Bolsonaro e Heleno, parceiros de golpismo. Foto: Carolina Antunes/PR

Novas evidências sobre a trama golpista envolvendo militares e bolsonaristas foram divulgadas nesta terça-feira (20). Conforme reportagem do portal UOL, o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) de Jair Bolsonaro, general Augusto Heleno, fez parte de um grupo de Whats App, formado por militares, no qual foram discutidas ações golpistas. 

A informação não causa surpresa, dada a verve autoritária e antidemocrática tanto dos militares quanto dos bolsonaristas. Porém, é uma demonstração clara das intenções de integrantes desses segmentos de atropelar a Constituição e as instituições para evitar que a esquerda voltasse ao poder central.

Segundo a reportagem, assinada por Juliana Dal Piva, Sérgio Etchegoyen, que foi ministro do GSI no governo de Michel Temer (MDB), também estava no grupo, chamado “Notícias Brasil”, criado durante o processo que levou ao impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, e extinto justamente no dia 8 de janeiro, quando houve a tentativa de golpe com o ataque às sedes dos Três Poderes. 

A existência do grupo foi relatada pelo coronel aviador reformado Francisco Dellamora. Ele não quis revelar o nome do administrador — sabe-se apenas que era um brigadeiro. O grupo teria cerca de 40 militares, entre oficiais da ativa e da reserva, integrantes do Estado-Maior, do Ministério da Defesa e militares da área de Informações da Aeronáutica. Embora tenha contado que Heleno não interagia no grupo, Dellamora disse que ele lia as mensagens. 

Entre outros delírios golpistas, Dellamora declarou: “Esse [Rodrigo] Pacheco é o maior canalha do Brasil hoje porque ele não fez o que tem que fazer. Esse cara vai passar para história e para as leis da história do Brasil porque ele não deixa o Congresso fazer o que tem que ser feito. Porque tem que cassar. Ninguém tem que respeitar ninguém do STF não. Tem que cassar. São bandidos. Não existe Justiça no Brasil. Existe uma quadrilha instalada no STF”. 

“Poder moderador” 

A reportagem diz que “o anseio por alguma ação contra a posse de Lula se seguiu até 8 de janeiro. Segundo Dellamora, existia uma expectativa de greve ou da eclosão de um movimento que, na visão dele, permitisse o ‘uso da lei e da ordem’, uma referência a uma interpretação equivocada para o uso do artigo 142 da Constituição como um poder moderador pelas Forças Armadas, o que é falso”. O coronel reformado disse que a base para uma intervenção ou mesmo o adiamento da posse de Lula seria o malfadado relatório das Forças Armadas que, conforme esperavam os bolsonaristas, apontaria a existência de fraude nas urnas, o que não aconteceu.  

Heleno disse não se lembrar do grupo ou da leitura das mensagens e que que nunca ouviu “essas histórias de que se vai decretar intervenção”. Etchegoyen argumentou que se manifestou poucas vezes, não lembrava o que disse, mas negou ter se envolvido em debates sobre intervenção. 

Segundo a reportagem, que ouviu o professor de Direito da Fundação Getúlio Vargas, Thiago Bottino,“em tese, a situação de Heleno, como ministro, pode configurar prevaricação, mas uma investigação do Ministério Público Federal deveria ser instaurada para identificar outros crimes como associação criminosa”. 

Na trama golpista que fica cada dia mais clara, outro fato importante veio à tona na semana passada, quando foi noticiado que mensagens recuperadas do celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro, mostram diálogos entre oficiais do Exército com o objetivo de arquitetar um golpe, afastar ministros do STF e estabelecer uma intervenção militar. 

No conjunto de conteúdos encontrados, havia um documento, de autoria não revelada, que declarava estado de sítio no país. Em meio a estes conteúdos, também imperava a tese das “Forças Armadas como poder moderador”. 

Com informações do UOL

(PL)