É de esperança que se faz a garra de quem sobrevive na periferia. Mesmo com todas as dificuldades, existe fé no amanhã de quem está na correria, faça chuva ou faça sol.


De onde eu falo, Parelheiros, extremo sul de São Paulo, temos uma população muito jovem (50% do distrito tem 0 a 29 anos) porque sem condições dignas de vida também morremos cedo – a idade média ao morrer em Parelheiros é 59,2 anos, a menor da capital. Estes, dentre outros dados do Mapa da Desigualdade de 2021 (Rede Nossa São Paulo), evidenciam a deficiência e o abandono do poder público com os extremos da cidade em diversos aspectos, especialmente nos direitos mais básicos.

A minha história é alicerce para o futuro que acredito. Sou filha da Marlene, baiana que chegou na zona sul há mais de 30 anos e criou 7 filhos tirando o sustento do comércio. Uma mulher, cozinheira, agricultora, e hoje estudante de Ciências da Natureza na USP. Com o nosso restaurante sendo há muitos anos um dos lugares de referência do bairro, pude crescer acompanhando debates, encontros, coletivos, lideranças, que discutiam o território e a cidade.


Aprendi muito e quis fazer também. Em 2015, ajudei a fundar o Sarauê, evento mensal que se tornou um ponto cultural na praça central de Parelheiros. No mesmo ano, me tornei diretora da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo, onde debati o acesso à cultura em escolas de toda a cidade e pude realizar exposições, aulas, mostras de cinema, peças de teatro e muito mais, junto ao Centro Popular de Cultura da UMES.


Há anos vejo surgir em Parelheiros respostas para centenas de problemas que enfrentamos em todo o estado. Acredito na capacidade de desenvolvimento local, é preciso pensar na região: ter emprego, transporte, saúde, cultura e lazer no lugar onde se vive.


Ainda que eu fale principalmente desse canto modesto da cidade, é importante perceber que a política econômica do país nos afeta demais. O custo da cesta básica em São Paulo atingiu R$1.209,00, apenas 3 reais a menos que o salário mínimo. A carestia que estamos vivendo é fruto da política que Bolsonaro tem aplicado desde o início, e principalmente durante a pandemia com atrasos na compra  da vacina e com pouca assistência a milhares de famílias que ficaram sem emprego durante esse período. E como se essa já não fosse uma política criminosa o suficiente, priorizou a exportação de alimentos enquanto acabava com o estoque regulador da Companhia Nacional de Abastecimento, distante de qualquer política que pudesse assegurar a comida no prato da população.


Me preocupa que isso afete primeiro as mulheres, que compõem a maioria nas filas de doações de cestas básicas. De todos os lares que convivem com a insegurança alimentar 63% são chefiados por mulheres. No final de 2021 a taxa de desemprego das mulheres foi 54,4% maior que a dos homens.  No extremo sul de São Paulo, temos as maiores taxas de gravidez na adolescência da capital, e sendo esse um dos principais motivos de evasão escolar, é assim que se formam os ciclos de manutenção da pobreza. Este é um cenário de grande vulnerabilidade que dá lugar a coisas absurdas, como ser o quinto bairro da cidade com a maior taxa de feminicídio, onde a delegacia da mulher mais próxima fica a pelo menos duas conduções da maioria de nós.


Desde que comecei a me engajar e levantar bandeiras, ouço que nós jovens somos o futuro. Mas o futuro que eu acredito precisa ser feito agora, é imediato, a juventude não espera e a fome muito menos. Precisamos de respostas emergenciais para a crise atual, mas também precisamos de políticas estáveis de acesso à educação, cultura e emprego.


Sob este cenário e com esta disposição que me coloco Pré-Candidata a Deputada Estadual de São Paulo.

“Vamos botar lenha nesse fogo,
vamos virar esse jogo
que é jogo de carta marcada.
O nosso time não está no degredo,
vamos à luta sem medo
É hora do tudo ou nada!!