Em Porto Alegre, vinhos Salton, Aurora e Garibaldi recebem selo de trabalho escravo | Foto: Reprodução

As vinícolas do Rio Grande do Sul envolvidas em trabalho análogo à escravidão foram suspensas da ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), agência do governo que promove produtos brasileiros no exterior.

Conforme informou a agência, as empresas Aurora, Cooperativa Garibaldi e Salton, que utilizavam, na colheita da uva, mão de obra de uma terceirizada – Fênix Serviços Administrativos e Apoio à Gestão de Saúde LTDA – que explorava trabalho semelhante ao escravo, não participarão de feiras internacionais, ou eventos comerciais e promocionais “até que as investigações das autoridades competentes sejam concluídas”.

“No dia 25 pela manhã, a ApexBrasil cobrou esclarecimentos à Uvibra (União Brasileira de Vitivinicultura), com prazo de até 48 horas para a resposta, a respeito de medidas internas já adotadas pelas empresas, bem como ações que serão tomadas para mitigar os riscos de conformidade e integridade nas suas cadeias de fornecedores e prestadores de serviços”, destacou.

As vinícolas Aurora, Garibaldi e Salton são atendidas pelo projeto “Wines of Brazil” (Vinhos do Brasil), que a Apex desenvolve em parceria com a Uvibra. Como outras 20 empresas do setor participam do projeto, a ApexBrasil solicitou à Uvibra informações quanto as condições de trabalho na colheita e carregamento da uva nas demais empresas.

Em nota, a ApexBrasil disse que “repudia qualquer ato de violação aos direitos humanos e trabalhistas, conforme diretrizes e normas internas de integridade”.

Para a Uvibra, que também se pronunciou em nota, “embora não tenham sido os contratantes dos serviços que criaram o contexto degradante vivido por esses trabalhadores, mas sim a empregadora, existe amplo consentimento de que a cadeia vitivinícola deve ser mais vigilante e austera com relação à contratação de serviços terceirizados”.

“Não toleramos, sob qualquer circunstância, as condições de trabalho e de habitação oferecidas por esta empresa prestadora de serviço, e por isso reforçamos, assim como as diversas indústrias e produtores rurais já o fizeram, total apoio quanto ao andamento do processo junto ao Ministério do Trabalho e quanto às providências a serem implementadas, conforme preconizam as leis”, diz a nota.

O caso dos mais de 200 trabalhadores resgatados na última quarta-feira (22) em situação de trabalho semelhante a escravidão na colheita da uva, onde eram expostos a jornadas de 15 horas, alimentados com comida estragada, obrigados a comprar produtos alimentícios superfaturados e eram castigados com choques elétricos e espray de pimenta, chocou o país esta semana e foi alvo de inúmeros protestos, e as empresas evolvidas, agora, começam a pagar o preço.

Esta semana, a rede de supermercado Zona Sul, do Rio de Janeiro, suspendeu as vendas de suco da vinícola Aurora.

Logo após a divulgação do resgate dos trabalhadores, a rede varejista suspendeu as compras e retirou o produto das gôndolas das 47 lojas espalhadas pela zona sul carioca e uma em Angra dos Reis.

Conforme a direção da rede de supermercados, o Zona Sul não tinha contrato de fornecimento fixo com a Aurora, mas a compra sempre era feita para repor o estoque de suco de uva. A rede informa ainda que já não trabalhava com as empresas Garibaldi e Salton.

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