Deputado federal Renildo Calheiros (PCdoB-PE), vice-líder do governo Lula na Câmara | Foto: Reprodução

O deputado federal Renildo Calheiros (PCdoB-PE), vice-líder de Lula na Câmara, denunciou que os juros extorsivos mantidos pelo Banco Central, hoje em 13,75% ao ano, atrapalham a produção e vão na contramão da tendência mundial.

“Se você trabalhar com juros de 13,75% ao ano, não tem atividade que aguente”, afirmou o deputado em entrevista à CBN Caruaru divulgada durante a semana.

O vice-líder contou que “é uma dificuldade danada” para as empresas se manterem com os juros altos, tornando “muito grande a quantidade de empresas que quebram”.

Os juros altos e acima da inflação esperada para o ano vai no caminho contrário do seguido por outros países, como os Estados Unidos e países europeus, que querem incentivar a produção através de juros baixos.

“Os Estados Unidos como estão? Juro negativo, hoje cobram -0,03%. A Austrália? -2,56%. Como está a Alemanha? -4,92%”, disse.

“A maioria dos países na Europa e os Estados Unidos estão trabalhando com juros negativo [quando descontada a inflação]. Para que? Para estimular a produção”, explicou.

“No Brasil, ao invés de ser negativo, o juros é de 13,75%, diferente do mundo inteiro. Isso compromete a economia do médio empresário, do pequeno empresário, do microempresário”, denunciou o parlamentar.

O Brasil tem a maior taxa de juros reais (descontada a inflação) do mundo, em mais de 8%, segundo o economista André Lara Resende.

A taxa de juros básica (Selic) é estabelecida pelo Banco Central, que foi tornado autônomo durante o governo Bolsonaro. O atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, foi indicado por Jair Bolsonaro e fazia parte do grupo no Whatsapp de ministros de governo, apesar de, teoricamente, seu cargo ser desvinculado do governo de plantão.

Economistas têm falado que os juros em 13,75% ao ano impedem o investimento público e estrangulam a economia. José Luis Oreiro, professor da UnB, aponta que “as elevadas taxas de juros podem estar levando o Brasil a uma crise financeira”.

Nelson Marconi, professor da FGV, explicou que “a manutenção dessas taxas de juros mais altas agrava a situação da população brasileira que já está endividada, das empresas brasileiras, que já estão muito endividadas e, quando o Banco Central pratica uma política como essa de juros elevados por muito tempo, isso pode logicamente provocar um prejuízo significativo para as empresas e para as próprias famílias”.