Aloizio Mercadante | Foto Thomaz Silva/Agência Brasil

“Nós tivemos um crescimento em 2022 de 2,9% do PIB. No último trimestre do ano foi menos 0,2%. A perspectiva de crescimento para este ano é muito baixa, abaixo de 1%. Nós não podemos aceitar que continue assim”, declarou o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, na segunda-feira (20), na abertura do seminário “Estratégias de Desenvolvimento Sustentável para o Século XXI”, promovido pelo banco de fomento.

Ao afirmar que “nós não podemos aceitar a tese de que o país não tem como se reindustrializar”, Mercadante defendeu a retomada do investimento que “o Brasil espera para geração de emprego e produção”. E, para isso, “nós vamos ter que enfrentar alguns temas sensíveis”, disse o presidente do BNDES, referindo-se às altas taxas de juros do país. “ Nós estamos com uma taxa básica de juros e também do BNDES, com a TLP, numa situação de um custo muito elevado e pouco competitivo”.

Aloizio Mercadante também fez críticas aos repasses do banco de fomento ao Tesouro.

“Atualizando pela inflação, o BNDES repassou ao Tesouro um trilhão e sessenta bilhões de reais em 8 anos. Nós viramos uma grande fonte de financiamento do Tesouro. Não é esse o papel do banco”, afirmou.

Para Mercadante, o papel do banco de fomento “é financiar a economia, o mico pequeno empresário, a indústria, o crescimento, a geração de emprego. É para isso que esse banco foi criado. Aí dirão: ‘não vocês estão pagando porque receberam subsídios’. É verdade. Os subsídios podem até ter sido superior ao que eram necessários no passado recente. Mas são R$ 247 bilhões a mais do que os subsídios que nós recebemos. Portanto, o BNDES não pode continuar nessa trajetória e nós vamos lutar muito por isso, e tenho certeza de que vamos sensibilizar o governo, o presidente Lula e a nossa equipe econômica”, disse Mercadante.

“Aquele banco acanhado do BNDES acabou. Ele vai debater, vai investir e vai impulsionar o crescimento do país”, afirmou Mercadante ao fim de seu discurso. “Nós estamos aguardando o novo arcabouço fiscal. O ministro Haddad pode esperar de mim e do banco total lealdade e parceria, ao contrário das especulações que são publicadas. Nós não estamos aqui por outra razão. Não tem expectativa de substituir ninguém, muito menos de competir. Agora, não nos peçam para deixar de dizer o que pensamos e ajudar o governo a acertar. A encontrar o melhor caminho, a buscar as melhores práticas. É para isso que nós estamos aqui”, declarou.

Fonte: Página 8