Secretária-geral do Unison, Christina McAnea (de blusa verde), lidera o sindicato em defesa do sistema de Saúde NHS | Foto:Unison

Maior sindicato inglês, o Unison (The Publique Service Union) está processando o governo do Reino Unido por enviar nova “Lei de Greve” acabando com conquistas como a proibição à utilização de fura-greves pelos patrões, permitindo às empresas contratar trabalhadores de empresas terceirizadas durante as paralisações.

A ação do Unison, que deverá ser julgada esta semana na Corte Suprema, é uma resposta à decisão do então primeiro-ministro e líder do Partido Conservador, Boris Johnson (2019-2022), de investir contra essa conquista histórica do movimento sindical inglês, fundamental para grarantir como real o direito dos trabalhadores ao recurso da greve quando atingidos em suas condições de vida e de trabalho.

O governo enviou projeto de lei que cria a condição legal para o fura-grevismo e iniciou seu processo de votação nesta terça-feira (3).

Além deste ataque, a lei acrescenta restrições graves contra o direito à greve, a exemplo de conferir aos diretores de empresas ou de serviços públicos o direito à demissão de funcionários que aderirem a paralisações mesmo quando estas forem decididas em assembleias ou votações promovidas pelos sindicatos das categorias. Também ameaça com multas as entidades que levarem a efeito paralisações decididas pelas categorias e ainda obriga o trabalhador a atravessar piquetes posicionados à entrada dos locais de trabalho.

Com seus integrantes atuando predominantemente em serviços públicos, como educação e saúde, o sindicato exigiu maior responsabilidade das autoridades no enfrentamento da raiz do problema. “Tentar acabar com as greves utilizando-se de trabalhadores temporários não qualificados e inexperientes não enfrenta as causas pelas quais as pessoas estão paralisadas, e apenas coloca a população em perigo”, alertou a secretária-geral do Unison, Christina McAnea.

“São medidas draconianas e antidemocráticas que estão para ser impostas aos trabalhadores por um governo que há mais de uma década tem criado a situação que atravessamos”, acrescenta a líder sindical, “alta inflação, crise de pagamentos no nosso setor público, em especial no NHS (similar ao nosso SUS), que está de joelhos, além de enfrentarmos perspectivas econômicas nebulosas”.

Os ministros estão pressionando o Parlamento para acelerar a aprovação do acinte anti-trabalhista e, desta forma, inviabilizar a pressão real para o alcance de qualquer reivindicação, obstaculizando o avanço no terreno salarial e de direitos e é, além disso, medida que deixaria a população exposta a riscos, quando atendida por profissionais inexperientes, além de uma inaceitável ação de governo no sentido de atacar a unidade dos trabalhadores em torno de suas entidades sindicais e ferir decisões tomadas pelas categorias em assembleias.

O diretor de serviços jurídicos da Unison, Adam Creme, alertou para “a profunda preocupação diante das repetidas tentativas deste governo de remover direitos dos trabalhadores e de seus sindicatos”.

Em nota solidária aos trabalhadores ingleses, o Congresso dos Sindicatos Europeus declarou que “o Reino Unido já está sob as mais draconianas restrições ao direito de greve na Europa e os planos do atual governo empurrariam ainda para mais longe a legislação que defende aquilo que é considerado normal e uma prática democrática por toda a Europa”.

Fonte: Papiro