Americanos desembarcam fortemente armados | Foto: Ahoraelpueblo

O Movimento Novo Peru lançou um manifesto nesta sexta-feira (2) em que “repudia o ingresso dos 1.237 integrantes das Forças Armadas dos Estados Unidos ao país, avalizado pela ditadura de Dina Boluarte”. Peruanos denunciam que as tropas chegam para ampliar sua capacidade de repressão do governo “vende-pátria”.

Desde que tomou o poder de assalto, a partir dos protestos de 7 de dezembro de 2022, o governo já assassinou cerca de 70 manifestantes desarmados e agora autoriza a entrada dos norte-americanos, “com armas de guerra, meios aéreos e náuticos”, com a declarada finalidade de treinar as Forças Armadas, as Forças Especiais, o Comando de Inteligência e a Polícia Nacional de primeiro de junho a 31 de dezembro.

Oficialmente, o treinamento, que contará com fuzis, pistolas, metralhadoras, lança-granadas, canhões e morteiros, será realizado em Lima, Callao, Loreto, San Martín, Santa Lucía, Huánuco, Ucayali, Pasco, Junín, Huancavelica, Cusco, Ayacucho, Iquitos, Pucusana e Apurímac.

“Este ato de subordinação e abandono da soberania nacional”, condenou o Novo Peru, representa uma “provocação e uma intimidação diante da expressão democrática e popular” das novas mobilizações marcadas para julho em defesa da democracia e de melhores condições de vida e trabalho.

Recordando a sentença do Judiciário que afirma que no Peru “não há direito de protesto”, o movimento denunciou a recente tentativa de intimidação feita pelo presidente do Conselho de Ministros, Alberto Otarola, de que a repressão estaria a postos para que não haja nenhuma “tomada de Lima” pela população.

“Enquanto o governo de Lula no Brasil suspendeu a venda de armas ao Peru, e existe um repúdio internacional frente às violações dos direitos humanos e dos assassinatos cometidos, a general Laura Richardson, chefe do Comando Sul dos Estados Unidos, afirmou, sem escrúpulos, que a América Latina tem importantes recursos naturais, água e minerais que correspondem aos interesses norte-americanos”, apontou o Novo Peru, alertando para o que está em jogo. Sem meias palavras, advertiu o movimento, a comandante ianque deixou claro qual é o seu objetivo: “interromper o avanço da China na região, pois o ‘triângulo de lítio’ que a Argentina, a Bolívia e o Chile possuem representa 60% das reservas mundiais e não pode estar em mãos de adversários”.

No Peru, infelizmente, condena o manifesto, o governo normaliza a entrada de tropas estadunidenses, quando “o contexto político nacional e internacional revela que estamos em tempos complexos e de crise”, e deveríamos lutar pela “paz com justiça social para a América Latina”.

“De forma alguma podemos aceitar tropas norte-americanas em nosso território e exigimos a sua retirada. Dina e Otárola pedem reforços e tecnologia moderna para reprimir o povo. Nós levantaremos a voz e em todas as manifestações vamos assinalar: Yankees fora do Peru!”, sublinhou o documento.

O secretário-geral da Confederação Geral dos Trabalhadores do Peru (CGTP), Gerónimo López, acrescentou que “este é um ato de ingerência estrangeira inadmissível, de violação da soberania, que visa reforçar a presença de bases militares de Washington em nossa região”.

Fonte: Papiro