Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

As vendas no comércio varejista brasileiro recuaram -0,1% em fevereiro na comparação com janeiro, segundo dados do IBGE, divulgados nesta terça-feira (25). Contra a restrição de demanda imposta pelos juros altos, o comércio varejista, apesar da alta de 3,8% em janeiro, caiu 0,6% em novembro e tombou 2,6% em dezembro, mesmo com as promoções da Black Friday e do período festivo de final de ano, quando as vendas naufragaram.

Os juros elevados no patamar de 13,75% ao ano, desde agosto do ano passado, impostas pelo Banco Central, atingiram em cheio as vendas do comércio, restringindo o crédito e o consumo, e não só nas vendas do setor varejista. A produção industrial no mês de fevereiro também apresentou queda (-0,2%) frente a janeiro, segundo o IBGE. Foi o terceiro resultado negativo consecutivo da indústria acumulando nesse período queda de 0,6%.

Na virada do ano, as famílias brasileiras seguiram endividadas e a inadimplência atingiu cerca de 70 milhões de pessoas, segundo a Serasa. Em fevereiro, seis das oito atividades do comércio varejista pesquisadas pelo instituto apresentaram resfriamento em suas vendas, com destaques para Equipamentos e material para escritório informática e comunicação (-10,4%), Tecidos, vestuário e calçados (-6,3%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-2,0%), Móveis e eletrodomésticos (-1,7%).

Na passagem de janeiro para fevereiro também houve recuo no volume de vendas de Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,7%) e Combustíveis e lubrificantes (-0,3%). Do outro lado, houve crescimento das vendas de Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (1,4%) e Livros, jornais, revistas e papelaria (4,7%).

O gerente da pesquisa, Cristiano Santos, explica que o varejo, no primeiro mês de 2023, apenas apresentou uma recuperação ante a base baixa dos dois últimos meses de 2022, quando houve retração nas vendas. “Podemos fazer uma leitura dos resultados por consequência de um período de Black Friday e Natal ruins, que resultaram em uma recuperação em janeiro e uma sustentação desse patamar em fevereiro”, disse Santos. “Um fator que ajuda a explicar esse cenário é que janeiro foi um mês de muitas promoções, como estratégia de grandes empresas desses setores após novembro, com a Black Friday, e dezembro, com o Natal, terem sido meses de baixa. Promoções que não seguiram para fevereiro”, esclarece o gerente.

Na comparação anual (fevereiro de 2023 contra fevereiro de 2022), as vendas do comércio varejista brasileiro variaram apenas 1,0%, com seis das oito atividades registrando recuos no período: Equipamentos e material para escritório informática e comunicação (-4,5%), Móveis e eletrodomésticos (-1,9%), Tecidos, vestuário e calçados (-9,2%), Livros, jornais, revistas e papelaria (-9,5%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-12,9%), Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (-0,7%). Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (1,0%) e Combustíveis e lubrificantes (19,7%) são os únicos setores com variações positivas nesta base de análise.

Já as vendas do comércio ampliado, que inclui Veículos e motos, partes e peças e Material de construção, entre outras, mostraram aumento de 1,7%, após patinarem próximas de zero em janeiro (0,2%) e dezembro do ano passado (+0,4). As vendas de Veículos e motos, partes e peças apresentaram alta de 1,4% nas vendas, enquanto Material de construção obteve uma queda de -2,0%.

Na comparação anual, as vendas do comércio ampliado estão apenas -0,2% acima do seu pico alcançado em fevereiro de 2022. Todas as atividades desta modalidade estão com as vendas no negativo: Veículos e motos, partes e peças (-1,5%), Material de construção (-5,9%), “desde julho de 2021, a receita de revendas do setor vem sofrendo sucessivas quedas, à exceção dos meses de março de 2022 (1,2%) e janeiro de 2023”, ressalta o IBGE.

Atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo, incluído neste ano na pesquisa, registrou -9,5% em sua venda, resultado que intensifica a queda apresentada em janeiro (-0,9%). No ano, o acúmulo é de -5,6%.

Fonte: Página 8