Foto: Tânia Rêgo

Em janeiro, o setor de serviços caiu 3,1% frente a dezembro, acompanhando a estagnação verificada nos resultados da produção industrial (-0,3%) e do comércio varejista ampliado (0,2%), asfixiados pelas altas taxas de juros impostas pelo Banco Central. Foi a maior queda do setor para o mês de janeiro e eliminou o ganho acumulado de 3,0% nos meses de novembro e dezembro de 2022, segundo dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada hoje (14) pelo IBGE.

Os dados reforçam a total desconexão do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, com a realidade, ao manter os juros elevados, os mais altos do mundo, a pretexto de combater uma inflação de demanda, penalizando o setor produtivo e o consumo das famílias que amargam recordes de inadimplência, renda apertada e elevado desemprego no país.

Além de dizer na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) que os juros vão continuar elevados por um longo período – Selic a 13,75% ao ano, Campos Neto, após o IBGE divulgar a desaceleração da inflação oficial de março (IPCA), no dia 11 deste mês, declarava a especuladores em Washington que o componente de demanda é “relativamente forte”.

No primeiro trimestre, as recuperações judiciais e falências dispararam. A inadimplência das famílias e das empresas explodiu. São 70 milhões de brasileiros que não conseguem pagar as contas. Entidades da indústria, do comércio, de trabalhadores, economistas e o governo vêm apontando os efeitos desastrosos dos juros altos na economia, que agora já atinge com força o setor de serviços, o que mais emprega no país.

De acordo com o IBGE, a retração de 3,1% do volume de serviços em janeiro de 2023 foi acompanhada por três das cinco atividades investigadas. A maior influência negativa no resultado do mês veio do setor de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correios, registrando queda de 3,7% em janeiro, eliminando o ganho de 3,2% observado nos dois últimos meses do ano passado, E “outros serviços” que caiu -9,9%, devolvendo integralmente a expansão de 9,4% verificada em dezembro último.

O outro recuo do mês, apontado na pesquisa, veio dos serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,5%), após terem registrado expansão de 3,8% no período novembro-dezembro de 2022. Informação e comunicação (1,0%) e serviços prestados às famílias (1,0%) patinaram, sendo que o primeiro teve uma queda de -2,5% nos dois últimos meses de 2022.

A média móvel trimestral ficou no vermelho (-0,1%) no trimestre encerrado em janeiro de 2023 frente ao mês anterior. Entre os setores, ainda na série com ajuste sazonal, três das cinco atividades recuaram frente ao nível do trimestre terminado em dezembro de 2022: outros serviços (-1,3%); informação e comunicação (-0,5%); e transportes (-0,2%).

Por região, o maior impacto veio de São Paulo (-2,6%), seguido por Rio de Janeiro (-5,5%), Minas Gerais (-2,6%) e Distrito Federal (-7,2%). A queda ocorreu em 16 de 27 unidades da federação em janeiro.

Fonte: Página 8