Manifestação das centrais sindicais contra a alta dos juros, realizada na terça-feira (21) | Foto: CTB

As centrais sindicais repudiaram a manutenção da taxa básica de juros em 13,75% pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, nesta quarta-feira (22). Para as centrais, a decisão vai na contramão das medidas necessárias para a retomada do desenvolvimento e serve apenas para locupletar os já estratosféricos lucros de banqueiros e rentistas.

Adilson Araújo, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) afirmou que a manutenção da taxa básica de juros em 13,75% “é de causar indigestão”. “A decisão reproduz a cartilha do grande capital quando somente satisfaz o ânimo do rentismo. A postura do presidente Roberto Campos Neto e sua equipe econômica é inaceitável. Nada justifica diante da crise e do drama que afeta milhões de famílias brasileiras. Essa política atende ao receituário do mercado, dos bancos e da especulação. A decisão revela uma completa submissão do Copom aos interesses dos rentistas e um evidente boicote ao presidente do Brasil, que já apontava a necessidade urgente de uma mudança de rota na macroeconomia”, disse Adilson.

O presidente do BC, Roberto Campos Neto, foi nomeado por Bolsonaro e, a princípio, deve ficar até o fim de 2024 no comando do Banco Central, devido à lei que deu autonomia a autarquia (Lei 179 de 2021) lhe garantindo um mandato de 4 anos.

“O povo elegeu um programa democrático e popular para promover a reconstrução e transformação do país. O povo não deu autonomia alguma para o BC seguir agindo como um laboratório de maldades. O Banco Central precisa redefinir seu papel, que, baseado na responsabilidade fiscal, não pode ser o arcabouço do sepultamento da responsabilidade social. A retomada do crescimento econômico demanda o caminho dos investimentos públicos, das grandes obras de infraestrutura, da universalização dos serviços públicos”, concluiu o presidente da CTB.

PRÊMIO AOS ESPECULADORES

Para Miguel Torres, presidente da Força Sindical, a decisão frustra os trabalhadores e mantém o BC curvado aos interesses dos especuladores. “Tragicamente, também em nosso país estamos reféns dos poderosíssimos interesses dos rentistas. A manutenção da taxa em 13,75% a.a é um verdadeiro prêmio aos especuladores e uma extorsão para os brasileiros e o setor produtivo. […] Os juros continuam proibitivos, e o Brasil perde outra chance de apostar na produção, consumo e geração de empregos”, enfatizou.

A Central Única dos Trabalhadores (CUT), em nota, lembrou que o presidente Lula, acompanhado pelo ministro da Economia, Fernando Haddad, tem apontado para a redução da taxa de juros para a retomada dos investimentos no país, mas que o Copom decidiu ignorar os apelos.

“A redução da taxa básica de juros reduziria as despesas do governo com juros da dívida, o que lhe possibilitaria investir na retomada e na realização de novas obras, gerando emprego, melhoria na logística e melhor qualidade de vida. Ao reduzir o custo do dinheiro, melhoraria a oferta de crédito a juros menores, o que reduziria o endividamento das famílias e propiciaria uma retomada mais forte do consumo e, em decorrência, do crescimento e dos empregos”, disse a central.

A União Geral dos Trabalhadores também condenou a decisão, somando-se ao coro do sindicalismo contra a decisão do Copom. “O Brasil precisa de investimentos, empreendedorismo, geração de emprego e distribuição de renda, já que a população com maior poder de compra é o combustível necessário para reaquecer a economia e colocar novamente o País nos trilhos do desenvolvimento. É imoral fazer isso, uma vez que apenas os banqueiros e o mercado especulativo lucram, em detrimento do setor produtivo”, disse a UGT em nota.

Fonte: Página 8