Foto: Arquivo/Agência Brasil

O percentual de famílias brasileiras com dívidas a vencer aumentou no mês de junho, atingindo 78,5% no país. Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e foram divulgados nesta terça-feira (11). Desse total, 18,5% consideram-se “muito endividados”, maior volume da série histórica, iniciada em janeiro de 2010. O volume de consumidores sem condições de pagar dívidas de meses anteriores é o mais alto desde setembro de 2020.

“Os juros elevados dificultam a melhora desse quadro. O volume de consumidores com atrasos há mais de 90 dias também cresceu, alcançando 46% do total de inadimplentes em junho. Ou seja, a cada 100 consumidores com dívidas atrasadas, 46 possuem atrasos há mais de três meses”, aponta a CNC.

O número de endividados interrompeu uma sequência de quatro meses de estabilidade no indicador, alcançando em junho o maior patamar em seis meses. A proporção de endividados encerra o semestre em alta em todas as faixas de renda pesquisadas, antecipando crescimento esperado para o segundo semestre, avalia a entidade. São dívidas com cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado, prestação de carro e de casa.

“O encarecimento do crédito se refletiu na estabilidade do volume de endividados até maio, com taxas de juros médias aos consumidores acima de 60% ao ano. No entanto, cada vez mais consumidores buscam no crédito a forma de sustentar o consumo de bens e de serviços, especialmente no cartão de crédito”, analisa a pesquisa.

“Nas modalidades de dívida, mais consumidores usaram o cartão de crédito, comparativamente a junho do ano passado, e ainda o crédito pessoal, modalidade de dívidas em que os juros tiveram redução no ano até maio, segundo dados do Banco Central (40,9% a.a., em média, queda de 8 pontos percentuais), e que tem ajudado o brasileiro a quitar dívidas mais caras, como o próprio rotativo do cartão. Do total de
consumidores endividados, 87% têm dívidas no cartão de crédito, enquanto 9,5% contrataram crédito pessoal”.

Os juros do cartão de crédito atingiram 455,1% ao ano em maio.

O volume de consumidores inadimplentes também aumentou e atingiu 29,2% das famílias. A proporção de consumidores com dívidas atrasadas voltou a crescer após seis meses de queda, assim como o contingente dos que afirmam que não terão condições de quitar dívidas atrasadas de meses anteriores.

“Do total de consumidores com dívidas atrasadas, 4 em cada 10 entraram em junho sem condições de pagar os compromissos de meses anteriores, maior proporção desde agosto de 2021”, segundo a pesquisa.

Fonte: Página 8