Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

A inadimplência das empresas no Brasil bateu recorde em março, ao atingir 6.486.129 empresas no mês, de acordo a Serasa Experian. Com a pressão dos juros altos – alavancada pela taxa de juros Selic do Banco Central, hoje em 13,75% ao ano-, o Indicador de empresas negativadas da Serasa constatou que, na passagem de fevereiro para março, houve um acréscimo de quase 24 mil CNPJs, sendo o maior patamar já constatado pelo índice, iniciado em 2016.

O total em volume devido pelas empresas é de R$ 114,8 bilhões. “Com juros ainda fortes, inflação alta e muitas pessoas negativadas, o poder de compra não tem incentivo e o fluxo de caixa dos empreendimentos continua em desaceleração, dificultando a quitação de dívidas”, declarou Luiz Rabi, economista da Serasa Experian,

De acordo com a Serasa, do total das dívidas, 54% estão concentradas no setor de serviços. Depois vem o comércio, (37,2%) e a indústria (7,7%), entre os setores econômicos mais endividados. A Região Sudeste concentra mais da metade dos negócios inadimplentes do país (52,9%). Em segundo lugar vem a Região Nordeste (16,8%), seguida pelo Sul (16,3%), Centro-Oeste (8,7%) e Norte (5,3%).

Segundo o Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa, ainda, dentre o total de empresas negativadas, cerca de 5,76 milhões eram micro e pequenos negócios (MPEs), compondo a maior parcela entre os inadimplentes. Comparando com março do ano anterior, houve aumento de 4,5% na negativação dos pequenos negócios.

Com o Brasil tendo a maior taxa de juros real do mundo, mais da metade das pequenas empresas comprometem mais de 30% de seu custo mensal com o pagamento de dívidas, segundo números do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). O novo presidente, Décio Lima, ao assumir o cargo no mês passado, afirmou que o patamar atual de Selic é uma “perversidade” contra os pequenos negócios.

“Não vamos atrair novos negócios para fomentar o processo de industrialização, para dar valor agregado aos nossos produtos, gerar emprego se, evidentemente, não tivermos um patamar com relação a taxa de juros. A taxa de juros se transforma em uma verdadeira perversidade contra todos nós, especialmente com o pequeno empresário. Então é algo que tem que ser enfrentado dentro da responsabilidade. Não podemos conviver absolutamente com os abusos que visivelmente têm sido colocados com relação à manutenção de taxas que não condizem com a vida normal do processo econômico. O juro é a coisa mais perversa e ruim para os pequenos negócios”, declarou Décio Lima, em entrevista ao Globo.

Fonte: Página 8