Treinamento de tiro para racistas | Foto: Reprodução

A polícia da cidade de Villa Rica, no Estado da Geórgia, nos Estados Unidos, postou fotos em sua página no Facebook mostrando cidadãos brancos usando a imagem de um homem negro como alvo durante uma aula de segurança com armas de fogo.

De acordo com relatos da NBC News, imagens de um homem negro em tamanho real usando um gorro e apontando uma arma foram postadas no Facebook. Além disso, também foi compartilhado um vídeo em que cidadãos brancos no Departamento de Polícia da cidade atiravam contra o alvo que era a imagem do homem negro.

Depois da indignação expressada pela comunidade por essa ação, as fotos foram removidas da página do Facebook, mas capturas da tela foram compartilhadas e criticadas nas redes sociais.

A Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor (NAACP sigla em inglês) do Condado de Carroll, onde fica Villa Rica, emitiu uma carta aberta ao chefe do departamento chamando o alvo de “extremamente ofensivo”. A organização também solicitou uma reunião com os líderes da cidade para discutir o incidente.

“Esses tipos de alvos foram usados ​​por outros departamentos de polícia nos EUA e foram considerados racialmente inapropriados e inaceitáveis, apesar de que pouco foi feito contra essa situação além de declarações”, afirmou o presidente da NAACP do condado de Carroll, Dominique Conteh. O chefe de polícia de Villa Rica, Michael Mansour, que tentou amenizar o problema dizendo que o departamento também usou outros alvos retratando pessoas brancas e asiáticas, declarou que planeja se encontrar com Conteh na próxima semana para discutir essa questão.

O prefeito Gil McDougal disse que estava “pessoalmente constrangido” com o incidente e ordenou uma investigação. Ele admitiu que a polêmica deveria ter sido antecipada desde o momento em que as imagens foram publicadas.

POPULAÇÃO REPUDIA O RACISMO

A população, porém, não foi tão condescendente, expressando nas redes sociais sua rejeição à atitude racista. A professora Jackie Boyd, moradora de Villa Rica, escreveu ao Facebook: “Se você não enxerga nada de errado, por favor, me exclua imediatamente.” Boyd também compartilhou sua preocupação com a segurança de seu marido negro e lamentou a “ignorância” demonstrada pelo departamento de polícia local.

Emmanuel Mincey, outro morador, apresentou queixa na delegacia de polícia, dizendo que as imagens passavam uma mensagem errada para os moradores negros da cidade. “Ei pessoal. Atiramos em vocês para praticar tiro ao alvo”, disse na mídia.

CRIMES SE ACUMULAM

As ações de racismo da polícia norte-americana se acumulam. Em janeiro deste ano, o trabalhador dos correios, Tyre Nichols, foi abordado por policiais que o acusaram de direção imprudente, algo que não foi registrado, nem provado. As imagens reveladas são desses policiais arrancando violentamente o rapaz de dentro do seu carro e o agredindo. Em seguida, as imagens captadas de uma câmera próxima à casa de Tyre mostram ele algemado, sem reação, sendo barbaramente espancado e gritando por sua mãe. Ele ainda chegou a ser socorrido e levado ao hospital onde morreu três dias depois.

O caso George Floyd, muito lembrado nestes dias como um dos mais bárbaros, aconteceu em maio de 2020, quando foi assassinado por asfixia, no meio da rua, desarmado e algemado, com o pescoço sob o joelho de um policial branco racista em Minneapolis.

Quase um terço de todas as pessoas mortas pela polícia nos EUA nos últimos anos eram de negros, apesar de representarem 13% da população do país, de acordo com a organização Mapping Police Violence.

Fonte: Papiro