7º Encontro Nacional sobre Questões de Partido
I.
B) A direção nacional quer falar cada vez mais aos quadros intermediários e de base que são o elo decisivo para garantir a ação política e vida associativa regular dos militantes comunistas. Para falar a todos os trabalhadores e toda a sociedade, esses quadros são indispensáveis, ligando o partido aos anseios e lutas do povo brasileiro, falando a linguagem que vá ao encontro de seus corações e mentes por meio de uma forma que possa massificar e se fazer compreender. O povo sinaliza anseios e lutas nos municípios, onde vive, trabalha, estuda e sente os efeitos das políticas públicas. Os quadros são o elo indispensável que capta os sentimentos populares e que liga as orientações das direções à base do partido.
C) O Brasil precisa de um forte e potente partido comunista. A situação do país é favorável á luta dos brasileiros e a situação do PCdoB é propícia para alcançar 500 mil membros até o 13º Congresso, aumentar sua força eleitoral e de massas e lutar em melhores condições pelo caminho proposto por seu Programa Socialista. Essa a missão que se impõe a todos nós reunidos neste Encontro, com a condição de intensificar os esforços para dotar o partido de um mais sólido trabalho de direção em todas as esferas, nomeadamente a da esfera da organização em nível municipal, voltada para a extensão maior da vida partidária militante mais estruturada e melhor definida desde a base.
D) O 11º e o 12º Congressos promoveram fecunda reformulação programática e estratégica da luta dos comunistas e renovaram o arsenal da construção partidária com redefinições estatutárias e avançada política de quadros contemporânea do tempo e da luta política na atualidade. Ao lado disso, desde o 10º Congresso e a 9ª Conferência Nacional produziu orientações táticas cuja justeza têm sido testadas na luta, para um período de acumulação estratégica revolucionária de forças dos comunistas no país. As deliberações do Comitê Central após o êxito na luta política das eleições de 2010 apontam, agora, para atualizações na orientação política e, em especial, ajustes, desenvolvimentos e retificações na linha política da estruturação partidária.
E) O 7º Encontro está chamado a debater amplamente esses ajustes e desenvolvimentos, firmar compromissos de todos os participantes nos esforços para romper limites em sua aplicação. Para isso, na atual fase de expansão do PCdoB é crescente a responsabilidade dos Comitês Municipais, em particular nas grandes cidades, e isso demanda que o trabalho da direção nacional e direções estaduais se volte para dar total apoio a esses esforços.
II. O 7º Encontro tomou como base desta carta-compromisso as seguintes premissas:
2. A estruturação partidária é concebida como um bloco orgânico único do qual emana a orientação política no posto de comando; os ideais, convicções e motivações como amálgama; e a organização como compromisso de ação militante, unida e disciplinada em torno do projeto político coletivamente definido. Avançar na estruturação exige medidas integradas em todas essas frentes da construção partidária, na autonomia relativa de cada uma das dimensões do trabalho de direção. Essa concepção precisa se espraiar a todos os escalões da vida do PCdoB, gerando comprometimento de todos seus quadros.
3. A orientação programática e tática, a linha política de estruturação partidária e os esforços de direção em todos os níveis são um patrimônio a ser estudado, assimilado e desenvolvido na práxis cotidiana. Desenvolvem-se segundo um sistema de crescente complexidade na comunicação, formação, propaganda, finanças, ação institucional, ação de massas, em frentes temáticas como Política Urbana, Questão Agrária, Meio Ambiente, Amazônia, Questão Indígena, Código Florestal, Energia, Ciência e tecnologia, Saúde, Cultura, Educação etc., e dão esteio à ação e formação militante em todas as áreas. Em cada qual há uma orientação política e organizativa desenvolvida e, juntas, representam poderosa alavanca para nova escala para o fortalecimento do PCdoB nos municípios, permitindo responder perante o povo com precisão pelo quê luta o PCdoB, quais as bandeiras imediatas, qual a perspectiva da luta.
4. Ao mesmo tempo, em desenvolvimento contraditório, manifestam-se fenômenos negativos próprios da natureza da luta política de classes na atualidade no Brasil, que pressionam pelo rebaixamento do papel estratégico do partido comunista. Com diversas conotações de natureza objetiva e subjetiva, expressam-se na perda de objetivos de fundo da luta pela acumulação de forças de sentido estratégico, no esmaecimento da identidade comunista ou relaxamento dos vínculos com o povo e suas lutas, na prevalência ocasional de objetivos pessoais que se põem acima e por fora da vida partidária, fraturas e divisões no projeto coletivo ou dificuldades de coesioná-lo em torno de uma orientação válida para todos. Na vigência de um sistema eleitoral que enfraquece os partidos políticos no país; e considerando ainda as dificuldades da institucionalização da própria luta dos movimentos sociais, tais fenômenos solicitam atenção do PCdoB para manter sempre em foco os objetivos políticos mais de fundo da luta dos comunistas.
5. Ao lado disso, a expansão das fileiras partidárias, fruto da justa e necessária abertura das portas do partido às lideranças do povo e da sociedade, precisa ser acompanhada de medidas para incorporar, organizar e formar politicamente os novos filiados, para não gerar hiato organizativo na vida militante, no espírito e comprometimento militantes. Especialmente necessário, nas atuais condições, é a retomada da perene luta por estender vida militante mais definida, estruturada e duradoura, desde as bases, como fator da força organizada do PCdoB e diferencial partidário dos comunistas entre todos os partidos políticos do país, retificando práticas subestimadoras nesse rumo.
III.
2. Reforçar os centros de direção. Nova onda de esforços nos comitês estaduais e um decisivo avanço em consolidar direções nos maiores comitês municipais no país. Maior rigor na eleição dos dirigentes partidários. Mais capacitação das direções na esfera política, ideológica e organizativa e, nomeadamente, nos centros executivos de direção. Elevar a capacidade de liderança, a força e autoridade das direções para elaborar e conduzir a luta pelos projetos partidários e ajustar rumos de sua estruturação. Fazer com que todos que têm funções eletivas no partido, de qualquer tipo e de qualquer área de atuação, liderem o discurso político-organizativo de modo avançado em todo o partido, se comprometam com a estruturação e saúde das fileiras partidárias. Em particular, o modo de direção política precisa convergir inteiramente no sentido de conferir papel mais vital à atuação das bases militantes como modo dominante de falar ao povo e dizer pelo quê luta o PCdoB; procurar-se-á desenvolver a acumulação de forças partidárias nas três vertentes da luta institucional, da luta social e da luta de idéias, passando estes a serem efetivos instrumentos da ação partidária. A direção organizativa precisa assumir novos conteúdos e modos destinados para dar suporte a essa política.
3. A direção organizativa se voltará mais decididamente a dirigir efetivamente por meio da política de quadros do 12º Congresso e organizar de fato a vida militante desde a base. Em combinação com a direção política isso é a garantia de governança partidária no sentido do papel estratégico do PCdoB. A direção organizativa comporá o movimento com uma dupla dimensão e será perseguida nas maiores cidades do país, em todas as frentes em que atua o PCdoB, ligados às prioridades do projeto político em definição para 2012. A primeira dimensão é estender as fileiras partidárias à escala de 400 mil membros até o final da campanha de 2012. O PCdoB deve se dirigir amplamente aos trabalhadores, juventude e mulheres, às lideranças da sociedade civil e da vida cultural, de Estado, científica, acadêmica etc., para abrir-lhes as portas a participar da vida política nacional, mediante a via eleitoral, a luta social e a luta de ideias. A segunda é estender a vida partidária associativa dos militantes, de formas flexíveis e variadas, em volume mais extenso e duradouro, desde a base. Esse diferencial próprio do PCdoB é um patrimônio a ser cultivado como modo de elevar a consciência política, as convicções e a ação política em todos os terrenos da sociedade, designativo de um partido de caráter autenticamente orgânico em prol da luta pelo socialismo.
4. A melhor estruturação e saúde partidária solicitam fortalecimento dos sistemas de direção, construindo instâncias diretivas capazes e realizadoras, coesas e comprometidas. O sistema de direção fortalecerá secretarias executivas com condições de estrutura humana e material para realizar efetivamente o trabalho requerido, efetivos meios de comunicação entre a direção e a militância, efetiva integração segundo um plano único entre todas as secretarias executivas da direção. O sistema de direção será alargado com fóruns de macrorregião sob coordenação das comissões políticas, ampliando a esfera dos quadros que o integram. Será, ainda, aprimorado com mais justa dialética entre o papel indispensável dos comitês na definição de rumos, as comissões políticas como vértice da condução dos trabalhos e as secretarias como responsáveis pela direção concreta em cada frente, institucionalizando de modo transparente e democrático tais funções.
IV.
2. Nos Comitês Municipais, também, o modo de direção organizativa predominante se dará mediante fóruns de quadros intermediários entre os integrantes de comitês auxiliares, destinado a fixar permanentemente pauta e agenda de atividades, e controlar o desenvolvimento das propostas. Sob comando dos quadros intermediários, serão constituídos fóruns de quadros de base, como modo de implantar e alimentar o trabalho das bases militantes, reunindo-os regularmente, fixando pauta e agenda das atividades, exercendo o controle e o apoio às atividades das organizações de base.
3. É impostergável necessidade de instituir Departamentos Estaduais de Quadros, centro do trabalho de direção organizativa, composto com estrutura humana e material à altura do que representa a resolução do 12º congresso do PCdoB em 2009. A formação de secretários de organização poderá conhecer uma nova rodada nacional de cursos voltados a alavancar esse modo de direção organizativa e garantir o cumprimento desta Carta-compromisso.
4. Na campanha de filiação que terá ensejo em 2011, se ampliará a difusão do Programa Socialista entre o povo e também nas fileiras partidárias, à escala de milhões.
5. A Carteira Nacional Militante, a par de seu sentido estatutário e fator de educação partidária, será implantada em escala obrigatória para as próximas conferências para assegurar direitos dos militantes em eleger e ser eleito a funções de direção partidária.
6. O Encontro incorpora igualmente as orientações traçadas pelas diversas secretarias de direção nacional em reforço ao trabalho de estruturação partidária, que serão apresentadas na ocasião.
7. O vanguardeiro Portal da Organização, uma rede social dos militantes a serviço do debate da construção e ação partidária, será instrumento progressivo para estimular a vida militante de base. Ele permitirá que os militantes se comuniquem e associem entre si de modo não presencial, sinalizem as direções sobre as demandas da construção partidária, programem ações de combate e propaganda onde atuam. Auxiliará, do mesmo modo, com respeito à implantação em escala integral da política de quadros. É instrumento a ser apropriado por todos e todas na vida partidária, inclusive como modo de debate permanente sobre a linha de estruturação partidária já nas conferências vindouras.
V.
VI.
C) Os participantes do 7º Encontro manifestam confiança nos rumos da corrente comunista dos brasileiros e tudo farão para honrá-los, como se honram de constituir o mais antigo partido do Brasil e da história de incontáveis heróis, anônimos ou não, que permitiram que nós, participantes do 7º Encontro, possamos seguir no mesmo caminho, renovado em conteúdos, mas com as mesmas esperanças históricas.
São Paulo, 15 a 17 de abril de 2011 – O 7º Encontro Nacional sobre Questões de Partido