Ataque de Gerardo Morales à Constituição foi denunciado em Buenos Aires | Foto: CTA

Uma multidão se concentrou no Obelisco, centro de Buenos Aires, quarta-feira (21), e marchou até a Casa de Jujuy na capital para exigir o fim da repressão, a liberdade imediata de todos os ativistas presos, e que o governador da província do noroeste da Argentina desista de atacar e rasgar a Constituição nacional para reduzir direitos e entregar o lítio às corporações estrangeiras.

Levantando faixas e cartazes, milhares recordaram os manifestantes que perderam os olhos pelas balas da polícia de Jujuy na semana passada. De forma compacta, ergueram a voz condenando “a covardia do governador Gerardo Morales”, que aprovou sua “reforma constitucional” à toque de caixa e na calada da noite a fim de tomar de assalto as riquezas minerais do local. Revoltados com os atropelos, trabalhadores, estudantes e desempregados também se solidarizaram aos povos originários e à luta dos professores e dos servidores da província mobilizados por aumento salarial e melhores condições de vida.

Ao chegar à Casa da Província de Jujuy foi realizado um ato com a presença de lideranças políticas, sociais, sindicais e de direitos humanos, convocadas pelas centrais dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Argentina (CTA e CTA-Autônoma), a União de Trabalhadores da Economia Popular (UTEP), a Corrente Classista e Combativa e outras entidades.

“Esta união da classe trabalhadora é a melhor homenagem e reconhecimento que podemos oferecer ao povo de Jujuy que resiste e não permite que se apoderem de suas riquezas, salários e vidas”, declarou Hugo Godoy, dirigente da CTA-Autônoma. Para Godoy, a massiva solidariedade reflete o apoio a “um povo digno que não se resigna a que sejam impostas reformas que queiram fazer de Jujuy um sultanato”.

“Nossa mobilização pede ao governo nacional que tome medidas concretas para acabar com a repressão, para libertar os presos, para defender os direitos dos trabalhadores. Nosso compromisso é manter a união e a luta”, sublinhou.

O secretário-geral da UTEP, Esteban Castro, recordou que “alguns de nós estivemos na semana passada em Jujuy e seguimos aprendendo o valor da unidade, uma união que está garantindo que Gerardo Morales não possa fazer o que bem entenda”. “É isso o que estamos demonstrando com esta enorme mobilização à Casa de Jujuy, que é de todo o povo e não privativa daquele senhor”, acrescentou.

A dirigente da Associação dos Trabalhadores do Estado (ATE-Província de Buenos Aires), Vanina Rodríguez, reiterou o significado de tão ampla mobilização “contra a repressão do povo de Jujuy nas mãos de Gerardo Morales, claramente injusta, brutal e que subjuga o direito de greve dos povos garantido pela Constituição Nacional”. “É claro que o que aquele governador está escondendo é o negócio do lítio em detrimento da vida e da saúde”, assinalou.

O dirigente da CTA, Hugo Yasky, apontou que “a Argentina não vai aceitar que convertam Jujuy em um ensaio das políticas repressivas”. “Se sonham com essa Argentina, que se esqueçam. Nas ruas o povo demonstrará que não se brinca com a fome e a repressão. Viva a unidade dos trabalhadores e a história de um povo que não se ajoelha!”, enfatizou.

A manifestação foi encerrada com o hino nacional argentino e o brado unânime de: “Pátria sim, colônia não!”.

Fonte: Papiro