Cristina Kirchner, vice-presidente da Argentina | Foto: AFP

O juiz federal argentino Sebastián Casanello absolveu a vice-presidente Cristina Fernández de Kirchner no caso conhecido como “a rota do dinheiro K”, onde ela estava sendo investigada por suposta lavagem de dinheiro, informou a agência estatal Télam.

O magistrado se referiu na resolução ao parecer do procurador do caso, Guillermo Marijuan, e ao posicionamento coincidente da Unidade de Informações Financeiras (FIU) e da Administração Federal de Receitas Públicas (AFIP), que julgaram pela absolvição, acrescentou a agência.

Consultados sobre esse pedido, “ambos os órgãos compartilharam a solução postulada”, frisou o juiz.

Casanello ainda destacou em sua decisão que “o procedimento realizado não fere o bom nome e a reputação” da vice-presidente argentina.

O promotor Marijuan pediu na semana passada a absolvição de Cristina por considerar que não há provas que demonstrem que a ex-presidente (2007-2015) esteve envolvida no caso de corrupção e lavagem de dinheiro que indaga a suposta expatriação e posterior repatriação de cerca de US$ 60 milhões em uma tentativa de legitimar esses capitais pela qual o empresário Lázaro Báez foi condenado a 10 anos de prisão.

“Depois de esgotadas as medidas de provas, encerrou a investigação aberta há sete anos para determinar se a ex-presidente havia participado das operações de lavagem de dinheiro atribuídas neste caso a Lázaro Báez e seu grupo”, acrescentou Marijuan.

O promotor do caso reconheceu “a direta relação” entre Fernández e Báez no trabalho do governo, mas advertiu que após 10 anos de investigação, não conseguiu provar que Cristina participou “daquela concreta e pontual manobra de lavagem de dinheiro”.

Báez concentrou sob o governo de Néstor Kirchner (2003-2007) e os dois mandatos de Fernández grande parte das obras de infraestrutura realizadas na província de Santa Cruz (na Patagônia argentina) por meio de sua empresa Austral Construcciones.

NADA FOI ENCONTRADO

A investigação em vários momentos ultrapassou os limites permitidos pela justiça e provocaram denúncias de interferência ilegal do ex-presidente Mauricio Macri (2015-2019) no caso. Guillermo Marijuan vasculhou contas no exterior, supostas empresas ocultas, bens não declarados da vice-presidente e nada encontrou, segundo consta do processo divulgado.

Também tentou verificar se os bens de Lázaro Báez estavam em nome de alguma empresa obscura que pudesse estar ligada aos Kirchner. Ele não encontrou nada. Cavou poços na Patagônia, rastreou as paredes das casas de Cristina com scanners e até ameaçou invadir o mausoléu onde Néstor Kirchner descansa. E também não houve resultado nenhum.

Com esta decisão, um dos processos judiciais contra a líder argentina é encerrado enquanto as forças do movimento peronista continuam denunciando que tais acusações promovidas pelas fileiras macristas contra a ex-presidente são infundadas e buscam retirá-la da esfera política.

Fonte: Papiro