Josué Gomes, presidente da Fiesp | Foto: Reprodução Youtube/BNDES

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes da Silva, classificou como ‘pornográficas as taxas de juros praticadas no Brasil’. Nesta segunda-feira (20), em seminário promovido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gomes da Silva afirmou que “é inconcebível” a atual taxa de juros (Selic) em 13,75% ao ano e criticou o argumento de que o Brasil esteja sob risco fiscal.

“É inconcebível a atual taxa de juros no Brasil, muitos querem associá-la a um problema fiscal. Eu não posso acreditar que um país com a riqueza do Brasil, que tem uma dívida bruta de 72, 73% do PIB, que tem reservas cambiais da ordem de 18%, 19%. Reservas essas que foram muito criticadas pelo mercado quando o presidente Lula no seu primeiro e segundo mandato acumulou essas reservas e chegamos aos US$ 370 bilhões, sem as quais hoje nós estaríamos naquela política de ‘stop and go’, que tínhamos com restrições externas”, ressaltou.

O presidente da Fiesp acrescentou: “É graças a acumulação de reservas, que foi possível hoje nós não termos mais essa restrição externa ao nosso crescimento. Porém nós criamos uma nova restrição, de uma tese, de que o problema é o abismo fiscal. Abismo fiscal de um país que tem 73% do PIB de dívida bruta. Tirando as reservas são mais ou menos 54% de dívida. Tirando o caixa do Tesouro Nacional é menos de 45% do PIB de dívida líquida”.

“Um país com a riqueza do Brasil, que comparativamente a outros países, equivalentes no mundo, tem uma dívida líquida que talvez seja um terço ou menos de outros países. Então esta não é uma boa explicação para as pornográficas taxas de juros que praticamos no Brasil”, sentenciou.

“E, se não baixarmos essas taxas de juros, de nada adiantará fazermos políticas industriais. Porque as principais políticas industriais, aquelas que são mais horizontais e que portanto atingem o conjunto da economia, é justamente uma taxa de juros compatível com a dimensão com a riqueza com a capacidade de pagamento do nosso país e obviamente uma reforma tributária, que cria uma isonomia entre os setores”, finalizou o dirigente da Fiesp.

Fonte: Página 8