Petróleo dispara 6,31% e põe mundo em alerta
Era questão de tempo. Desde que, no domingo (2), a Arábia Saudita anunciou um surpreendente corte voluntário de 500 mil barris por dia na produção de petróleo, a expectativa era de uma disparada nos preços. A alta no chamado contrato futuro do petróleo Brent com vencimento em junho foi de 6,31%, indo a US$ 84,93 nesta segunda-feira (3). O barril chegou a saltar 8% durante o dia.
Se a pandemia e a guerra na Ucrânica foram estopim de oscilações, a nova crise tem caráter preventivo. A Arábia Saudita disse ser necessário “apoiar a estabilidade do mercado petrolífero”, em meio a indícios de recessão na economia global.
O corte, feito em conjunto com países membros da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e também com não membros (Opep+), valerá de maio até o final de 2023. Com essas adesões, a redução estimada é de 1,66 milhão de barris por dia. Depois da Arábia, a decisão foi ratificada por Iraque, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Casaquistão, Argélia, Omã e Gabão, além da Rússia (que não integra a Opep).
Em março, o preço do petróleo bruto havia caído para US$ 70 o barril – menor patamar em 15 meses. Agora, na visão de economistas do Goldman Sachs, a cotação pode subir a US$ 95 até dezembro de 2023 e a US$ 100 em dezembro de 2024. O JPMorgan avalia que o barril alcance o patamar de US$ 96.
O vaivém dos preços pôs o mundo em alerta e levou bancos centrais a já ameaçarem mais altas nas taxas de juros. Nos Estados Unidos, o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, falou em “cenário de incerteza para o futuro da política monetária” norte-americana.
O choque tende a pegar várias economias desprevenidas, inclusive a do Brasil, onde os preços dos combustíveis viraram um dos indutores da inflação sob o governo Jair Bolsonaro (PL). A reoneração dos combustíveis, em fevereiro, pressionou o valor da gasolina e do etanol. Em contrapartida, o governo Lula (PT) reduziu o preço cobrado pela Petrobras junto às refinarias.