Trump encheu dispensas e banheiros da mansão de Mar-a-Lago com caixas de papéis secretos | Foto: Reprodução/Twitter/fotocomposição

Donald Trump enfrenta 37 acusações criminais que foram tornadas públicas na sexta-feira (9) pelo Departamento de Justiça dos EUA, confirmando que o ex-presidente dos Estados Unidos se tornou réu por ter retirado documentos confidenciais da Casa Branca quando deixou a Presidência em 2021.

A acusação afirma que Trump armazenou em caixas na sua casa de Mar-a-Lago, na Flórida, “informações sobre as capacidades de defesa e armas dos Estados Unidos e de países estrangeiros; programas nucleares dos Estados Unidos; vulnerabilidades potenciais dos Estados Unidos e seus aliados a ataques militares e planos para uma possível retaliação em resposta a um ataque estrangeiro”.

O processo inclui fotos que mostram as caixas de documentos em um banheiro, no palco de um auditório e em uma despensa da sua casa e também em um clube de golfe em Nova Jersey.

Trump também é acusado de ter compartilhado com terceiros um mapa relacionado a uma operação militar dos EUA. A acusação diz que os materiais vieram do Pentágono, da CIA, da NSA e de outras agências de inteligência e que o ex-presidente “se esforçou para obstruir as investigações do FBI e do grande júri e ocultar a retenção desses documentos confidenciais”.

Os procuradores afirmam que a potencial divulgação dos documentos “teria colocado em perigo a segurança nacional dos Estados Unidos”.

O promotor especial Jack Smith, encarregado da acusação, afirmou, no sábado (10), que a lei se aplica a todos e que buscará um julgamento rápido “em conformidade com o interesse público e os direitos do acusado”. Ele também pediu ao público em geral que lesse o documento de acusação para entender “o escopo e a gravidade dos crimes”.

De acordo com o documento de 49 páginas, os crimes mais graves imputados, como obstrução da justiça e conspiração, são puníveis com até 20 anos de prisão e multas de até 250 mil dólares (R$ 1,3 milhão), e os menos graves, como conspiração para ocultar, com cinco anos de prisão e a mesma penalidade financeira.

Além de Trump, também é acusado no mesmo caso Waltine Nauta, assessor militar que trabalhou para ele durante seu mandato como presidente (2017-2021) e foi visto transportando caixas com documentos oficiais em Mar-a-Lago, no estado da Flórida.

Após a formalização da acusação, dois dos advogados de Donald Trump renunciaram.

O processo ocorre em meio à campanha das primárias que vão definir o candidato do Partido Republicano na disputa pela presidência do país nas eleições de 2024.

“Nunca pensei que algo assim pudesse acontecer com um ex-presidente dos Estados Unidos que recebeu mais votos do que qualquer outro presidente na história do nosso país”, escreveu Trump tentando contestar as evidências, na sua rede Truth Social. Com essa declaração Trump insiste em insinuar – sem nenhuma evidência ou prova – que teria tido mais votos do que Biden.

Donald Trump é o primeiro ex-presidente na história dos Estados Unidos a ser indiciado pela justiça federal. O republicano deve fazer uma primeira aparição no tribunal na próxima terça-feira, um dia antes do seu 77º aniversário.

Este é o segundo caso criminal a envolver o ex-presidente dos EUA, depois de ter sido acusado em março no caso da compra do silêncio de uma atriz de filmes pornográficos em 2016.

Fonte: Papiro