Sabotagem do regime de Kiev coloca em risco o futuro do “acordo dos grãos” negociado com a ONU | Foto: RIA Novosti/Yuri Strelets

Sabotadores ucranianos explodiram na noite de segunda-feira (5), o importante oleoduto de amônia que parte de Togliatti, cidade russa às margens do rio Volga e chega a Odessa, perto da vila de Masyutovka, na região de Kharkiv, na fronteira com a Rússia, denunciou nesta quarta-feira (7) o governo Putin. Amônia é altamente perigosa no caso de inalação e é inflamável, o que aumenta seus riscos.

“O resultado desse ato terrorista deixou vítimas entre a população civil, que recebeu a assistência médica necessária”, informou o porta-voz do Ministério da Rússia, Igor Konashenkov, alertando que “resíduos de amônia do território ucraniano estão sendo vazados ao longo dos trechos danificados do oleoduto”. O atentado não deixou vítimas entre os militares russos que controlam a área, acrescentou Konashenkov.

O escoamento de cerca de 130 toneladas de amônia – crucial para a produção de fertilizantes -, em pleno território ucraniano, pode colocar em risco o futuro do “acordo de grãos”. Negociado com as Nações Unidas, o acerto permite que a Ucrânia transporte para exportação produtos agrícolas via Mar Negro e, em troca, permite que grãos e fertilizantes russos possam também ser exportados. Moscou tem repetidamente exigido que Kiev desbloqueie o oleoduto como condição para a renovação do acordo.

Comentando sobre a ruptura do oleoduto, o secretário de imprensa do Kremlin, Dmitry Peskov, observou que o incidente “poderia ter apenas um impacto negativo”, “mas ainda não sabemos a magnitude da destruição que ocorreu e nem o que o lado ucraniano vai fazer”.

Peskov recordou que a Rússia considera o futuro do oleoduto “parte integrante” do acordo de grãos e disse que a explosão representa “outro fator bastante complicador quando se trata da continuação do negócio”.

Além disso, Moscou manifestou repetidamente sua preocupação de que, embora o acordo tenha de fato desbloqueado as exportações de grãos ucranianos, as sanções ocidentais sobre o conflito na Ucrânia ainda impedem os embarques russos.

Apesar disso, no dia 18 de maio, a Rússia concordou em prorrogar o acordo por mais dois meses, alertando que, se suas exigências não fossem atendidas, a negociação não poderia ser estendida nem prolongada além de 17 de julho.

Em entrevista à RIA Novosti, Leonid Khazanov, especialista independente em indústria e energia, avaliou que “a explosão significa a impossibilidade de reiniciar não só o oleoduto de amônia, mas também a usina portuária de Odessa, que é seu destino final”. “Claro, uma sabotagem no oleoduto de amônia Togliatti-Odessa (assim como o colapso da barragem da usina hidrelétrica de Kakhovska) pode acabar com o destino futuro do negócio de grãos: depois dele, não há sentido em prorrogá-lo”, assinalou o especialista, para quem “o processo de restauração da área afetada pode levar de um a dois meses”.

Para Khazanov, o grau de perigo do acidente depende de quão longe as moradias ficam do cano, quantas pessoas moram nelas, se havia espaços verdes, qual é a direção dos ventos e a temperatura. Mas em qualquer caso, alertou, a população deve ser evacuada e mantida distante do local.

Fonte: Papiro