Dimitry Kuleba, ministro do exterior da Ucrânia, acusa a Rússia, mas veta qualquer investigação sobre a explosão | Foto: AFP

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitry Kuleba, rejeitou os pedidos no Conselho de Segurança da ONU para realizar uma investigação internacional sobre o ataque à usina hidrelétrica de Kakhovka, na província de Kherson, em entrevista no canal 1+1 de Kiev, na sexta-feira (9).

Comentando sobre o que aconteceu na represa do rio Dnieper, ao norte da capital ucraniana, na terça-feira (6), o ministro tentou se justificar dizendo que essa investigação seria um “jogo de ganha-perde com os russos”.

“Eles só me incomodam com seu jogo constante de quase justiça. Estão tentando incriminar a Ucrânia por explodir algo lá? Fiquem tranquilos, queridos”, disse.

Na última quarta-feira, o presidente da Turquia, Recep Erdogan, em conversa telefônica com Volodymyr Zelensky, propôs a criação de uma comissão internacional para investigar a destruição da barragem de Kakhovka, que incluiria especialistas das partes em conflito, além da Turquia e da ONU, e não teve resposta.

No mesmo dia, Erdogan conversou por telefone com o presidente russo, Vladimir Putin, e fez a mesma proposta, oferecendo a capital de seu país, Ancara, como coordenadora da investigação, ideia que foi recebida com disposição de implementar as medidas de forma imediata.

Segundo dados preliminares divulgados na quarta-feira (7), “entre 22.000 e 40.000 pessoas” estão na zona de desastre afetada pela inundação, após a destruição da barragem da hidrelétrica de Kakhovka, por bombardeio das forças de Kiev, informou o governador interino da região de Kherson, Vladimir Saldo, ao programa Solovyov Live.

A parte superior da barragem e os equipamentos da usina hidrelétrica de Kakhovka foram destruídos por um bombardeio ucraniano na noite de 5 de junho, como denunciou a Rússia ao Conselho de Segurança da ONU na reunião de emergência de terça-feira (6), levando à inundação de cidades e cultivos e pondo em risco a vida dos moradores.

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, comentou que “não há nada de surpreendente” na rejeição de Kiev à ideia de uma investigação independente sobre a destruição da barragem da hidrelétrica.

“Onde estão os terroristas e seus patrocinadores e onde está a investigação? Lembrem-se de como os Estados Unidos e os países que se submetem à sua política bloquearam na ONU uma resolução russa propondo uma investigação independente sobre as explosões nos gasodutos Nord Stream e Nord Stream 2”, escreveu a porta-voz em seu canal no Telegram.

Tal investigação “seria um osso na garganta para Zelensky”, cujo regime “nem sequer apresentou à ONU a lista de pessoas declaradas mortas em Bucha”, afirmou Zakharova, referindo-se ao massacre de centenas de civis na província de Kiev orquestrado no ano passado para culpar as forças russas, quando estas já se haviam retirado da região.

O presidente russo, Vladimir Putin, chamou o ataque à represa de “ação bárbara” e “uma aposta perigosa na escalada das hostilidades” e acusou Kiev de cometer “crimes de guerra” e organizar “sabotagens em território russo”.

Fonte: Papiro