Unidade industrial na província de Shandong | Foto: Wang Jilin/Xinhua

A economia chinesa começou o ano com um crescimento anualizado de 4,5% – acima do esperado – no primeiro trimestre, para 28,5 trilhões de yuans (US$ 4,15 trilhões), estabelecendo uma base sólida para a recuperação econômica de todo o ano em 2023, e proporcionando um ímpeto mais forte para a recuperação econômica global em meio a um cenário volátil internacional, registrou o jornal Global Times. Superadas, as estimativas eram de 4%.

Na comparação com trimestre anterior, o crescimento foi de 2,2%, segundo o Departamento Nacional de Estatísticas (NBS) da China. Desde que a segunda maior economia do mundo declarou uma vitória decisiva em sua resposta à epidemia de Covid-19, a recuperação econômica do país pressionou o botão de aceleração, continuando a servir como estabilizador econômico mundial e motor para a recuperação econômica mundial em meio a ventos contrários variando de aumentos imprudentes das taxas de juros nos EUA à turbulência financeira global, destacou o GT.

A mídia global acolheu esse crescimento de 4,5% com frases como “além das expectativas” e até a CNN reconheceu que “à medida que a recuperação econômica ganha força, bancos de investimento e organizações internacionais atualizaram as previsões de crescimento da China para este ano”. Em março, em visita à China, a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, já havia apontado que a China seria responsável por “um terço do crescimento global em 2023”.

“As cenas que vemos na vida, como as longas filas em frente a alguns restaurantes, turistas andando ombro a ombro em algumas atrações e a intensa produção nas fábricas mostram vividamente que a vida econômica e social da China está se recuperando rapidamente. Elas corroboram os dados divulgados pelo Departamento Nacional de Estatísticas da China”, assinalou o GT.

O porta-voz do NBS, Fu Linghui, disse que esse crescimento foi conquistado não sem dificuldades em um ambiente internacional “grave e complexo”. Com a transição rápida e estável da prevenção e controle da epidemia, “várias políticas e medidas para estabilizar o crescimento, o emprego e os preços foram colocados em pleno andamento, os fatores positivos se acumularam e aumentaram e a economia nacional estabilizada e recuperada”, enfatizou.

Sob os óbices do combate à pandemia em 2022, de bloqueios de meses a grandes cidades a fechamento de fronteiras e testagem em massa, a economia chinesa se vira no ano passado diante do menor crescimento em 46 anos, de 3,3% – embora, como se saiba, acima do crescimento dos EUA (2,1%), da Alemanha (1,9%), da França (2,6%) e do Japão (1,1%).

O forte crescimento em várias áreas no primeiro trimestre de 2023 recebeu atenção especial. No setor manufatureiro, o investimento aumentou 7% em relação ao ano anterior, enquanto as exportações subiram 8,4%, mostrando forte crescimento. O investimento em ativos fixos subiu e foi de 5,1% ano a ano no primeiro trimestre, atingindo 10,73 trilhões de yuans – enquanto o investimento em indústrias de alta tecnologia aumentou 16% e o aporte em termos de serviços de comércio eletrônico aumentou 51,5%.

“Isso indica que a transformação econômica da China está se acelerando e estamos inaugurando uma economia digital e uma transformação de alta tecnologia”, destacou Chen Fengying, economista e ex-diretor do Instituto de Estudos Econômicos Mundiais dos Institutos de Relações Internacionais Contemporâneas da China.

Para Wan Zhe, economista e professora da Belt and Road School da Beijing Normal University, “os números macroeconômicos do primeiro trimestre indicam uma otimização notável da estrutura econômica da China, com contínua transformação e modernização industrial”.

O impulso da China para a inovação em tecnologias de ponta promove a pesquisa básica e aplicada e acelera a transformação digital em vários setores, consolidando o ímpeto de crescimento da economia chinesa, ela acrescentou.

Registre-se que o investimento em infraestrutura aumentou 8,7% no primeiro trimestre e em manufatura, 7,0%. Mesmo no setor imobiliário em crise surgiram sinais de certa estabilização. O investimento em desenvolvimento imobiliário caiu 5,8% ano a ano, pouco mais da metade da queda de 10% ano a ano em 2022, de acordo com o NBS, enquanto estão sendo preparados grandes projetos de infraestrutura.

No primeiro trimestre do ano, o crescimento do investimento social foi de 8,3%, sendo que na saúde chegou a 21,6% e, na educação, a 6,2%

As vendas no varejo saltaram 10,6% em março, em relação ao ano anterior, superando significativamente as expectativas e fornecendo um forte impulso para a recuperação econômica, segundo os números do NBS. As vendas totais no varejo de bens de consumo cresceram 5,8% ano a ano no primeiro trimestre, para 11,49 trilhões de yuans, revertendo uma queda de 2,7% ano a ano observada no quarto trimestre de 2022.

“No geral, no primeiro trimestre a economia mostrou tendência de recuperação mês a mês, com vendas totais no varejo superando as expectativas do mercado em março, refletindo que a confiança do consumidor foi gradualmente restaurada”, disse o economista Chen Fengying.

Forte recuperação também no turismo. O número de reservas para viagens domésticas aumentou mais de 7 vezes em relação ao ano anterior em 6 de abril e recuperou o nível durante o mesmo período de 2019, de acordo com dados enviados pelo site de reservas de viagens chinês Trip.com ao Global Times.

DUPLA CIRCULAÇÃO

A consistência da China no comércio exterior também foi assinalada pela economista e professora Wan Zhe. Apesar das incertezas e desafios externos, as exportações da China aumentaram 23,4% em relação ao ano anterior em termos denominados em yuans em março, superando – também aí – as expectativas do ‘mercado’.

O investimento da China em desenvolvimento verde e de baixo carbono com antecedência sob o desenvolvimento de alta qualidade, abertura de alto padrão e a Iniciativa do Cinturão e Rota garante resiliência nas exportações, apesar do crescente protecionismo, potencial recessão econômica nos EUA e na UE e outros riscos, ela sinalizou.

O crescimento total do comércio bilateral foi de 4,8% no primeiro trimestre, para 8,89 trilhões de yuans. As exportações cresceram a 8,4%, para 5,65 trilhões de yuans, enquanto as importações cresceram 0,2%, para 4,24 trilhões de yuans.

Para o economista da Universidade de Pequim, Cao Heping, “há vários destaques na recuperação econômica da China no primeiro trimestre de 2023, incluindo vendas de veículos de nova energia e componentes relevantes, exportações acima do esperado em março e crescimento em alta velocidade do investimento em infraestrutura”. No primeiro trimestre, as vendas de veículos elétricos alcançaram 64,75 bilhões de yuans, uma alta de mais de 122%. Mais 109,79 bilhões de yuans em baterias de lítio, um crescimento de 94%. E quase 1 bilhão de yuans em placas solares (+ 23%).

O GT salientou ainda que a Feira de Cantão retomou todas as atividades offline pela primeira vez em três anos desde o início da pandemia, no maior evento de sua história. Atraiu mais de 34 mil compradores e expositores de 226 países e regiões. As 500 maiores empresas e os 250 maiores varejistas do mundo também participam do evento. A cena movimentada onde “milhares de empresários se reúnem” é um verdadeiro reflexo da confiança do mundo na China.

RECUPERAÇÃO FORTE

“A economia provavelmente se recuperará ainda mais para 8% entre abril e junho, devido a uma base mais baixa no mesmo trimestre do ano passado”, disse o economista Chen Fengying, observando que a taxa de crescimento do PIB para o ano inteiro provavelmente excederá a meta de cerca de 5 por cento estabelecida durante as “duas sessões” deste ano.

O notável desempenho econômico da China serve como “um tapa na cara” da mídia ocidental que fala mal da recuperação da China na era pós-Covid-19. Por exemplo, alguns meios de comunicação exageraram sobre as preocupações com a deflação, enquanto outros estão minando as perspectivas de exportação e consumo da China, independentemente dos fatos, acrescentou.

“A economia chinesa atual não parece deflacionada e no futuro próximo a deflação não é provável”, disse o porta-voz do NBS, Fu. Fatores sazonais, queda no preço das commodities internacionais a granel e geopolítica contribuíram conjuntamente para a queda do preço doméstico, mas o preço se recuperará a um nível razoável junto com o desaparecimento desses fatores no segundo semestre do ano, disse ele.

“É importante ressaltar que o desempenho econômico da China no primeiro trimestre é resultado dos esforços conjuntos de toda a sociedade chinesa. O potencial de desenvolvimento econômico da China não pode se tornar automaticamente uma conquista realista, e as dificuldades à nossa frente não desaparecerão automaticamente se não as superarmos. Os chineses nunca esperam colher sem semear”, disse em editorial o GT.

“Vemos que o Comitê Central do Partido Comunista da China e o Conselho de Estado tomaram decisões de cima para baixo para ativar a economia; os governos locais lançaram iniciativas específicas com base em suas condições de focar na economia e melhorar o ambiente de negócios; e as empresas aproveitaram a oportunidade para se desenvolver apesar das dificuldades. A confiança e o entusiasmo da sociedade chinesa aumentaram após os três anos de pandemia”.

“Quanto mais dificuldades, maior a resolução do povo chinês. A indomável economia chinesa se recuperou nesta primavera, à medida que a Terra desperta, e as pessoas estão convencidas de que um futuro mais brilhante e mais quente está à nossa frente. Em particular, os recursos e potenciais não são esgotados pelos esforços feitos para a economia do primeiro trimestre. Conseguimos sem inundar a economia da China com liquidez, mas em um ritmo constante e com forte resiliência”.

“Isso vai contra a retórica pessimista da opinião pública ocidental e mostra um fato básico inegável: mesmo cinco anos depois da guerra comercial lançada pelos EUA contra a China, três anos depois da pandemia e mais de um ano depois do conflito Rússia-Ucrânia, a China ainda detém firmemente a iniciativa de seu desenvolvimento econômico. Sob condições externas altamente incertas, a economia chinesa ainda apresenta grandes resultados na manutenção do crescimento e na transformação e modernização da economia chinesa. Também trouxe nova vitalidade e certeza para a economia global”.

Fonte: Papiro em parceria com a Agência de Notícias Xinhua