instituir projetos pilotos em Distritais com o  esforço de inteligência de quadros, reinvenção e criatividade; e repassar em exame crítico a atuação nos movimentos tradicionais: sindical, estudantil, de mulheres e negros, por exemplo.

O problema mais concreto apontado é dar esses passos nos contextos singulares em que se desenvolverá a superação dos desafios. Haverá o resultado da dimensão em que ocorrerão debates sobre esse tema no Congresso, haverá o fato da nova legislação e suas implicações eleitorais e o da construção de um campo de forças em torno de uma plataforma de emergência e candidatura presidencial para 2022.

Entretanto, sobreleva-se o fato primeiro: a direção nacional. Temos de partir da concepção segundo a qual a soma das partes não constitui um todo, mas o todo está em todas as partes. Na concepção comprovada do PCdoB, o todo é a direção. Sem uma direção à altura desses desafios históricos que vivemos, capaz de formulação, de ligar a reflexão tática à estratégia, de situar o lugar e papel do Partido, de nuclear e coordenar as instâncias institucionais de direção nacional e de operacionalizar todo esse processo, não se resolverá a superação do dilema, a médio prazo, nem se conseguirá reposicionar as linhas que estão sendo debatidas.

Direção com sagacidade é importante, mas não é suficiente, com estratégia clara, a política justa, tão necessária, mas também não suficiente para crescer. O fator decisivo, forte ligação de massas, relaciona-se ao problema da pirâmide invertida: ausência de quadros na orientação concreta das Bases. A tudo o que se quiser fazer é preciso dedicar energia, recurso, quadros dirigentes, militância mobilizada.

Revigorar

​​Com a vitória democrática das federações partidárias, o PCdoB descortina outro terreno para sua afirmação eleitoral, como parte da grande jornada para derrotar Bolsonaro e mudar os destinos do país. Nesse esforço, nada pode substituir esses reposicionamentos necessários para que o PCdoB reinicie uma jornada de acumulação eleitoral vigorosa em afirmação de sua legenda. Desde já o esforço partidário se volta para a construção de seu projeto eleitoral e de suas candidaturas.

É imperativo superar limitações e insuficiências que se apresentaram nos últimos anos e levaram ao enfraquecimento do seu senso de representação social e de sua influência na luta social, entre a intelectualidade e setores médios, com reflexos importantes na sua força organizativa e em seu desempenho eleitoral. Fazer do PCdoB a força consciente, combativa, coesa e militante – para enfrentar o autoritarismo de índole fascista e constituir uma ampla frente popular, democrática e patriótica para a transformação do Brasil – demanda um revigoramento geral da vida partidária. São necessárias a atualização e a renovação das linhas de ação e construção política, ideológica, orgânica e material do Partido, adequadas às exigências atuais da luta de classes que o país atravessa.

Nas condições de defensiva estratégica em que vivemos, e acumulando forças para reverter a defensiva tática, o fator maior da edificação do Partido é a construção política. Construir a nítida compreensão de sua orientação tática, capacidade de disputá-la em todos os terrenos de ação, para assegurar a unidade, confiança e perspectivas dos quadros partidários. Isso se ampara na construção ideológica, tendo o Programa do PCdoB à frente, mais o permanente esforço de unidade das fileiras militantes, disciplina e espírito coletivo de partido, para um período de resistência.

Direção

Envolver os principais dirigentes e quadros no estudo e formulação de caminhos para o trabalho de massas; instituir projetos pilotos em Distritais e Bases estratégicos com o esforço de inteligência de quadros, reinvenção e criatividade.

Formar direção capaz e identificada com os desafios

O Partido precisa se ligar mais profundamente à classe operária, aos trabalhadores e trabalhadoras da cidade e do campo. É preciso dominar as mudanças ocorridas no mundo do trabalho e os novos perfis da classe trabalhadora. Assim, deve-se dar atenção especial às novas categorias de trabalhadores jovens, explorados e sem direitos; às mulheres que atuam e lideram em todas as frentes de luta; aos negros e negras que enfrentam a opressão do racismo e a violência em todas as suas formas; à juventude rebelde que vai às ruas em defesa da educação e da democracia, de oportunidades, contra a opressão do racismo estrutural, de gênero e de orientação sexual.

A dimensão global a que chegou a comunicação digital exige do Partido um domínio desse fenômeno não só prático, mas também teórico e científico. O tema requer estudos sistemáticos e interação com especialistas de universidades e de outros centros, de diferentes áreas do conhecimento, de modo a compreender como se dá a formação de consciência e de valores, a disseminação da verdade e a destruição dela, as guerras culturais e a luta de ideias, no contexto contemporâneo da luta de classes.

É imperativo empreender um salto qualitativo na capacidade de se comunicar com a sociedade, incrementar a cultura e a prática digital entre os militantes, organizações, mandatos e movimentos.

​A comunicação deve romper com atrasos e deficiências para ter largo alcance e, para além dos nossos grupos de relacionamento, ser ágil, acessível, leve e contundente, sob o primado da verdade, com a produção de conteúdos próprios, com estética e linguagem próprias às redes digitais. Deve ser capaz de sintetizar propostas concretas e sensíveis que respondam aos anseios e problemas mais sentidos pelo povo. Disputar a tática e posições do Partido, sem sectarismos, repelindo ataques.

Desafios

Um núcleo que complete o ciclo entre justa orientação política (que não se basta sozinha), uma conexão com o povo, uma grande comunicação e uma rede orgânica de sustentação assentada nas nossas ideias programáticas e táticas. Contudo existem insuficiências e aperfeiçoamentos aos quais precisamos responder. Temos desafios que persistem, aos quais devemos nos dedicar no próximo período. Temos de aprofundar o enraizamento do Partido junto ao nosso povo, fortalecer uma política de territorialidade, relançar uma política para a nossa linha de massas, como também colocar nossa comunicação em outro patamar e fazer com que a nossa influência política se materialize em votos, principalmente nos grandes centros urbanos do país.

Como traduzir isto em linguagem clara e mobilizadora?

01 – Mais Votos: Todas as frentes de atuação da militância partidária devem convergir para fortalecer o vínculo com a luta do povo e constituir uma base eleitoral fidelizada à legenda dos comunistas. Para isso, o Partido deve estar junto ao povo, ter base militante extensa, viver e pulsar a dinâmica dos/as trabalhadores/as, da juventude, das mulheres, dos negros e negras, dos indígenas, daqueles e daquelas que lutam contra a injustiça e a desigualdade, por oportunidades e um futuro melhor. Para os comunistas, a força eleitoral advém da capacidade efetiva de ampliar sua presença e influência nos movimentos sociais tradicionais e novos, além de exigir uma ação própria e permanente junto ao povo.

02 – Capacidade de comunicar

03 – Capacidade de mobilização

04 – Capacidade de arrecadar

05 – Capacidade de prover vida militante

O centro do trabalho de direção deve estar nas organizações de bases partidárias, capilarizadas nos territórios populares e setores estratégicos da luta, no sentido de transformá-las em polos de crescimento, de novos militantes e filiados, de espaços de organização das lutas e formação de lideranças. Para isso é fundamental que tenham apoio, presença e estímulo constante de quadros mais experientes dos órgãos de direção; utilizem meios digitais como fatores organizacionais em tempo real; impulsionem e aglutinem as iniciativas das diversas frentes; e se comprometam com a sustentação material do trabalho partidário.

Militância partidária na contemporaneidade

Com a emergência da instantaneidade promovida pelo mundo virtual, as relações digitais estão cada vez mais presentes no cotidiano das pessoas. A produção, o comércio, as relações de trabalho, a ciência, enfim a vida, são intensamente impactados pela velocidade, pela instantaneidade das informações/dados. E assim também é a atuação política nos movimentos sociais, na luta de ideias e na estruturação partidária. Impacta cada vez mais na relação militante/Partido que passa por várias alterações, desde a vida orgânica cada vez mais alicerçada nas redes; e o acesso à comunicação partidária e à formação se entrelaçam na instantaneidade e se tornam cada vez mais interdependentes. A qualidade dessas relações repercute também na atitude de contribuição material para o Partido.

Cada vez mais, o funcionamento partidário requer ação sincrônica de suas frentes políticas (institucional, de luta de ideias e de luta de massas), assim como de sua capacidade de realizar a ação estruturadora simultaneamente na dimensão orgânica, formativa, de comunicação e de financiamento.

Estruturar o Partido mostrou-se como condição para não nos tornarmos reféns de conjunturas políticas incertas. O Partido não tem geração espontânea: ou tem iniciativa ou não se constrói.

Diretrizes e critérios para o novo Comitê Central

O novo Comitê Central tem como desafio, em tempos difíceis, a condução política do Partido visando a colocá-lo como força impulsionadora e construtora da Frente Ampla, lutando para derrotar o governo fascistizante, superar a atual crise em que se encontra o país e abrir perspectivas para a retomada de um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, alavancado por reformas democráticas e estruturantes, tendo como rumo o Programa Socialista.

 

No contexto da viragem política radical ocorrida no país, com seus impactos sobre o Partido, e apresentando desafios táticos inauditos, a questão essencial é a de um Comitê Central capaz de consolidar as orientações e a identidade partidárias no rumo revolucionário de seu Programa Socialista, garantir a coesão partidária em torno delas e de sua política de estruturação partidária. Ao lado disso, é preciso que o Comitê Central renove parte de seus membros, dando lugar a lideranças novas que emergiram e/ou assumiram protagonismo e novas responsabilidades desde o 14º Congresso do PCdoB.

Com base nos critérios de domínio da política do Partido, de compromisso ideológico e de atitude construtora do Partido e de sua unidade, relacionamos um conjunto de quadros qualificados, em especial trabalhadores(as), jovens e mulheres, com atuação destacada na luta de massas, na luta de ideias, na frente institucional, nas atividades de estruturação partidária.

Em relação às mulheres, busca-se superar o mínimo de 35% de participação no Comitê Central, tendo a perspectiva de alcançar a paridade entre os gêneros, como está no Estatuto.

Desde o 6º Congresso em 1983, o Comitê Central tem aumentado o número de integrantes a cada Congresso. No 12º Congresso (em 2009), de 81 passou a 105 membros; e no 13º Congresso (em 2013), de 105 a 125 membros. Até agora esse aumento tem se mostrado correto, pois tem fortalecido e qualificado o CC, e reforçado a democracia partidária. Com raras exceções, o desempenho dos membros do CC é bastante satisfatório.

No entanto, esse aumento obviamente não pode ser feito indefinidamente, a cada Congresso, e é preciso manter uma média etária constante, para que não ocorra um processo de aumento progressivo da média de idade de seus membros. O CC atual tem 52% de seus integrantes com mais de 60 anos.

Para manter renovação e média de idade constantes, é preciso discutir critérios objetivos para praticar a política de quadros em termos de combinar a permanência com a alternância e a renovação. A renovação nos Comitês partidários não significa que os quadros substituídos estão superados. Pelo contrário, é preciso reconhecer e valorizar a experiência e a capacidade dos quadros veteranos, indispensáveis ao Partido. Trata-se de alternância de tarefas, e não de superação. A renovação é uma exigência normal do desenvolvimento partidário, e se dá por vários critérios, pelas novas necessidades do Partido a cada momento e pelo papel dos quadros em cada contexto determinado.

Os quadros são a coluna vertebral do partido e o nosso Partido tem muitos e bons quadros. Resta necessário atribuir-lhes novas tarefas.

Faz-se necessário definir critérios objetivos relativos à substituição de quadros do Comitê Central, de faixa etária de maior idade, e definir medidas como o limite de mandatos dos membros do CC. E também um debate relativo à política de envolvimento e de alocação de quadros em tarefas nacionais, mas não necessariamente como membros do CC: em Comissões Nacionais auxiliares da direção nacional do Partido, em tarefas na Fundação Maurício Grabois e na Escola Nacional João Amazonas.

Outra medida necessária é a periódica e regular realização de reuniões ampliadas do Comitê Central. As experiências dessas reuniões têm sido exitosas. Contudo existem insuficiências e aperfeiçoamentos aos quais precisamos responder. Do ponto de vista do trabalho propriamente dito da direção, ele sofreu com o forte impacto dispersivo devido às contingências materiais, ao deslocamento do núcleo dirigente a Brasília, e principalmente aos desdobramentos da pandemia. Por mais que o ambiente on-line encurte distâncias e permita mais contatos, há camadas da interação que se perdem.

Junto a isto, há uma percepção de que o modelo de direção que possuímos hoje não responde às nossas necessidades. Nosso Comitê Central é muito grande, suas reuniões são longas, com pouco foco. O mesmo se remete à nossa CPN, instância de formulação política que, pelo seu tamanho, limita sua operacionalidade. A nossa Comissão Executiva acabou tendo um perfil, mas interno e operacional.

Realizamos um esforço importante de redução e renovação do nosso Comitê Central. No processo de autoavaliação, a ampla maioria defendeu a necessidade de reduzirmos o seu número, bem como buscar manter de forma equilibrada o binômio renovação/permanência.

O papel do novo Comitê Central

A mais alta instância de condução da vida e da atividade partidárias, o Comitê Central, deve contar, em sua composição, com assegurados critérios essenciais de representatividade, acúmulo e compromisso dos quadros, visando a constituir um sistema integrado de direção que possibilite levar suas deliberações rapidamente a todo o país.

Entre as medidas a serem tomadas, estão as de melhorar sua periodicidade, aperfeiçoar métodos de trabalho e intensificar o uso das ferramentas tecnológicas.

Deve-se ter em vista, na composição do CC, seguir avançando na permanência e renovação de membros que lhe possibilitem ser referência segura, a todo o Partido, em termos de representatividade, capacidade e unidade. No atual contexto adverso, o CC deve ter ainda mais consistência político-ideológica por parte de seus membros.

Além disso, é preciso ter critérios objetivos para a renovação e para a alternância, e ao mesmo tempo garantindo a permanência. As prioridades na renovação seguem sendo para trabalhadores, jovens e mulheres. Tanto quanto possível, é necessário no Comitê Central um maior número de quadros mais diretamente atuantes na luta de ideias.

 

Secretaria Nacional de Organização