Franceses ocupam as ruas contra o ataque de Macron à Previdência
Milhões de franceses tomaram as ruas nesta terça-feira (7) contra o projeto de Macron de aumentar em dois anos o acesso à idade mínima para a aposentadoria e, também, de ampliar os anos de contribuição para a aposentadoria integral. Foram centenas de manifestações e greves, algumas delas “reconduzíveis”, cujo prolongamento é definido no final de cada dia, a fim de que seja retirada a proposta que conta com a rejeição de mais de dois terços da população.
Como resumiram as centrais francesas, que levaram mais de 3,5 milhões às ruas do país – mais de 700 mil em Paris e 250 mil em Marsella – tratou-se de “tsunami social”, uma “mobilização histórica” contra o aumento de 62 anos para 64 anos, “maior e melhor do que a realizada em 31 de janeiro” contra este assalto do governo nos direitos e no acesso à Previdência pública.
Em tramitação no Senado, Macron quer tornar a punhalada palatável fazendo com que seja “gradual”, com um aumento de três meses por ano, começando no próximo mês de setembro e se tornando completa em 2030.
“Conseguimos o nosso objetivo de mostrar a determinação do mundo do trabalho” de dizer não à imposição de uma legislação que nos agride, declarou o secretário-geral da Confederação Francesa Democrática do Trabalho (CFDT), Laurent Berger.
“Espero que os senadores não façam vista grossa, vejam e ouçam a multidão que tomou as ruas”, afirmou o líder da CGT, Phillipe Martinez, comemorando o caloroso apoio conquistado junto aos trabalhadores dos transportes, servidores públicos, professores e estudantes, que têm somado um mar de juventude aos protestos.
Conforme os números do próprio Ministério da Educação, cerca de 300 escolas e universidades foram totalmente paralisadas pelos estudantes, que também denunciaram o abandono das instituições e a precariedade das políticas para a juventude.
A Federação Sindical Mundial (FSM) expressou sua solidariedade ao povo francês “contra o projeto de reforma que o presidente Macron quer impor”, demonstrando “no espírito militante e na capacidade de vencer”, o mesmo daquele expresso em 2019, quando “derrubou o plano de aposentadoria”.
“De fato, após cinco dias de greves e manifestações em todo o país desde 19 de janeiro, os sindicalistas da França decidiram realizar uma nova paralisação nos setores estratégicos para fazer o governo se curvar”, aponta o comunicado. “Convocatórias para uma greve renovável e bloqueio econômico foram lançados entre os trabalhadores ferroviários, na Empresa pública autônoma dos Transportes Parisienses (RATP), nas refinarias, na energia, nas fábricas de alimentos, no comércio, nos produtos químicos, nos portos e docas, entre os coletores de lixo e esgotos, setores altamente organizados onde a FSM tem muitos filiados na França”, acrescentou.
CENTRAL GREGA MANIFESTA APOIO
A Frente Militante de Todos os Trabalhadores (PAME) também decidiu cerrar fileiras contra a tentativa do governo Macron de aumentar a idade de aposentadoria. “Camaradas, nestes tempos difíceis na Grécia, queremos agradecer aos milhares de trabalhadores e sindicatos da França por sua solidariedade e expressões de apoio após a colisão mortal de trens próxima a cidade de Larissa. Em meio à tremenda dor e raiva por este crime, trabalhadores e jovens saíram em enormes manifestações com palavra de ordem da época da pandemia contra os donos de supermercados de Paris, “SEUS LUCROS, NOSSOS MORTOS!” Com este slogan, milhares de gregos estão se mobilizando para exigir que o crime não seja escondido e que as vidas das pessoas sejam protegidas”, aponta o manifesto.
“Governos e a União Europeia de mentalidade estritamente corporativo-empresarial nos sacrificam todos os dias para proteger o lucro de alguns”, denuncia a PAME, frisando que com a palavra de ordem “Nossa tristeza e nossa raiva podem tornar-se uma força de luta”, intensificam a capacidade de mobilização.
Por isso, sublinham os trabalhadores gregos, a paralisação francesa tem particular importância: “ela é uma grande luta pela vida, pelo presente e o futuro dos trabalhadores contra o sistema que nos explora e mata”.
Fonte: Papiro