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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, decidiu retirar o sigilo sobre as investigações do inquérito relativo à falsificação de carteira de vacinação contra a Covid-19, envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid e aliados. A determinação ocorreu na tarde desta quarta-feira (3). 

Ao autorizar a operação que levou a buscas, apreensões e prisões, Moraes destacou que “diante do exposto e do notório posicionamento público de Jair Messias Bolsonaro contra a vacinação, objeto da CPI da Pandemia e de investigações nesta Suprema Corte, é plausível, lógica e robusta a linha investigativa sobre a possibilidade de o ex-presidente da República, de maneira velada e mediante inserção de dados falsos nos sistemas do SUS, buscar para si e para terceiros eventuais vantagens advindas da efetiva imunização, especialmente considerado o fato de não ter conseguido a reeleição nas eleições gerais de 2022”. 

O ministro apontou ainda que “são absolutamente relevantes os indícios da ocorrência efetiva dos crimes, especialmente no contexto agora noticiado de inserção de dados falsos em sistema de informações, o que indicaria, nos termos dos indícios já colhidos, a efetiva existência de uma organização criminosa articulada, com divisão de tarefas e de múltiplos objetivos, tanto no âmbito particular dos investigados, como em aspectos relacionados ao interesse público, em detrimento da credibilidade interna e externa do exemplar controle de vacinação nacional em pleno período pandêmico”, continuou o ministro”. 

Moraes destacou também não haver indicação nos autos que “conceda credibilidade à versão de que o ajudante de ordens do ex-Presidente da República Jair Messias Bolsonaro pudesse ter comandado relevante operação criminosa, destinada diretamente ao então mandatário e sua filha L.F.B., sem, no mínimo, conhecimento e aquiescência daquele, circunstância que somente poderá ser apurada mediante a realização da medida de busca e apreensão requerida pela autoridade policial”. 

Realizada nesta terça-feira (3), a Operação Venire é um desdobramento de investigações baseadas em quebras de sigilo telemático e telefônico de Mauro Cid no âmbito de um outro inquérito, que trata de uma live na qual Bolsonaro associou, sem provas, a vacina contra covid-19 à contaminação por Aids. 

De acordo com a Polícia Federal, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro teria articulado a emissão de cartões falsos de vacinação para Covid-19 para familiares seus, bem como para o ex-presidente e sua filha de 12 anos. 

Segundo as apurações, podem ter sido cometidos crimes como associação criminosa, falsidade ideológica e corrupção de menores.

Além de Cid, também foram presos o policial militar Max Guilherme; Sérgio Cordeiro, segurança de Bolsonaro; o sargento Luiz Marcos dos Reis; o ex-major do Exército Ailton Gonçalves Moraes Barros; e o secretário municipal de Governo de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sousa Brecha.

Com informações de agências

(PL)