Sinais da explosão do Nord Stream colhido por foto de militares da Dinamarca | Foto: Forsvaret Ritzau Scanpix/Comando de Defesa Dinamarquês

O general Dominique Trinquand, ex-chefe da Missão Militar francesa nas Nações Unidas (ONU), advertiu, em entrevista ao canal francês LCI TV, que o Ocidente pode estar propositadamente suprimindo as conclusões das investigações sobre as explosões dos gasodutos russos Nord Stream.

O simples fato de que ainda não foram apresentadas conclusões de três investigações ocidentais em relação às explosões nos gasodutos Nord Steam1 e 2 pode indicar que essas conclusões foram “varridas para debaixo do tapete”, disse o general.

“O que acho surpreendente é que as investigações alemãs, suecas e dinamarquesas já coletaram muitas informações, contudo ainda não houve conclusões. Por isso, pode-se supor que há conclusões que eles simplesmente não querem tornar públicas”, assinalou Trinquand.

O especialista militar em geoestratégia acredita que a principal questão a ser feita é: quem se beneficiou desse crime? “O fato de o gasoduto pertencer a uma empresa russa mostra a priori que a Rússia não se beneficiaria da explosão”.

Trinquand expressou confiança na investigação “detalhada e de alta qualidade” realizada pelo jornalista investigativo norte-americano Seymour Hersh. Para o militar francês, é crível a versão dos eventos apresentada por Hersh, cuja seriedade, aliás, está alicerçada nas denúncias que ao longo de décadas trouxe ao público.

Do massacre de Mi Lai no Vietnã ao escândalo da tortura na prisão de Abu Graib no Iraque, passando pela perseguição a ativistas nos EUA pelos direitos civis e pela paz, que resultou na Comissão Church, que provou as atividades ilegais da CIA dentro dos EUA nos anos 1970.

“DENÚNCIA CONFIÁVEL”

“Acredito que a versão apresentada é absolutamente confiável […] Isso não é apenas confiável, mas também verificado – todos atualmente podem fazer isso”, observou ele, apontando para as atuais possibilidades generalizadas de rastreamento de aeronaves e embarcações marítimas.

“Se a Rússia estivesse envolvida nas explosões, como alguns alegaram, então a Alemanha, Dinamarca e Suécia teriam definitivamente descoberto isso durante suas investigações”, explicou o especialista, acrescentando que, como isso não foi provado, “há uma necessidade de procurar em uma direção diferente”.

Os ataques ocorreram em 26 de setembro de 2022. De acordo com a investigação de Hersh, o plano de explodir os gasodutos começou a ser preparado meses antes do início da operação militar russa na Ucrânia, sob ordens do presidente Joe Biden e do conselheiro de Segurança Nacional Jake Sullivan.

Submarinistas norte-americanos plantaram as bombas em junho de 2022, usando como cobertura exercício naval anual da Otan no Mar Báltico, cabendo a cúmplices noruegueses em setembro lançarem uma boia especialmente instrumentalizada para emitir sinais para acionar as detonações.

Cinicamente, as ‘investigações’ da Alemanha, Dinamarca e Suécia “não descartaram sabotagem”. O presidente russo, Vladimir Putin, classificou a explosão dos gasodutos de óbvio “ato de terrorismo”.

Há ainda o agravante de o próprio Biden ter asseverado em uma entrevista na Casa Branca, ao lado do primeiro-ministro alemão, Olaf Scholz, que o Nord Stream seria destruído caso houvesse a invasão da Ucrânia, o que também foi aventado por Victoria Nuland, desde 2014 um dos artífices do golpe em Kiev.

A Rússia, com apoio da China e de outros países, tem exigido que a ONU investigue os atentados contra os gasodutos Nord Stream, apuração que EUA e governos avassalados buscam barrar de todo jeito.

Fonte: Papiro