Carlos Fernadez de Cossio, vice-chanceler cubano e Wang Webin, porta-voz da Chancelaria da China | Fotos: Cubaminrex e Tass-composição

O vice-ministro das Relações Exteriores de Cuba, Carlos Fernandez de Cossio, refutou na sexta-feira (9) como “totalmente mentirosa e infundada” artigo do Wall Street Journal asseverando a próxima instalação de uma estação de espionagem da China em Cuba, classificando-a, ainda, de uma invenção dos EUA para justificar o embargo econômico de décadas de Washington contra a ilha.

Na véspera, o Wall Street Journal alardeou que a China chegou a um “acordo secreto” de “vários bilhões de dólares” com Cuba para estabelecer uma instalação de espionagem eletrônica na ilha a cerca de 160 quilômetros da Flórida, provocação prontamente repetida pela CNN e outros antros da desinformação, citando “fontes da inteligência”. A farsa foi ao ar em paralelo à divulgação, pela mídia, do plano do secretário de Estado Antony Blinken de “visitar a China”.

Cossio enfatizou que “além dos direitos soberanos de defesa de Cuba, nosso país é signatário da Declaração da América Latina e do Caribe como Zona de Paz, assinada em Havana em janeiro de 2014. Conforme esta declaração, rejeitamos qualquer presença militar estrangeira na América Latina e no Caribe”.

Ele acrescentou que, de acordo com esses princípios, a ilha também repudia as numerosas bases e efetivos militares dos Estados Unidos na região, especialmente a que atualmente ocupa ilegalmente uma porção do território cubano na província de Guantánamo. “A hostilidade dos Estados Unidos contra Cuba e as medidas extremas e cruéis que causam danos humanitários e punem o povo cubano não podem de forma alguma ser justificadas”, concluiu o diplomata.

O vice-ministro classificou as falsidades de “tentativas de enganar a opinião pública nos Estados Unidos e no mundo” e lembrou episódios anteriores, como os supostos ataques acústicos contra o pessoal diplomático norte-americano em Havana, a falsa alegação de uma inexistente presença militar cubana na Venezuela e a mentira sobre a existência imaginária de laboratórios de armas biológicas.

Em Pequim, o porta-voz da chancelaria chinesa, Wang Webin, rechaçou a farsa do WSJ, exigindo que os EUA não se intrometam nos assuntos internos de Cuba e os acusou de propagar calúnias sobre a suposta construção de um centro de espionagem na ilha caribenha.

Wang denunciou que a disseminação de rumores e difamação se tornou uma prática comum de Washington, que a utiliza para se intrometer nos assuntos de outras nações e acredita ter o direito de monitorar tudo o que acontece no mundo. Ele criticou o país norte-americano por manter uma prisão em um território ocupado em Cuba, participar de atividades encobertas e cometer crimes contra a maior ilha das Antilhas por mais de seis décadas.

Wang também instou Washington a ouvir o apelo internacional e suspender imediatamente o bloqueio econômico, financeiro e comercial, assinalando que isso beneficiaria ambas as partes, bem como a paz e a estabilidade da região.

A China também chamou os EUA a “parar de minar a base política das relações bilaterais”, com o jornal Global Times, porta-voz oficioso de Pequim, apontando que é a “falta de sinceridade” de Washington que “impede o progresso no diálogo China-EUA”.

Para o GT, “as últimas notícias sensacionais da mídia americana sobre a ‘instalação de espionagem da China’ em Cuba, que lembra a crise dos mísseis cubanos em 1962 – uma das cenas mais ferozes da Guerra Fria entre os EUA e a União Soviética – pode ser uma nova farsa encenada pela mídia e alguns políticos dos EUA como ‘bom policial, mau policial’ com o objetivo de ganhar ‘vantagem’ e pressionar a China em qualquer diálogo possível”.

No entanto, o brigadeiro-general Patrick Ryder, porta-voz do Departamento de Defesa dos EUA, negou o relatório e disse: “Não temos conhecimento de China e Cuba desenvolvendo um novo tipo de estação de espionagem”. John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, disse que o relatório não é “preciso”, ao mesmo tempo em que observou as “preocupações reais” dos EUA sobre as relações da China com Cuba.

Para um acadêmico ouvido pelo GT, professor Li Haidong, dada a influência do Wall Street Journal no círculo empresarial e comercial, seu relatório sobre a chamada estação de espionagem em Cuba “pode ter um propósito mais malicioso – sugerir que a crescente competição geopolítica entre a China e os EUA tornou a China um lugar inseguro para investimentos. , prejudicando a confiança do mundo exterior na China”.

O veterano diplomata cubano José Cabanas twittou a história do WSJ e comentou: “Desculpe pessoal, vocês ainda não se recuperaram do fiasco de “ataques sônicos” e “20.000 soldados na Venezuela” e estão tentando demonizar Cuba novamente. Vocês não sentem vergonha de vez em quando?”

Fonte: Papiro