Torcedores do Valencia chamam o atacante do Real Madrid de macaco durante a partida no domingo | Foto: Reprodução

A polícia espanhola prendeu sete homens nesta terça-feira (23) por ataques racistas contra o atacante brasileiro do Real Madrid, Vinícius Jr.

A polícia espanhola abriu uma investigação de crime de ódio após um boneco inflável vestido com a camisa do jogador ter sido pendurado em uma ponte em frente ao centro de treinamento do Real Madrid.

Ao lado do boneco havia uma faixa vermelha e branca, que são as cores do time rival do Real Madrid, o Atlético de Madrid, dizendo “Madri odeia o Real”. A faixa tinha 16 metros.

Três homens foram presos em Valencia por conduta racista em uma partida entre Valencia e Real Madrid, informou a polícia no Twitter.

Outros quatro homens também foram presos na capital espanhola, segundo a polícia. Desses quatro, três eram membros de “um grupo radical de torcedores de um clube de Madri”, afirma a polícia, que já os havia classificados como “de alto risco” numa iniciativa de conter a violência durante os jogos.

As prisões ocorreram um dia depois que o chefe da federação espanhola de futebol, Luis Rubiales, disse que o futebol do país tem um problema de racismo, após uma denúncia de crime racial apresentada pelo Real Madrid por causa do ataque racista que Vini Jr sofreu no último domingo.

O jogador, em um post nas redes sociais, chamou o abuso de “desumano” e pediu aos patrocinadores e emissoras que responsabilizassem a LaLiga.

A LaLiga, que está sob pressão mundial para fazer mais contra o racismo após os recorrentes ataques a Vinicius Jr e outros casos, disse em um comunicado nesta terça-feira que se sentia “impotente” para enfrentar o problema, enquanto a legislação espanhola limitou suas ações a apenas detectar e denunciar ocorrências racistas.

A liga listou uma série de incidentes contra jogadores negros, incluindo nove contra Vinícius, que não foram a julgamento por falta de provas e pediu que a lei fosse modificada.

Vinícius tem demonstrado frustração e indignação pela LaLiga não ter exercido pressão sobre a federação espanhola, que tem o poder de impor fechamentos e proibições de estádios. “O que falta para criminalizarem essas pessoas? E punirem esportivamente os clubes? Por que os patrocinadores não cobram a La Liga? As televisões não se incomodam de transmitir essa barbárie a cada fim de semana?”

“A cada rodada fora de casa uma surpresa desagradável. E foram muitas nessa temporada. Desejos de morte, boneco enforcado, muitos gritos criminosos. Tudo registrado. Mas o discurso sempre cai em ‘casos isolados’, ‘um torcedor’. Não, não são casos isolados. São episódios contínuos espalhados por várias cidades da Espanha [e até em um programa de televisão]. As provas estão aí no vídeo. Agora pergunto: quantos desses racistas tiveram nomes e fotos expostos em sites? Eu respondo pra facilitar: zero. Nenhum para contar uma história triste ou pedir aquelas falsas desculpas públicas”, declarou o jogador da seleção brasileira

No final de sua postagem Vinícius Júnior afirma que “o problema é gravíssimo e comunicados não funcionam mais”. Segundo o atacante, estas agressões, que têm se tornado recorrentes, “não é futebol, é falta de humanidade”.

Fonte: Papiro