Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

A produção industrial do Estado de São Paulo, o maior parque industrial do país, ao variar em alta de 0,2% em março ante fevereiro, “continuou não se saindo bem”, apontou o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), em nota divulgada na última sexta-feira (19). Na comparação anual (março de 2023 ante março de 2022), a atividade industrial de São Paulo caiu 2,4%, segundo a Pesquisa Industrial Mensal Regional (PIM Regional), do IBGE.

Em março de 2023, aponta o Iedi, “São Paulo, que possui o maior e mais diversificado parque industrial do país, ficou virtualmente estagnado ao variar somente +0,2% frente a fev/23, com ajuste sazonal. A última vez que sua indústria cresceu nesta comparação foi em nov/22, assumindo uma trajetória negativa desde então”, ressaltou o instituto.

“Vale observar que a indústria paulista está 2,7% abaixo do pré-pandemia (fev/20), uma defasagem que é o dobro daquela registrada pelo setor no agregado Brasil (1,3% aquém de fev/20). Apenas 1/3 das indústrias regionais se apresenta acima deste patamar, com destaque para Amazonas (+16,4%), Minas Gerais (+11,5%) e Rio de Janeiro (+5,6%)”, observou.

A produção industrial nacional variou em alta de 1,1% em março contra o mês imediatamente anterior, de acordo com dados divulgados pelo IBGE.  Pesa sobre a indústria brasileira os juros altos reprimindo a demanda de bens e serviços, além dos investimentos no país. “O atual ambiente de elevadas taxas de juros tende a comprometer mais seu desempenho. O mesmo vale para alguns ramos do varejo, cujas vendas dependem do crédito”, avalia o Iedi.

O Iedi explica que o saldo positivo da produção industrial nacional em março veio na esteira dos parques regionais Norte e no Nordeste, que obtiveram resultados mais robustos, e da recuperação do Rio Grande do Sul.

“Entre as altas mais intensas, ficaram a região Nordeste (+6,8%) e os estados do Norte do país, notadamente, o Amazonas (+8,7%), mas também o Pará (+4,3%). A indústria gaúcha, contando com uma base baixa de comparação, registrou +5,6%, o que apenas parcialmente compensou a retração de jan-fev/23”, disse o Iedi.

No entanto, o instituto ressalta que, ao todo, 72% dos parques regionais da indústria brasileira não conseguiram crescer no primeiro trimestre de 2023, “o que sinaliza um processo bastante espalhado geograficamente”, frisou. “Quedas intensas marcaram o desempenho do Rio Grande do Sul (-9,2%), que já tinha ficado no vermelho no 4º trim/22 (-1,8%), Mato Grosso (-7,2%) e Rio de Janeiro (-5,2%), que amenizou suas perdas, mas que também não cresce desde o final do ano passado (-9,9% no 4º trim/22)”, observou o Iedi.

O Iedi também observou que no primeiro trimestre de 2023 “a indústria paulista pisou no freio mais fortemente do que o agregado Brasil, passando de uma alta de +5,8% no 4º trim/22 para uma retração de -3,0% no 1º trim/23”.

Variações interanuais da produção física industrial no Brasil:

•  Brasil: +0,1% no 3º trim/22; +0,6% no 4º trim/22 e -0,4% no 1º trim/23;

•  São Paulo: 0,2%; +5,8% e -3,0%, respectivamente;

•  Rio de Janeiro: +4,0%; +8,1% e +6,1%;

•  Nordeste: +2,9%; -12,2% e -4,2%;

•  Amazonas: +13,0%; +0,6% e +14,8%;

•  Rio Grande do Sul: +3,9%; -1,8% e -9,2%, respectivamente.

“Além de mais intensa”, segue o Iedi, “o declínio da indústria paulista no 1º trim/23 também foi mais difundido, atingindo 78% de seus ramos ante 64% no total Brasil. Os ramos com os piores resultados em São Paulo foram equipamentos de informática e eletrônicos (-33,4%), minerais não metálicos (-13,3%) e extrativa (-12,1%). Atenuaram a situação têxteis (+16,4%) e farmacêuticos e farmoquímicos (+16,3%)”, citou o instituto.

“O quadro de fraco dinamismo da atividade industrial pode ser amenizado com uma redução forte da taxa de juros”, defende a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

A federação paulista projeta que, com os juros domésticos sendo mantidos nos atuais patamares – impactando os canais de crédito, aumentando a inadimplência e comprometendo a renda das famílias e das empresas -, a atividade industrial brasileira deve obter uma queda de 0,5% em 2023.

Fonte: Página 8