Maria Aparecida Pedrosa Bezerra (Cida Pedrosa) é poeta e vereadora do Recife.
Nasceu em 1963 em Bodocó, sertão do Araripe pernambucano. Foi uma das militantes do Movimento de Escritores Independentes de Pernambuco na década de 1980 e daí vem seu gosto e experiência com a récita. Tem 10 livros de poemas publicados, Gris (Cepe Editora, 2018), Claranã (2015) e As filhas de Lilith (2009), os dois últimos selecionados pelo Prêmio Oceanos de Literatura.
Com Solo para vialejo (Cepe Editora, 2019), ganhou a premiação principal do Jabuti em 2020. Tem participação em antologias de poemas e contos no Brasil e no exterior.
Com uma trajetória de mais de quatro décadas dedicada à poesia e à luta feminista, Cida Pedrosa, vencedora de dois prêmios Jabuti, nas categorias Livro do Ano e Livro de Poesia, lançou em 2020 Estesia, e-book com haikais e fotos produzidos durante a pandemia, pelo selo independente Claranan.
Como ela mesma descreve:
Comecei minha militância na cultura e na política ainda menina. Aos 14 anos, em 1978, saí de Bodocó, minha amada terra natal no Sertão pernambucano, para estudar no Recife, onde me formei em Direito e me especializei em Ciência Política. Em 1980, integrei o Movimento de Escritores Independentes de Pernambuco. Como sempre fui muito inquieta, conciliei minha vocação artística com a política. Até porque minha poesia tem uma clara função social! Tornei-me feminista, comunista e me engajei na defesa dos direitos humanos.
Disposta a lutar pelas causas em que acreditava, fui trabalhar no Centro de Defesa dos Direitos Humanos na Diocese de Palmares. Também atuei no Sindicato dos Trabalhadores Rurais e na Federação dos Trabalhadores na Agricultura em Pernambuco (Fetape). Em 1994, participei da primeira convenção coletiva de hortifruticultura do Vale do São Francisco.
Em 1999, passei a integrar o corpo jurídico do Centro Dom Helder Câmara de Estudos e Ação Social (Cendhec), onde trabalhei em defesa dos direitos dos menos favorecidos. Em seguida, assumi a coordenação do Movimento Nacional de Direitos Humanos.
POESIA ALIADA AO SERVIÇO PÚBLICO
Mesmo atuando no serviço público, nunca abri mão de minha literatura. Fui chefe do Departamento jurídico do Instituto de Pesos e Medidas (Ipem), em 1995, e também diretora de Segurança Cidadã da Prefeitura do Recife, em 2005. Nesse ano, lancei meu quarto livro, Gume, e criei com meu companheiro Senor Ramos, o site Interpoética, maior acervo virtual de literatura pernambucana.
Em 2013, assumi a Secretaria de Meio Ambiente do Recife, que me trouxe muitas alegrias e realizações, como a revitalização do Jardim Botânico, que passou a ser classificado na categoria A pelo Ministério do Meio Ambiente. Também elaboramos o Plano de Enfrentamento às Mudanças Climáticas do Recife, a partir do qual a cidade conquistou instrumentos para construir uma política de baixo carbono.
Ainda lançamos o importante projeto Parque Capibaribe. A partir dele, construímos o Jardim do Baobá, um disputado espaço de preservação e lazer nas Graças, e restauramos o Cais do Imperador.
Em 2017, tive a grande oportunidade de trabalhar em favor das causas feministas ao assumir a gestão da Secretaria da Mulher do Recife. Ali, criamos a Brigada Maria da Penha, para dar suporte às ações do Centro Clarice Lispector em atendimento às vítimas de violência doméstica, e conseguimos incluir a visão e propostas das mulheres no planejamento urbano do Recife, assegurando que todas as intervenções feitas na cidade deveriam levar em conta as nossas necessidades.
ATUAÇÃO NA CÂMARA DO RECIFE
No parlamento municipal, minha plataforma de atuação é bem definida. Como mulher, poeta e comunista, meu mandato é focado na luta pelos direitos das mulheres e direitos humanos em geral, pela valorização da cultura e preservação do meio ambiente. Fomos um dos mandatos que mais aprovou requerimentos e projetos de lei em 2021.
Alguns são bem originais, como o Projeto de Lei que transformou o Recife na primeira capital brasileira a ter legislação de enfrentamento à gordofobia, preconceito sofrido por pessoas acima do peso.
Uma dessas leis assegura a inclusão de estudantes acima do peso na escola, determinando que o município deve adquirir carteiras adequadas seu peso e tamanho para evitar constrangimentos. Também sou autora da Lei de Enfrentamento ao Relacionamento Abusivo.
No meu mandato, procurei contemplar as mulheres que sofrem os efeitos da pandemia. Está em tramitação o nosso Projeto de Lei Ordinária nº 87/2022, que dispõe sobre a criação do programa de atendimentos à mulher desempregada e chefe de família. Nossa intenção é promover a autonomia econômica dessas mulheres por meio de educação profissionalizante e geração de emprego.
Como mulher feminista, comunista, literata e ambientalista, defendo causas que promovem a inclusão, principalmente das mulheres negras e LBTs e das pessoas que sofrem preconceito e discriminação. Também faço frente à toda forma de autoritarismo, racismo e intolerância pois acredito que só alcançaremos uma democracia plena quando construirmos uma sociedade mais justa e igualitária.