Mais da metade da população paulista é contra a privatização da Sabesp
Pesquisa Datafolha revelou que mais da metade da população paulista é contra a privatização da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico de São Paulo). De acordo com o levantamento, 53% dos entrevistados se manifestaram contrários à transferência da empresa para a iniciativa privada.
A pesquisa foi feita entre os dias 3 e 5 de abril, em 65 municípios de todas as regiões do estado de São Paulo. Foram realizadas 1.806 entrevistas presenciais, com pessoas acima de 16 anos. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos. Os favoráveis foram 40%, 6% não souberam e 1% declarou ser indiferente.
De acordo com a pesquisa, não há concordância de forma majoritária com a venda da empresa em nenhum setor entrevistado. A oposição à privatização da Sabesp supera a posição favorável nos recortes de gênero, idade, escolaridade e renda. A rejeição é maior entre estudantes (65%), funcionários públicos (59%), e desempregados (54%). Entre os eleitores de Fernando Haddad, que disputou o governo estadual em 2022, 65% rejeitam a proposta.
Considerando a ocupação principal dos entrevistados, apenas o grupo de empresários tem posição majoritária a favor da privatização: 54%. Entre os eleitores de Tarcísio de Freitas pouco menos da metade (49%) apoiam a privatização. A exceção são os entrevistados entre 35 e 44 anos, onde há empate: 48% são contra, e 48% a favor.
A privatização da companhia de saneamento é defendida pelo governador, que deseja ver a empresa nas mãos da iniciativa privada já em 2024, mas encontra barreiras tanto na Assembleia Legislativa, como entre especialistas do setor e no movimento social.
Entre os alertas de especialistas está o consequente aumento das tarifas e queda na qualidade na prestação de serviços, tal como ocorridos em experiências de privatização ao redor do mundo. Esses fatores se converteram em elementos essenciais para a reestatização em países como França e Alemanha, por exemplo.
Em São Paulo, a Sabesp atua em 375 dos 645 municípios paulistas – sendo que a maior parte desses possuem até 20 mil habitantes – atendendo cerca de 80% da população. Com a lógica do subsídio cruzado, a Sabesp usa a arrecadação dos municípios mais rentáveis para financiar os investimentos necessários nos municípios mais pobres. Política essa também ameaçada em um eventual processo de privatização, em que o objetivo maior deixa de ser a garantia do acesso à água e esgoto tratado com serviço de qualidade e passa a ser o lucro a qualquer custo.
Fonte: Página 8