Credit Suisse apresenta perdas de 5,5 bilhões de euros e põe bancos europeus em alerta | Foto: Reprodução

As ações do Credit Suisse, o segundo maior banco suíço, despencaram mais de 20% nesta quarta-feira (15), após o principal acionista, o Saudi National Bank, da Arábia Saudita, anunciar que não vai apoiar a instituição com um aumento de sua participação no capital.

O presidente do Conselho de Administração do Saudi National Bank, Ammar Al Khudairy, cuja participação perdeu mais de um terço de seu valor em três meses, descartou peremptoriamente investir mais no problemático banco suíço.

“A resposta é absolutamente não, por muitas razões além da razão mais simples, que é regulatória e estatutária”, disse Al Khudairy em entrevista à Bloomberg TV na quarta-feira. A declaração foi em resposta a uma pergunta sobre se o banco estava aberto a novas injeções no Credit Suisse.

A derrubada arrastou os principais nomes do setor bancário europeu, como BNP Paribas e Deutsche Bank. Sob o fantasma de uma nova crise bancária internacional, as bolsas despencaram no mundo inteiro. O comentário saudita levou investidores e analistas a temerem a “insolvência do banco suíço”.

O derretimento do Credit Suisse ocorre menos de uma semana após a falência do 16º maior banco norte-americano, o Silicon Valley Bank, e mais dois bancos menores, gerando mais receios de que a crise cruze o oceano, com o Fed admitindo uma “exceção de risco sistêmico” para decretar a cobertura sem limites – e sem precedentes – dos depósitos do SVB e do Signature Bank.

No dia em que o SVB foi a pique, sexta-feira, grandes bancos da Europa, como HSBC, Deutsche Bank, Barclays, Unicredit e Commerzbank já haviam registrado perdas de 2,6% a 7,4%.

O fato não impediu, na segunda-feira, que a presidente do BCE, Christine Lagarde, comentando a quebra do SVB, enfatizasse a “robustez” dos bancos europeus.

ALAVANCADO

Em reestruturação desde outubro, o Credit Suisse voltou a ter resultados ruins no quarto trimestre do ano passado.

O banco afirmou ter identificado “fraquezas materiais” nos controles internos de divulgação de resultados financeiros e disse que ainda não conteve a saída de clientes de sua base.

Não são poucos os escândalos em que o Credit Suisse se envolveu. O colapso da empresa britânica de serviços financeiros Greensill em 2021 já havia levado US$ 10 bilhões em depósitos de clientes do Credit Suisse.

No mesmo ano, o Archegos Capital Management deu um prejuízo de mais de US$ 5 bilhões ao banco suíço, após investimentos na ViacomCBS com recursos tomados por meio de empréstimos bancários feitos também com o Credit.

Uma investigação independente concluiu que o banco teve falhas na gestão de riscos, que levaram a instabilidade e demissões.

Após terem adquirido 10% de participação no Credit no ano passado por meio de um aumento de capital, os sauditas haviam se comprometido a investir até 1,5 bilhão de francos suíços (US$ 1,5 bilhão) na instituição, o que estão agora pondo de lado.

De acordo com o Financial Times, o Credit apelou ao Banco Nacional Suíço para uma demonstração pública de apoio e, ainda, à agência reguladora suíça Finma.

Já em público o presidente do Credit Suisse, Axel Lehmann, asseverou que o banco não está considerando a ajuda do governo e que seria impreciso traçar paralelos entre suas dificuldades atuais e o colapso do SVB.

“Temos índices de capital fortes, um balanço forte”. “Já tomamos o remédio”, disse ele, referindo-se ao programa de reestruturação anunciado no final de 2022.

ONDAS DE CHOQUE

Segundo o Wall Street Journal, funcionários do BCE contataram os bancos que supervisiona na quarta-feira para perguntar sobre exposições financeiras ao Credit Suisse AG. “Se os reguladores não lidarem bem com a situação do Credit Suisse, isso enviará ondas de choque por todo o setor”, disse Joost Beaumont, chefe de pesquisa bancária do banco holandês ABN Amro. “Para piorar a situação, ambos os lados do Atlântico têm problemas bancários”.

Fonte: Papiro