A Comissão Política do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil vem externar suas preocupações com o agravamento dos efeitos da crise econômica e financeira sobre o Brasil.

Os dados divulgados nos últimos dias – principalmente a forte queda na atividade industrial de dezembro – indicam que o crescimento do país pode estar caminhando em direção a uma séria desaceleração.

A balança comercial apresenta déficit que, junto às remessas de lucros e dividendos ao exterior que se avolumam, fazem com que as transações correntes se tornem significativamente negativas. Assim, volta a agravar-se o problema da vulnerabilidade externa do país.

O conjunto destas dificuldades repercute sobre os ombros dos que trabalham. Foram centenas de milhares de demissões de outubro a dezembro do ano passado. Também são feitos acordos perniciosos para reduzir os salários dos trabalhadores.

O governo do presidente Lula tem tomado várias medidas positivas no sentido de enfrentar a crise, tais como o anúncio da construção de casas, o reforçamento do Plano de Aceleração do Crescimento, o PAC, o fortalecimento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a utilização das reservas internacionais para financiar as exportações.

Porém, estas iniciativas são neutralizadas pela política monetária praticada pelo Banco Central do Brasil, que de forma absolutamente injustificada tem mantido a taxa real de juros brasileira como a mais alta do mundo.

Quanto a isto faz sentido a proposta surgida para que a taxa Selic baixe para um dígito ainda no primeiro semestre deste ano. É necessária também uma ação mais decidida para baixar os spreads bancários. Essas medidas, ao lado da intensificação do investimento público e do fortalecimento do sistema financeiro público e a defesa do emprego e da renda do trabalhador, poderão unir amplos setores sociais e políticos, fazendo então surgir um grande movimento nacional para livrar o país da recessão e do desemprego.

A Comissão Política Nacional do PCdoB
São Paulo, 6 de fevereiro de 2009