Médicos em greve vão às ruas de Londres por salário e melhores condições de trabalho | Foto: AFP

Médicos ingleses classificados como juniors começaram, na segunda-feira (13), uma greve de 72h exigindo recomposição salarial por conta da falta de reajustes e da alta da inflação. A categoria, que parará em todo o país, perdeu um quarto de seu salário nos últimos 15 anos.

Na segunda-feira (13), primeiro dia de greve, os médicos em início de carreira (os chamados Junior Doctors, são assim denominados, pois de 8 até 20 primeiros anos de carreira podem ter de atuar sob supervisão de médicos com mais experiência, os senior), realizaram uma manifestação em Londres. Através de cartazes, os manifestantes denunciam que a falta de reajuste salarial para os médicos afeta o próprio Serviço Nacional de Saúde (NHS).

“Ruim para os médicos, terrível para os pacientes e um desastre para o NHS”, dizia um cartaz. “Cuidem da gente como cuidamos de vocês”, falou outro médico.

Segundo a Associação Médica Britânica (BMA) os médicos “sofreram um corte superior a 25% em seus salários desde 2008. A falta de investimento em salários por parte do governo tornou mais difícil recrutar e manter médicos iniciantes. Isso aumenta a pressão sobre o NHS [Serviço Nacional de Saúde] e dificulta a prestação de cuidados de acordo com os padrões esperados pelos profissionais”.

Além da recomposição salarial, os médicos exigem a criação de um mecanismo que garanta aumentos e reajustes acima da inflação.

A Associação denuncia que a carga de trabalho está “em níveis recordes”, mas os médicos vivem uma “crise de custo de vida e esgotamento”.

“Para proteger o NHS, o governo deve envolver e abordar as preocupações dos médicos. Mas até agora, eles se recusaram a se reunir conosco. Se forem forçados a deixar o NHS por causa de salários e condições ruins, os serviços dos quais todos dependemos para cuidar de nossos entes queridos sofrerão”, acrescentou.

A greve será encerrada na quarta-feira (15).

Rob Laurenson, membro do Comitê de Médicos Iniciantes, disse, em vídeo gravado pela BMA, que “estamos em greve porque o governo cortou 26,1% de nossos salários, mas os médicos iniciantes não valem menos do que em 2008”.

Uma manifestante, cujo nome não foi divulgado pela Associação, relatou que a “moral” entre os médicos do NHS está “realmente baixa, a retenção é péssima e as condições de trabalho e o salário são horríveis”. “Muitos médicos não sabem porque ficar [no NHS] se são tratados tão mal”.

Diversas categorias estão fazendo greve na Inglaterra por conta do avanço da inflação e da corrosão do poder de compra de seus salários. No ano de 2022, a inflação no país foi de 10,5%, segundo o Escritório de Estatísticas Nacionais (ONS).

Na quarta-feira (15), centenas de milhares de trabalhadores, de nove categorias profissionais, realizarão uma greve exigindo aumento salarial. Entre eles estão os professores, metroviários, médicos iniciantes e jornalistas.

No dia 1º de fevereiro, a maior greve geral dos últimos 12 anos foi realizada na Inglaterra. Foram contabilizados mais de 500 mil trabalhadores na paralisação, enquanto 75 manifestações foram organizadas.

Fonte: Papiro