Depoimento de hacker põe Zambelli como líder do golpe bolsonarista
O hacker Walter Delgatti Neto virou o novo homem-bomba do bolsonarismo – mas com uma peculiaridade. Suas revelações explosivas confirmam que a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), mais do que uma aliada do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi mentora e articuladora de algumas tentativas de golpes de Estado.
Conforme depoimento nesta semana de Delgatti, o “hacker da Vaza Jato”, à Polícia Federal (PF), Zambelli foi a autoria do falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). O documento, descoberto por investigadores em 5 de janeiro, constava irregularmente no Banco Nacional de Monitoramento de Prisões do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Após declarar à parlamentar que tinha acesso ao sistema do CNJ, Zambelli teria escrito o documento falso e pedido que Delgatti, seu funcionário, o cadastrasse na plataforma. O objetivo, de acordo com a oitiva do hacker, era “desmoralizar” a Justiça. Esta, porém, não é a pior das acusações contra Zambelli.
Delgatti afirmou que Zambelli lhe ordenou a tentar fraudar urnas eletrônicas que seriam usadas pela Justiça Eleitoral. Apesar das tentativas, o hacker não foi bem-sucedido – para a frustração da deputada. Segundo ele, não lhe pareceu que o objetivo de Zambelli era manipular o resultado da eleição – mas, sim, fortalecer a tese (jamais comprovada) de que o sistema eleitoral no Brasil era vulnerável.
Outra ordem dada para Delgatti envolvia a invasão dos telefones celulares de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) considerados “inimigos do bolsonarismo”. Se de início o hacker não questionava as intenções golpistas de Zambelli, a situação mudou por conta de um comportamento constante da deputada: o de agendar encontros apenas em rodovias ou locais abandonados, tarde da noite. Delgatti confidenciou a amigos que temia ser morto em uma “queima de arquivo”, tão graves eram as denúncias e práticas.
Preso em 2019 por acessar a conta no Telegram de diversas autoridades – como o ex-juiz Sergio Moro, no caso que ficou conhecido como Vaza Jato –, Delgatti foi solto sob a condição de não usar a internet. Ele voltou a ser preso após afirmar, numa entrevista, que cuidava do site e das redes sociais de Zambelli, tendo acesso inclusive a um e-mail como como chave Pix para receber doações.