Estandarte do Batalhão Azov ostenta insignia usada por unidade das SS nazistas | Foto: AFP/Getty Images

Cinco comandantes militares ucranianos do nazista Batalhão Azov que estavam na Turquia desde que Moscou os libertou em uma troca de prisioneiros no ano passado retornaram à Ucrânia no sábado (08), violando os termos dos acordos existentes tanto por parte de Ancara quanto de Kiev, afirmou o porta-voz do Kremlin Dmitry Peskov à agência Sputnik.

Pelo acordo, os comandantes seriam liberados sob a condição de não retornarem à Ucrânia antes do final do conflito. “O retorno dos líderes do Azov da Turquia para a Ucrânia é nada mais do que uma violação direta dos termos dos acordos existentes. Além disso, neste caso, as condições foram violadas tanto pelo lado ucraniano quanto pelo lado turco”, sublinhou Peskov.

Mais de 2.000 membros do batalhão nazista ucraniano foram capturados pelas forças russas após a libertação da cidade de Mariupol, sob o tacão desta milícia até maio de 2022. No fim de setembro, a Ucrânia anunciou uma troca de 215 desses militares com a Rússia, incluindo os chefes do Azov. Naquele momento, esses comandantes foram transferidos para a Turquia, onde permaneceriam até o fim da guerra, segundo um acordo selado com presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.

Neste último sábado, o Presidente da Ucrânia, Volodímir Zelensky, que no dia anterior se reuniu com o seu homólogo turco, anunciou a devolução dos integrantes do quartel-general do batalhão nazista.

Pelo acordo anteriormente selado, o comandante do regimento Azov, tenente-coronel Denys Prokopenko e seu vice, Svyatoslav Palamar, bem como o comandante da 36ª Brigada de Fuzileiros Navais, Serhiy Volynsky, e mais dois militares deveriam permanecer na Turquia.

Ninguém informou a Moscou sobre a medida, ressaltou o porta-voz, insistindo em que a troca de prisioneiros também havia sido confirmada pelo presidente turco. Em janeiro de 2023, o jornal Hurriyet noticiou, citando fontes turcas, que os líderes do Azov estavam na Turquia a pedido da Rússia.

Peskov também considerou que a violação está diretamente ligada aos fracassos da contra-ofensiva de Kiev, que sofre em sua base diariamente.

TURQUIA CEDEU ÀS PRESSÕES DA OTAN

O Kremlin considerou que a Turquia recebeu pressões dos países membros da Otan, até porque faltam poucos dias para a próxima reunião de cúpula da Aliança, que terá lugar na Lituânia, a 11 e 12 de julho, dias em que o aumento ao apoio do bloco a Kiev será discutido.

“Os preparativos para a cúpula da Otan estão em andamento e, claro, no contexto dessa preparação, muita pressão foi colocada sobre a Turquia. E a própria Turquia, sendo membro da OTAN, demonstra sua solidariedade com a Organização do Tratado do Atlântico Norte. Entendemos tudo isso muito bem, mas estamos longe de justificá-lo”, disse Peskov após ser questionado pela imprensa.

Em 2 de agosto de 2022, o Azov foi declarado organização terrorista pela Suprema Corte russa e banido das regiões que estão sob controle do país.

Esse batalhão teve um auge após o golpe perpetrado contra o governo ucraniano de Victor Yanukovych em 2014. Em seu escudo, o batalhão Azov traz símbolos nazistas como o Wolfangel (Anzol de Lobo), símbolo usado por uma das unidades das SS do Terceiro Reich.

Fonte: Papiro