Encontro reúne 462 comunistas e mostra a força do PCdoB no sindicalismo
Lideranças sindicais de 23 estados participaram do 9º Encontro Sindical Nacional do PCdoB, na sexta-feira (16) e no sábado (17), em Salvador (BA). A meta do partido era reunir ao menos 400 delegados – mas o número de participantes chegou a 462 comunistas nos dois dias de programação, mostrando a força e a abrangência do PCdoB no sindicalismo.
“É o maior e mais representativo encontro sindical da nossa história. Esta etapa final foi precedida por 15 Encontros Estaduais, que, com debates e emendas, contribuíram muito para o documento-base”, afirmou, na abertura, Nivaldo Santana, secretário Sindical do PCdoB. “Precisamos debater como fortalecer o partido, que é o que sustenta o projeto emancipador da classe trabalhadora.”
Segundo Nivaldo, o PCdoB chega a 2023 com mais de 4 mil dirigentes sindicais espalhados em todo o País, especialmente na base da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil). Há também centenas de lideranças em núcleos de base e oposição sindical.
A presença do PCdoB no sindicalismo se fortaleceu especialmente em 2021, ano em que a CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil, também de orientação classista) se unificou à CTB. Dados do Ministério do Trabalho organizados pelo Dieese apontam que as 955 entidades da base cetebista somam mais de 1,6 milhão de trabalhadores sindicalizados – a segunda maior central do País sob esse critério. Se a lista também incluir os sindicatos com filiação já formalizada junto à CTB, mas não ao Ministério do Trabalho, o número salta para 1.408 entidades.
Apesar dessa boa inserção no movimento sindical, os comunistas diagnosticam uma situação de “pirâmide invertida”: a proporção de militantes do PCdoB nas mais diversas categorias é cada vez maior no topo da pirâmide (em direção de entidades) e cada vez menor na base (no local de trabalho).
“Cada um desses dirigentes precisa vestir a camisa do PCdoB, filiar novos militantes, ajudar na formação deles. É necessário destacar sempre um dirigente que tenha como tarefa central construir o partido na base”, ressaltou Nivaldo ao fazer o “informe sindical”.
Presenças políticas
A presidenta nacional do PCdoB e ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, participou do Encontro por videoconferência. “Para os comunistas, é papel do movimento sindical, neste período importante da vida política nacional, fortalecer sua unidade e mobilização”, afirmou a dirigente. De acordo com Luciana, a correlação de forças é mais favorável sob o terceiro mandato presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva, que tenta impulsionar seu governo de reconstrução nacional.
Entre as tarefas atuais para os trabalhadores, ela frisou que o partido, na frente sindical, deve lutar para “recuperar direitos perdidos, defender a democracia, o desenvolvimento soberano, a justiça social e a valorização do trabalho. Estas são as “premissas para se criar as condições para o Brasil avançar rumo ao socialismo, conforme prega o programa do PCdoB”.
Também marcaram presença no primeiro dia do Encontro o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT); os deputados federais Daniel Almeida (PCdoB-BA) e Alice Portugal (PCdoB-BA); a deputada estadual Olívia Santana (PCdoB-BA), que também é secretária nacional de Combate ao Racismo do partido; o presidente do PCdoB-BA e secretário do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte da Bahia, Davidson Magalhães; a superintendente Regional do Trabalho da Bahia, Fatima Freire; e os secretários nacionais do PCdoB Márcio Cabreira (Relações Institucionais), Dani Costa (Mulheres) e Javier Alfaya (Cultura).
“A missão do Partido Comunista e de outros partidos do campo da esquerda não é fácil, mas temos muita confiança no PCdoB”, declarou Jerônimo Rodrigues. Conforme o governador, cabe aos movimentos sociais, ao sindicalismo e aos partidos políticos cobrar mais a gestão federal. “É importante dar sustentação ao governo Lula e preservar a autonomia de cada entidade – mas é fundamental puxar a corda para o campo da gente”.
Daniel Almeida desejou que o movimento sindical, “decisivo na eleição de Lula”, continue mobilizado. “Precisamos compreender os desafios para saber a melhor forma de superá-los. Este Encontro prepara o PCdoB para isso”. Já Alice Portugal afirmou que o movimento sindical deve usar seu “mar de influência” para fortalecer o PCdoB: “É uma tarefa revolucionária a de aproximar os trabalhadores ao partido”.
Revigoramento
No segundo dia do Encontro, o foco foi no debate sobre a estruturação do partido na classe trabalhadora. Segundo a secretária nacional de Organização do PCdoB, Nádia Campeão, os militantes que atuam nos movimentos sociais devem “dedicar tempo e energia para a construção do partido”, investindo especialmente no trabalho de base.
“Todo militante, todo comunista, tem de dirigir suas forças para construir o partido. Isso precisa estar em primeiro plano”, explicou Nádia. “O ‘revigoramento partidário’ é o tema não só deste Encontro – mas de todas as reuniões do PCdoB desde o começo do ano.”
Aurino Pedreira, secretário Sindical do PCdoB-BA, falou sobre a política do Departamento Nacional de Quadros do partido para os trabalhadores. “Hoje, o sindicato é maior na cabeça de muitos camaradas do que o partido. Se somos mais sindicalistas do que comunistas, estamos virando prestadores de serviço – mas não lideranças políticas”, destacou. “Daí a pirâmide invertida. Precisamos reverter esse processo e reafirmar nosso papel como comunistas dentro do sindicato.”
O presidente da CTB, Adilson Araújo, fez um breve informe sobre “CTB e governo Lula”, enquanto Ubiraci Dantas, vice-presidente da central e secretário Sindical Nacional Adjunto do PCdoB, fez uma exposição sobre “Industrialização e Desenvolvimento”. O Encontro se encerrou com a votação das Resoluções, aprovadas por amplíssima maioria – apenas um delegado votou contrariamente. Toda a programação do Encontro – inclusive a atividade cultural – foi realizada no Fiesta Bahia Hotel.