Polícia atirou gás lacrimogêneo contra manifestantes no prédio da Bolsa de Paris | Foto: Geoffroy van Der Hasselt/AFP

As manifestações contra a agressão à Previdência por parte do governo Macron, elevando de 62 para 64 anos a idade mínima para as aposentadorias se concentraram, na quinta-feira (20), no distrito financeiro de Paris, onde centenas de manifestantes invadiram os escritórios da principal operadora de mercado do país, a Euronext NV.

No ato, franceses indignados chamaram a atenção das autoridades para que “procurem o dinheiro de que precisam para o sistema de pensões” em “empresas como estas”, como afirmou um manifestante declarou à televisão pública francesa, France24, que transmitiu a ocupação ao vivo.

“Eles nos dizem que não há dinheiro para financiar pensões, mas não é verdade, há muito aqui”, disse Fabien Villedieu, sindicalista da Federação dos Sindicatos dos Ferroviários (Sud-Rail), ao jornal, referindo-se às grandes corporações que se beneficiam dos critérios neoliberais da atual administração francesa.

Macron, achando que se afastaria da revolta dos cidadãos, viajou para a cidade do Ganges, no sul do pais, onde durante a visita a uma escola enfrentou um novo protesto contra a reforma previdenciária.

A manifestação popular, informou a mídia local, foi reprimida pela polícia que disparou gás lacrimogêneo e confiscou as panelas que as pessoas batiam quando jogavam ovos e batatas na comitiva do presidente. Além disso, houve um corte de energia na escola, reivindicada por membros da Confederação Geral do Trabalho (CGT).

“Ovos e panelas só servem para cozinhar na minha casa”, disse Macron sobre a mobilização, durante uma conversa com o deputado do partido França Insubmissa, Sébastien Rome, que lhe garantiu que a “resistência” estava “um pouco mais ampla do que ele imaginava”, embora “ainda não tenha sido ouvida”.

A ida ao centro educacional em Ganges foi a segunda visita pública de Macron desde a promulgação de sua impopular reforma previdenciária, em 15 de abril último. A primeira foi na quarta-feira (19), quando foi a Sélestat, no nordeste da França, e também foi recebido com vaias e panelaços.

Sem maioria parlamentar para cortar o direito de homens e mulheres que trabalharam ao longo de anos para ter acesso à jubilação, Macron aproveitou-se de um artifício legal para aprovar o assalto. Manipulou o artigo 49.3 da Constituição francesa, para atropelar a Assembleia Nacional. Assim, desconsiderou a vontade expressa nas manifestações e em todas as pesquisas de opinião, e referendou a decisão por meio de um “Conselho Constitucional” duvidoso, uma panelinha composta na sua maioria por aliados do governo.

Fonte: Papiro