Li Song (e) e Zhang Kejian, presidente da Autoridade de Energia Atômica da China | Foto: Missão Permanente da China na ONU

Zhang Kejian, presidente da Autoridade de Energia Atômica da China, afirmou em uma reunião do Conselho de Governadores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) que o plano do Japão de descarregar águas residuais radioativas da Usina Nuclear de Fukushima Daiichi no oceano não é um assunto privado do país, mas uma questão importante que afeta o ambiente marinho global e a saúde pública de todos.

“É extremamente irresponsável” para o Japão prosseguir arbitrariamente com seu plano de descarga de água contaminada por energia nuclear, ressaltou.

“Desconsiderando as preocupações legítimas de seu próprio povo e de outros países, o Japão não forneceu uma resposta científica e confiável às preocupações de todas as partes, nem consultou totalmente seus vizinhos e outras partes interessadas”, acrescentou Zhang.

Na tarde de segunda-feira (5), o Japão começou a enviar água do mar para um túnel subaquático construído para liberar águas residuais radioativas das usinas de Fukushima no oceano sem qualquer anúncio prévio, de acordo com relatos da mídia chinesa.

Zhang observou que o plano de descarga do Japão não tem precedentes em termos de grande quantidade de água contaminada por energia nuclear, a complexidade da composição das águas residuais e o longo período de descarte. As águas residuais tratadas ainda possuem vários tipos de radionuclídeos (isótopos instáveis, ou seja, sujeitos ao processo de decaimento radioativo) que excedem os padrões, e a eficácia da tecnologia relevante ainda precisa ser verificada.

É “inaceitável” que o Japão avance com o plano de descarga sem verificar a confiabilidade de longo prazo da tecnologia relevante e do equipamento de purificação, apontou Zhang.

Zhang também instou a AIEA a continuar mantendo uma postura objetiva e imparcial, ouvir plenamente as partes envolvidas e implementar rigorosamente os padrões internacionais de segurança relevantes e boas práticas. E frisou que o Japão deve aceitar a estrita supervisão internacional e não deve prejudicar a presença da autoridade da força-tarefa técnica da AIEA ou distorcer os seus relatórios para justificar seu plano de descarga de águas residuais, concluiu Zhang.

Um representante japonês tentou desconversar na reunião do conselho da AIEA na segunda-feira, dizendo que as águas residuais tratadas de Fukushima não são diferentes da água descarregada de uma usina nuclear em operação normal e que o plano de descarga de águas residuais do Japão é científico e foi revisado e certificado pela AIEA.

Em resposta, Li Song, representante permanente da China nas Nações Unidas e em outras organizações internacionais em Viena, perguntou: “Se as águas residuais tratadas são realmente inofensivas, por que o Japão insiste em despejá-las no oceano?”

Li observou que o Ministério da Economia, Comércio e Indústria do Japão propôs cinco planos para o descarte das águas residuais de Fukushima junto com outros planos apresentados por especialistas dos países vizinhos do Japão. No entanto, o Japão decidiu unilateralmente liberar as águas residuais no oceano sem deliberar totalmente sobre as outras opções.

“O comitê de especialistas do governo japonês deu uma explicação clara para o plano de descarte: é a opção mais barata com riscos mínimos de poluição para o próprio Japão”, disse Li, acrescentando que o ato egoísta do Japão transferirá o risco de poluição para seus vizinhos e o meio ambiente.

Ele também observou que o Japão convidou a força-tarefa da AIEA para visitar o Japão com o único propósito de avaliar o plano de descarga de águas residuais, em vez de abordar todas as outras opções.

“Sob esta circunstância, qualquer que seja a avaliação ou conclusão que a força-tarefa da AIEA possa fazer, isso não significa que o plano de descarga seja a única, mais segura e confiável opção”, considerou.

O representante chinês instou o Japão a abordar as sérias preocupações da comunidade internacional, descartar as águas residuais de Fukushima da maneira mais segura e prudente e aceitar a estrita supervisão internacional para garantir que as águas residuais não tragam danos de longo prazo ao mundo.

Fonte: Papiro