China cresce 6,3% no trimestre, o ritmo mais rápido desde 2021
Taxa ficou abaixo da expectativa do mercado internacional de cerca de 7%, mas governo avalia resultados como “bom momento” da recuperação pós-pandêmica
Economia chinesa continua crescendo, embora o mercado considere o ritmo lento
O Produto Interno Bruto (PIB) da China cresceu 6,3% no segundo trimestre de 2023 ante igual período de 2022, informou na manhã desta segunda (17), o Escritório Nacional de Estatísticas (NBS) do país. O PIB da China atingiu 59,3 trilhões de yuans (US$ 8,3 trilhões) no primeiro semestre.
O resultado ficou abaixo da previsão de analistas internacionais, que esperavam alta de 7%. Mas o NBS disse que os resultados apontam para o “bom momento” da recuperação pós-pandêmica da economia.
Enquanto a imprensa internacional observa com preocupação o crescimento supostamente lento, o governo vê com otimismo os resultados. ”Por trimestre, o PIB cresceu 4,5 por cento ano a ano no primeiro trimestre e 6,3 por cento no segundo trimestre”, disse o porta-voz do NBS, Fu Linghui.
“A demanda do mercado se recuperou gradualmente, a oferta de produção continuou a aumentar, o emprego e os preços ficaram geralmente estáveis e a renda dos residentes cresceu de forma constante.”
O mercado financeiro internacional está sempre alarmado com os índices chineses, prevendo catástrofes que não se confirmam. Desta vez, esperam que a segunda maior economia do mundo desacelere ainda mais nos próximos meses, por causa de uma fraca demanda do consumidor e de uma frágil demanda por exportações chinesas. Os chineses, por sua vez, só vêem a economia se expandindo nos próximos meses.
A dança dos números vai para todos os lados. Enquanto o governo chinês foca no crescimento de 5,5% no primeiro semestre, em relação ao ano anterior, acima da meta de cerca de 5,0%, o sistema financeiro internacional prefere ressaltar que uma meta de 5% é muito conservadora. Para efeito de comparação a China teve crescimento de 2,2% no primeiro trimestre, contra 1,3% dos EUA.
Ímpeto pós-covid
Os pessimistas acreditam que o país ainda sofre efeitos dos rígidos controles da pandemia, especialmente em Xangai. Mesmo tendo alavancado o movimento econômico após o fim dos lockdowns, acredita-se que este ímpeto pós-covid acabou e que os resultados serão mais lentos e arriscados. Ainda há os efeitos da guerra na Ucrânia e o aumento dos juros no mundo rico.
No entanto, os dados divulgados pelo governo apontam para um aumento constante das demandas internas do gigantesco mercado chinês, tanto em serviços, como varejo. As vendas no varejo, um indicador da demanda do consumidor, em junho subiram 3,1% em relação ao mesmo período de 2022. A produção industrial, que mede a atividade nos setores de manufatura, mineração e serviços públicos, superou as expectativas dos analistas, subindo 4,4% em junho em relação ao mesmo mês do ano anterior.
“No primeiro semestre, face a um ambiente internacional grave e complexo e às árduas tarefas de reforma, desenvolvimento e estabilidade internas, todas as regiões e departamentos fizeram grandes esforços para estabilizar o crescimento, o emprego e os preços”, disse o porta-voz do NBS.
“A demanda do mercado se recuperou gradualmente, a produção e a oferta continuaram a aumentar e o desempenho econômico, em geral, melhorou”, acrescentou Fu.
As exportações, no entanto, caíram 12,4% em junho comparado com 2022. Aparentemente, a demanda global diminuiu depois que os bancos centrais dos EUA e da Europa elevaram as taxas de juros para conter a inflação.
O investimento em ativos fixos – gastos em infraestrutura e outros projetos para impulsionar o crescimento – aumentou 3,8%.
Desemprego juvenil
O desemprego juvenil tem sido destacado em todo o mundo como o índice mais preocupante da economia chinesa. Ele atingiu outro recorde, com a taxa de desemprego entre 16 e 24 anos chegando a 21,3% em junho. Isso quebrou o recorde anterior de 20,8% estabelecido em maio.
A taxa de desemprego urbano pesquisada na China ficou em 5,3% no primeiro semestre, 0,2 ponto percentual menor do que no primeiro trimestre, mostraram dados oficiais. Na base mensal, a taxa ficou inalterada em relação a maio, em 5,2%.
A renda disponível per capita na China ficou em 19.672 yuans no primeiro semestre, um aumento de 6,5% em termos nominais, mostraram dados nesta segunda-feira. Após a dedução dos fatores de preços, a renda disponível per capita aumentou 5,8% em relação ao mesmo período do ano passado.
Todos os olhos estão voltados para uma reunião do Politburo no final deste mês, quando os principais líderes poderão traçar o curso político para o resto do ano.
(por Cezar Xavier)