Coluna de soldados ingleses participa dos exercícios condenados pelo governo argentino | Foto: Reprodução

O Governo da Argentina rejeitou “de forma categórica” a recente realização pela Inglaterra de manobras militares nas Ilhas Malvinas, ocupadas ilegalmente desde 1833, e afirmou que se trata de uma agressão que inclusive contraria as resoluções da ONU.

O comunicado oficial divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores, nesta quarta-feira (02), afirma que desta vez se tratou de uma nova edição dos exercícios militares denominados Cape Bayonet, que reúne as diferentes forças britânicas que fazem parte do destacamento de ocupação naquele território.

Segundo o documento, constituem um “afastamento” das Nações Unidas, concretamente da resolução 31/49 da ONU, que apela ao reatamento das negociações pela soberania, suspensas arbitrariamente pelos ingleses em 1982, após conflito no Atlântico Sul.

A declaração também denuncia que a ilegalidade da presença militar inglesa na região usurpada pela coroa desde 1833 “é claramente contrária à vontade permanente da República Argentina de resolver a controvérsia por meios pacíficos”.

Realizadas no final de julho, as manobras militares vão na contramão do conceito de “zona de paz e cooperação” que rege o Atlântico Sul, especifica o documento.

Desde a sua independência da Espanha, em 9 de julho de 1816, a Argentina exerceu plenamente a soberania das Ilhas. Até que em 3 de janeiro de 1833, a Inglaterra, em plena expansão colonial, desalojou violentamente os representantes da República e os moradores, levando para lá colonos da sua própria metrópole. Sucessivos governos argentinos vêm reclamando a restituição do pleno exercício soberano sobre as Ilhas.

O texto afirma que “observou que a alegada condição defensiva da presença militar britânica no Atlântico Sul não só é totalmente injustificada como também representa uma ameaça para toda a região”.

E destaca que o Governo argentino “reafirma mais uma vez sua soberania sobre as Ilhas Malvinas, Geórgia do Sul e Sandwich do Sul e os espaços marítimos circundantes que fazem parte integrante do território nacional da República Argentina, que, sendo ocupados ilegitimamente pelo Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, são objeto de uma disputa de soberania reconhecida pelas Nações Unidas através da resolução 2065 e posteriores da Assembleia Geral, bem como de outras organizações e fóruns internacionais”.

Nesse sentido, o presidente Alberto Fernández afirmou que a reivindicação de soberania e integridade territorial “é algo que deveria chamar a atenção dos mais poderosos do mundo, porque em pleno século XXI a manifestação de um ato de colonialismo desta natureza só deveria envergonhar o mundo. Continuaremos insistindo uma e outra vez que são argentinas”.

“A pátria não estará totalmente integrada enquanto essas ilhas não forem definitivamente argentinas. As Malvinas nos unem, e isso é absolutamente verdade, e nessa reivindicação não há divergências partidárias, não deveria haver”, frisou Fernández.

O interesse da Inglaterra nas ilhas não é por acaso. ‘Sem dúvida, as Malvinas são um lugar estratégico do ponto de vista dos recursos naturais’, disse à Agência Efe Gabriel de Paula, especialista em energia e recursos naturais do Centro Argentino de Estudos Internacionais (CAEI).

O arquipélago é rico em reservas de hidrocarbonetos, com uma jazida marítima que poderia produzir um pico de 80.000 barris de petróleo por dia; potencial para a extração de minerais do fundo do mar e recursos pesqueiros.

O Mercado Comum do Sul (Mercosul), a União de Nações Sul-Americanas (Unasul), a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), a Cúpula América do Sul – África (ASA), a Cúpula América do Sul – Países Árabes (ASPA), o Parlamento Latino-Americano (Parlatino), o Parlamento do Mercosul (Parlasul), entre outros, são alguns dos organismos que têm se manifestado sobre a “Questão Malvinas” com um contundente respaldo à reclamação argentina. Apesar disso, o Reino Unido não tem cumprido as resoluções da ONU e desconhecido uma a uma todas as declarações dos organismos multilaterais.

Fonte: Papiro