Fábrica da Mercedes Benz na China | Vídeo

Cortar os laços com a China colocaria em risco a maior parte da indústria alemã, alertou o executivo-chefe da montadora de carros Mercedes-Benz no domingo (30), Ola Kaellenius. Ele foi entrevistado pelo jornal Bild am Sonntag após retornar de uma viagem de negócios à China, o maior e mais importante mercado da fabricante alemã.

Perguntado se seria concebível para a Mercedes-Benz interromper seus negócios na China, caso as tensões políticas em torno de Taiwan aumentassem como ocorreu com a Rússia após o início do conflito na Ucrânia, o chefe da Mercedes-Benz respondeu categoricamente: “Isso seria impensável para quase toda a indústria alemã.”

Sob a pressão dos EUA para alistar todos os vassalos em sua guerra econômica contra a China, em paralelo ao aprofundamento da dependência europeia na questão da energia e ainda sob a histeria das sanções anti-russas, tem proliferado na Europa uma cruzada contra a suposta dependência econômica da região em relação à China.

“Os principais atores da economia global – Europa, EUA e China – estão tão intimamente interligados que não faz sentido se desvencilhar da China”, disse Kaellenius. “A separação da China é uma ilusão e também não é desejável”, acrescentou.

O que tem como base o fato de que a China é um dos principais parceiros comerciais alemães e o principal fornecedor de matérias-primas essenciais para a transição verde.

A China tem o maior mercado automotivo do mundo, do qual as montadoras alemãs dependem fortemente. Além disso, os principais acionistas da Mercedes-Benz são o grupo chinês BAIC e o presidente da Geely, Li Shufu. Em 2022, a China foi responsável por 18% das receitas e 37% das vendas de carros da Mercedes-Benz, segundo a Reuters.

A Europa depende da China para 98% de seus elementos de terras raras, que são usados ​​na geração de energia eólica, armazenamento de hidrogênio e baterias. Também obtém 97% de seu lítio para baterias do país. A China tem uma posição dominante no processamento de terras raras, com cerca de 60% do lítio mundial refinado no país do leste asiático. A UE também obtém 80% de seus painéis solares da China.

A indústria alemã precisa se tornar “mais resiliente” e “mais independente de países individuais”, por exemplo, quando se trata de baterias de lítio, disse Kaellenius. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, – registrou a RT – disse no mês passado que não era viável para o bloco se separar da China, mas precisava reduzir o risco e “reequilibrar” seus laços econômicos.

Vazamentos que vieram a público na semana passada mostraram que Washington espionou, dentro da Alemanha, uma reunião entre chineses e alemães. O que não é propriamente uma surpresa – como Edward Snowden denunciou em 2013, antes disso já haviam grampeado a então primeira-ministra ngela Merkel.

Fonte: Papiro