Com a medida de Obrador, Estado poderá controlar as tarifas do setor elétrico | Foto: El Universal

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, anunciou na terça-feira (04) a nacionalização de unidades de produção de energia elétrica, com a aquisição de 13 usinas de geração de energia que até aqui eram geridas pela multinacional espanhola Iberdrola.

“Hoje o Governo do México assinou um acordo para a compra de 13 usinas de geração de eletricidade da Iberdrola que farão parte do patrimônio público e serão operadas pela Comissão Federal de Eletricidade (CFE)”, afirmou López Obrador.

“É uma nova nacionalização do setor elétrico. Entendemos e respeitamos outras políticas, mas consideramos muito importante que nosso país mantenha empresas públicas como a Comissão Federal de Eletricidade (CFE) e a Petróleos Mexicanos. Não devemos apostar na privatização em atividades sociais e atividades estratégicas para o povo e para a nação”, declarou López Obrador, registrando que a estatal CFE vai gerar 55,5% da energia de todo o país.

O presidente mexicano explicou que essa operação implica um investimento próximo dos 6 bilhões de dólares. “Ou seja, a CFE passa a ser a empresa majoritária na geração de eletricidade”, sublinhou.

“Se somarmos a isso que estão sendo construídas usinas definitivas, hidrelétricas estão sendo reabilitadas com novas turbinas, tudo isso a cargo da CFE, podemos afirmar que o Estado mexicano manterá cerca de 65% de toda a geração de energia elétrica do país no final do prazo de seis anos”, assinalou.

López Obrador apontou desde o início de seu governo a origem duvidosa dos negócios da Iberdrola, especialmente por sua expansão sempre sob a proteção, amparo e tratamento favorável dos governos de Vicente Fox, Felipe Calderón e Enrique Peña Nieto.

Nesse período, e de forma mais flagrante após a contra-reforma aprovada em 2013 pelos partidos de orientação neoliberal, as autoridades se aliaram a segmentos da iniciativa privada para desmantelar as empresas estatais e transformá-las em uma fonte virtualmente ilimitada de renda para um punhado de indivíduos.

Com esta operação, mais de 8.500 megawatts de ativos de geração de energia, ao invés de serem controlados e geridos por esta multinacional espanhola, passarão a estar sob a proteção do Estado mexicano, fortalecendo assim a autonomia energética, um dos grandes objetivos da atual administração, disse o presidente.

“O nosso país está crescendo, estão sendo instaladas novas empresas que precisam e vão continuar a exigir energia elétrica. Com isto resolvemos a curto e médio prazo todo o consumo de energia elétrica que o país em pleno crescimento exige. Garantimos que os preços da eletricidade não aumentarão”, declarou López Obrador.

“A investida contra a CFE, concretizada através de contratos claramente lesivos para as suas finanças e para o erário público, passou por obrigá-la a financiar a construção de infra-estruturas cuja propriedade permanecia em mãos privadas e por cujo uso tinha de pagar; a absorver todos os custos das usinas e instalações de apoio necessárias para a implantação de fontes de energia com alta intermitência, como solar e eólica; a cobrir a construção e manutenção de gasodutos que iam para usinas inexistentes; a encarregar-se da distribuição gratuita de energia gerada por seus concorrentes; a realizar um sobreinvestimento ruinoso na capacidade de geração de energia elétrica, e a vender sua produção não a preços determinados por seus próprios custos e necessidades operacionais, mas aos fixados pela Comissão Reguladora de Energia (CRE), entidade expressamente proposta pelo Banco Mundial para promover a privatização completa do setor elétrico”, denuncia o jornal La Jornada em Editorial.

Na reunião em que foi assinada a transação, estava o presidente López Obrador e também Sánchez Galán, presidente da Iberdrola, junto com Ramírez de la O, secretário de Finanças do México, também estiveram presentes o diretor da CFE, Manuel Bartlett; o Subsecretário da Fazenda, Gabriel Yorio; e, pela Iberdrola, Enrique Alba e David Mesonero, gerente no México e diretor geral de Desenvolvimento, respectivamente.

Fonte: Papiro