Roberto Campos Neto, presidente do BC | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu afrontar o país nesta quarta-feira (22) e manteve a taxa Selic em 13,75% ao ano. Praticamente todos os economistas do país e autoridades do governo, dos ministros ao Presidente da República e seu vice, alertaram o BC sobre as consequências negativas para o país no caso de se manter essa que é a maior taxa de juro real do mundo.

A alegação do BC para manter os juros na lua é completamente contraditória. O banco diz que no cenário externo, “o ambiente se deteriorou” e os “bancos nos EUA e na Europa elevaram a incerteza e a volatilidade dos mercados e requerem monitoramento”. Ele só não diz que a quebradeira dos bancos americanos e do Credit Suisse se deu exatamente pela insistência das autoridades monetárias americanas e europeias de subir as taxas de juros, assim como o BC insiste em fazer hoje no Brasil.

Também sem levar em conta os argumentos de diversos economistas do Brasil e do mundo, como ocorreu no seminário realizado na segunda e terça pelo BNDES, de que a inflação no Brasil não tem nenhuma relação com um suposto excesso de demanda, o BC segue com a estupidez de manter juros altos. O raciocínio real – que o banco esconde do país – é que, para ele, a atividade econômica tem que desaquecer, o país tem que entrar em recessão e o desemprego deve aumentar para haver, aí sim, a derrubada dos preços.

Aliás, o servilismo do atual presidente do Banco Central à sanha especulativa da banca internacional é tamanha que até a redação das alegações para manter os juros altos no Brasil parece copiada literalmente do FED americano. “Considerando a incerteza ao redor de seus cenários, o comitê segue vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação”, concluiu o Comitê, que sinalizou que a taxa de juros poderá subir ainda mais.

Vários são os sinais de que esta política criminosa do presidente do BC, Roberto Campos Neto, de manter os juros extorsivos, mesmo com queda da inflação, está provocando desaquecimento da economia, barrando os investimentos públicos e privados e agravando a crise nacional+. Diversos economistas alertam para a iminência de uma crise de crédito no Brasil. Crises em grande empresas e paralisação de produção de automóveis já são sinais claros deste quadro.

Na tarde de hoje, antes desta decisão, o chefe da Casa Civil, Rui Costa já havia alertado que a manutenção da taxa de juros em 13,75% seria um desserviço ao país. “O Brasil é disparado a maior taxa real de juros do mundo. A economia está sendo asfixiada, o comércio está sendo asfixiado em seu financiamento. Estamos com uma crise de crédito”, disse o ministro. “Não é explicável essa posição do BC de ficar irredutível a uma taxa tão exorbitante de juros”, prosseguiu Costa.

Até o ministro da Fazenda, Fernando Haddad tentou argumentar junto ao presidente do BC para que a Selic baixasse. “Nossa inflação está mais controlada que no resto do mundo. Nossa taxa de juros está exageradamente elevada, o que significa espaço para cortes no momento em que a economia brasileira pode e deve decolar. Não temos porque temer no Brasil tomar as decisões corretas tanto do ponto de vista do arcabouço fiscal quanto monetário, porque há espaço para isso”, declarou Haddad.

O presidente da Fiesp, o industrial Josué Gomes, chamou essa taxa de juros de “pornográfica” e defendeu a sua redução. “É inconcebível a atual taxa de juros no Brasil, muitos querem associá-la a um problema fiscal. Eu não posso acreditar que um país com a riqueza do Brasil, que tem uma dívida bruta de 72, 73% do PIB, que tem reservas cambiais da ordem de 18%, 19%, tenha essa taxa de juros”, disse ele.

O presidente do Banco Central se fez de surdo e prosseguiu com seu intento de provocar uma recessão no país. Indicado por Jair Bolsonaro, ele é adepto do que há de mais atrasado e retrógrado em matéria de economia. Seu único objetivo é garantir os superlucros do sistema financeiro mesmo que, para isso, seja necessário quebrar o país. O presidente Lula está coberto de razão quando diz que vai continuar batendo nele até reduzir os juros no Brasil.

Fonte: Página 8