Nova Previdência é validada na França e crise político-social aumenta
A reforma da Previdência foi aprovada nesta sexta-feira (14) pelo Conselho Constitucional da França, a última barreira que poderia impedir a imposição de aumento da idade mínima de 62 para 64 anos para se aposentar. Desde que a reforma foi imposta pelo presidente Emmanuel Macron, em 16 de março, os protestos que já aconteciam ganharam vigor. Os trabalhadores e sindicatos organizaram jornadas de manifestações com greves em diversos setores que paralisaram o país.
Na quinta-feira (13), ocorreu a 12ª jornada nacional de protestos que reuniu milhões de manifestantes. Mesmo com todo o apelo e a presença da população nas ruas a Corte não se sensibilizou e manteve a manobra de Macron que se utilizou de um artigo constitucional para não passar o texto pelo parlamento, evitando a chance de ser rechaçado.
Agora Macron deve assinar a Lei em até 48 horas, mas os protestos continuam e a revolta dos manifestantes que continuam nas ruas tem sido reprimida pelas forças de segurança.
Aprovação e revolta
Além de manter o ponto central que é aumento da idade mínima, o Conselho francês também recusou o pedido para um referendo com a população. Um novo pedido de referendo deve ser analisado em 3 de maio.
Nas partes da medida de Macron que foram vetadas estão a reserva de vagas para pessoas entre 55 e 64 anos em empresas com mais de mil funcionários e o incentivo a contratações de pessoas com mais de 60 anos para vagas de longa duração.
A repercussão negativa deve desgastar ainda mais o governo de Macron. Pesquisas indicam que dois a cada três franceses rechaçam a reforma. O presidente pretendia se reunir com representantes de sindicatos na próxima semana, mas todos recusaram.
A Confederação Geral do Trabalho (CGT), principal organizadora dos trabalhadores, já comunicou que até o 1º de Maio, Dia Internacional do Trabalho, não se reunirá com nenhuma autoridade caso não recuem quanto à decisão. Na data os sindicatos se organizam para uma nova grande manifestação caso suas reivindicações não sejam atendidas.
Durante as jornadas de luta dos trabalhadores diversos confrontos ocorreram, com manifestantes detidos e presos. Nas últimas semanas foram registradas invasões em Paris: ao prédio da BlackRock– uma das principais gestoras de patrimônio do mundo – e pelo protesto em frente à cafeteria La Rotonde, com princípio de incêndio na fachada. Na última noite os manifestantes invadiram a sede do grupo de luxo LVMH, que tem marcas como Louis Vuitton e Dior, e embates ocorreram na Praça da Bastilha, local simbólico da Revolução Francesa.
*Com agências internacionais