Luisa González defende “investimento público em infraestrutura para desenvolver economia” | Foto: Reprodução

“O Estado tem de assumir o papel de dinamizar a economia, de começar a apoiar os setores mais vulneráveis, sobretudo garantindo serviços de saúde e educação de qualidade e gratuitos. No governo da Revolução Cidadã pusemos o Estado trabalhando para todos os setores: para a indústria, gerando empregos; para o setor público, garantindo direitos”, afirmou a advogada Luisa González, dirigente de confiança do ex-presidente Rafael Correa (2007-2017) e única mulher candidata à Presidência do Equador nas eleições do próximo 20 de agosto.

A ex-deputada (o parlamento é unicameral no Equador) destacou que “o investimento público, como na rede ferroviária e em tudo o que é infraestrutura dinamiza o emprego, e isso requer fontes de financiamento” e o estabelecimento de prioridades. “Não sei o que esse governo está fazendo com dinheiro público! Há uma execução orçamentária muito baixa porque eles não têm ideia de como funciona. E eu tenho dito claramente: o país não está aqui para experimentar. Já basta. Porque estamos experimentando com pessoas inexperientes, somos como somos. A baixa execução orçamentária de um ministério quando a população tem necessidades mostra que eles são inúteis na gestão do setor público. O que oferece a Revolução Cidadã e Luisa González: um trabalho em equipe. Eu não estou sozinha”, frisou.

Para a dirigente oposicionista, “os fundos que estão nessas reservas internacionais devem ser trazidos para o país, é o dinheiro equatoriano que deve ser usado para reativar a economia nacional”.

GERAÇÃO DE EMPREGO E SEGURANÇA

Há menos de um mês das eleições, com discurso voltado para a geração de empregos, garantia de direitos e investimento na segurança, Luisa lidera com folga todas as pesquisas de intenção de voto.

A mais recente, a pesquisa Numma indica que a candidata está à frente com 33,76% dos votos válidos, contra 17,5% do megaempresário de mídia, Otto Sonnenholzner, vice-presidente de L. Moreno (2017-2021) – que expulsou Julian Assange da Embaixada do Equador e o entregou à polícia na Inglaterra – e 15,08% do “ecologista” Yaku Pérez.

Em sintonia com a opção por Luisa, 36% dos entrevistados indicaram que a prioridade do próximo governo deverá ser dada à área econômica e 26% à segurança, já que os assassinatos quintuplicaram em seis anos. Além disso, 80% dos entrevistados manifestaram uma opinião “ruim e muito ruim” do presidente banqueiro Guillermo Lasso e 53% indicaram ter uma “opinião boa e muito boa” de Rafael Correa, perseguido político que está exilado na Bélgica. Essa pesquisa tem confiabilidade de 95% e margem de erro de 2,7%.

No total, 13,4 milhões de eleitores vão às urnas para eleger o presidente e o vice-presidente da República, e 137 deputados à Assembleia Nacional. Os eleitos permanecerão no cargo apenas até o final de seu mandato em 2025, pois são eleições extraordinárias, fruto da “Morte cruzada”, mecanismo adotado pelo presidente Guillermo Lasso para fugir do processo de impeachment por corrupção e tentar ganhar uma sobrevida governando por decreto.

O sistema eleitoral equatoriano prevê dois turnos para as eleições presidenciais. Caso nenhum candidato ultrapasse os 40% e 10 pontos de diferença do segundo, uma nova votação deverá ser realizada em 15 de outubro.

“CONTRA RETROCESSO NEOCOLONIAL”

Em meio à intensa disputa política, Luisa se consolida como a candidata do desenvolvimentismo, articulando uma ampla frente nacionalista, enquanto a direita se articula com o neocolonial Otto Sonnenholzner, presidente da Associação Equatoriana de Radiodifusão (AER), e Yaku Pérez, sem o respaldo da Confederação das Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie) – que o apoiou em 2021 – expressa uma fratura com os movimentos sociais ao consolidar uma virada traiçoeira em seu programa.

Para o Centro Estratégico Latino-Americano de Geopolítica (Celag), este distanciamento das camadas populares com Yaku Pérez se explica por ele se mostrar “a favor de um tratado de livre comércio com os Estados Unidos, um ambientalismo sem regulação estatal e a favor de esvaziar de conteúdo ideológico o seu projeto de país”.

Fonte: Papiro